Em seus olhos.

Amarras.

Os dias seguiram como todos os outros, a não ser por Luiza estar um tanto estranha comigo, parece distante e pensativa, a notei dessa forma desde sábado após aquela conversa, eu entendo ser algo difícil de digerir, mas parece ser além disso.

- Luiza, me fala de uma vez. Não adianta mentir dizendo que está tudo bem, eu to afirmando que não tá. Eu fiz algo de errado, você quer terminar comigo?

- Quê? Lógico que não, eu nunca terminaria com você, nunca.

- Então me fala, eu te machuquei sábado não foi?

- Não é sobre isso.

Luiza parecia nervosa, percebi sua respiração acelerar e seus lábios tremerem.

- Então me diz, você tá estranha comigo, e isso me deixa confusa. Comunicação, lembra?

Tentei transparecer calma e afeto, eu sei que cabeça quente não resolve nada, e com a terapia estou tentando por isso em prática.

- Você vai brigar comigo e eu não quero isso..

- Eu não vou brigar com você.

- Mas você nem sabe o que é.

Luiza estava com os olhos brilhando, percebi que estava segurando o choro.

- Eu prometo.

Tirei meu cinto, me virei no banco do carro e segurei nas mãos da mesma.

- Você pode me contar qualquer coisa, me diz.

- Eu sinto muito Valen, eu não queria ter feito nada disso mas eu não sabia o que fazer, você fica tomada por raiva e não me escuta, eu tinha medo de você não acreditar em mim e nos meus sentimentos, ou enjoar e procurar outra pessoa, eu fui covarde, medrosa e uma imbecil, mas eu amo tanto você que pensar em ficar longe me falta ar.

Fiquei confusa, Luiza parecia desesperada e ter raiva de si mesma, e eu se quer associei o que ela quis dizer.

- O que você fez?

- Todas as vezes que você brigou comigo e acabávamos transando sem se quer nos resolver, eu-eu..

Luiza não conseguiu terminar a frase e começou a chorar.

Eu entendi, essa estranheza começou logo após o jantar e a conversa de sábado.

E eu também tinha notado sua quase insistência pra transar aquela noite, como se quisesse me prender ali de alguma forma.

- Quanto tempo?

-  Valen..

- Quanto tempo?

Falei com a voz firme.

- No dia que você discutiu comigo porque tinha me visto com a Isabela, no trabalho. Você passou o dia irritada, porque estávamos alguns dias sem transar e por ciúmes, aquela noite no carro, foi a primeira vez.

- Uau! Um bom tempo.

- Valen, eu não sabia o que fazer, você fica irredutível, e eu tenho medo de perder você,  de não ser suficiente comigo e você procurar outra pessoa.

- Eu sinto muito que minhas atitudes erradas logo no início tenha feito você se sentir insegura dessa forma. Eu já te disse várias vezes, e repito, não teve mais ninguém depois da nossa primeira noite juntas.

- Me desculpa, na hora não parecia errado, sexo com você é sempre perfeito, e funcionava, a gente se acertava, até ter outra discussão, e até

A interrompi e continuei.

- Até você se ver em uma situação em que a Fernanda já esteve, em uma situação onde você me manipulava e me prendia sexualmente pra ficar com você e controlar meu temperamento.