Surreal.

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Outro especial. Novamente, com uma música da Sonza dando o nome, literalmente.


⚠️
Esse também é um capítulo pesado e sensível que pode e trará gatilhos.



Hoje o Léo estava completando 3 anos e 6 meses. Eu e Luiza sempre preparávamos algo em cada mêsversario.

O Leonardo era a criança mais esperta e independente desse mundo todo. Lindo, sorridente, inteligente, engraçado, e as vezes um tanto emburradinho.

Eu amava observar o quanto ele e Luiza se completavam, se amavam e se viviam.

Me sentei no banco, e me encostei na ilha da cozinha, sorri travesso ao me lembrar do sexo bom que eu e Luiza tivemos aqui na madrugada passada.

Hoje somos verdadeiramente felizes, assim como quase sempre desde o dia que nos conhecemos.

Passamos por momentos mais que difíceis durante e pós a gravidez do Leonardo. Pra ser exata, hoje faz três anos em que renascemos como casal e como família.

Me sufocava o silêncio naquela casa, mas me sufocava também chegar e ser sempre recebida com palavras e olhares de desconfiança, de raiva e desamor.

Luiza estava sem seu brilho, brilho esse que sempre me fez brilhar também.

Eu a amava verdadeiramente.

Mas o gostar? Estava se perdendo..

A verdade é que entrei em desespero quando vi que o nascimento do Léo estava próximo. Me senti incapaz e insegura, todos os medos que o amor da Luiza tinha arrancado de mim, tinham voltado com tudo. Eu convivia bem com minha mãe, todo nosso passado tinha ficado no passado, e assim como todos, Catarina também estava genuinamente feliz, pela minha família.

Minha mãe sempre me dava dicas sobre os primeiros meses, segredos que só quem é mãe sabe pra acalmar, por pra dormir, saber quando é fome ou é troca de fraldas. Ela também me dizia sobre o quão importante era manter e principalmente elevar nosso padrão de vida agora que teríamos nosso primeiro filho.

Em uma de nossas conversas, eu tive uma crise de pânico.

Como alguém que nunca me amou da maneira certa, poderia me ensinar sobre como amar?

E se eu fosse como ela? Se eu amasse o Léo de maneira errada?

E a Luiza? Mesmo que eu me esforce, eu não consigo vê-la da mesma forma, eu não consigo toca-lá da mesma forma.

Ela é minha mulher, mãe do meu filho. Mas porque ela parece ser de vidro agora?

Todo o pânico e insegurança que eu estava sentindo, aumentava, dia a após dia. Muitas vezes eu fiquei fazendo mais que hora extra no trabalho, eu sabia que isso daria brigas assim que eu chegasse em casa. Mas um minutinho a mais de paz, já valia a pena.

Luiza estava estranha, ou eu estava estranha. Eu reconheço, eu me afastei, por conta da minha cabeça confusa e instável.

Eu sentia desejo por Luiza, sempre senti. Mas ultimamente, a minha insegurança se transformava em raiva, e eu não queria descontar nada disso nela, não mais, ainda mais com ela grávida.

Nossa vida sexual não estava ativa como de costume, eu não sentia repulsa pela minha mulher, nunca. Mas muitas vezes parecia ser errado, como se eu não merecesse.

Luiza estava fora da empresa há alguns meses, isso me deixou mais próxima da minha secretária, ela me ajudava muito até em questões que seria encargo da Luiza, conversávamos muito, e algumas vezes saímos pra beber.

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