O Estúdio

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Point of view Charlotte

Demorei para dormir na noite passada, então acordei um pouco cansada. Ainda bem que ontem eu adiantei grande parte do trabalho burocrático que precisava fazer, então não precisaria exigir muito da minha concentração.

Hoje nosso compromisso era com os produtores musicais da FM, a reunião envolveria muito mais Engfa do que eu, estava ali apenas para acompanha-la e cuidar do que ela precisasse, além de observar e tomar nota de algumas coisas, conforme o John me instruiu antes. Cheguei na sua casa um pouco mais tarde que os outros dias já que nosso compromisso não era muito cedo, não demorou para que ela viesse em direção ao carro, entrando no veículo.

- Bom dia! Fui a primeira a falar.

- Bom dia, Char! Respondeu com animação.

- Ansiosa para hoje?

- Sim, muito! Engfa exclamou empolgada. 

- Excelente! Sorri e ela retribuiu meu gesto

(passagem de tempo)

Chegamos no estúdio, era uma sala pequena com isolamento acústico e luzes baixas, que deixava o ambiente aconchegante. Em um canto da sala haviam dois sofás confortáveis e algumas poltronas em volta de uma mesinha de centro. Do outro lado da sala havia uma mesa grande repleta de monitores e equipamentos com dezenas de botões e luzinhas. A mesa ficava de frente para um enorme vidro que dava acesso à um outra sala, não conseguia ver muito bem como era lá dentro pois as luzes estavam apagadas.

Logo um homem veio nos cumprimentar, ele era jovem mas se vestia de forma engraçada, parece que pegou algumas peças no guarda roupas de um adolescente, seu cabelo estava bagunçado, como se tivesse acordado e saído de casa sem pentear. Se apresentou como Charlie, outros dois homens mais ou menos da mesma idade também vieram nos cumprimentar.

Sentei em um canto do sofá e Engfa ao meu lado, eles falavam um pouco sobre o trabalho deles ali, sobre músicas que eles já haviam produzidos, artistas com quem já haviam trabalhado e faziam uma série de perguntas a Engfa, como o tipo de musica que ela gostava, composições dela e ouviam atentamente cada resposta. As vezes assentindo com a cabeça, outras vezes interagindo com mais perguntas.

A conversa fluía de forma muito natural, percebi que Engfa estava bem confortável para falar e os homens também. Após alguns minutos de conversa, alguém sugeriu que P'Fa entrasse na pequena salinha de gravação e cantasse alguma música. De imediato ela assentiu concordando. 

Charlie acompanhou Engfa dentro da salinha de vidro, acendendo as luzes e revelando os microfones lá dentro, os outros se sentaram em frente a bancada com os equipamentos e monitores. Me sentei em um banco alto que estava ali próximo da mesa de som, observando Engfa ajeitar o enorme fone de ouvido e se posicionar em frente à um dos microfones. Charlie dava algumas instruções para ela, mas não conseguia ouvir devido ao vidro espesso que separavam os dois ambientes.

Charlie saiu da sala, se sentou em uma das cadeiras me frente ao vidro. Apertou um botão e falou com Engfa:

- Engfa, consegue me ouvir bem? 

- Sim, falou fazendo sinal de joinha.

- Ok, está pronta? Posso tocar a base?

- Pode sim. Concordou.

Charlie deu sinal para um dos homens sentado ao seu lado, que tratou de apertar uma sequencia do botões e uma música começou a tocar. Engfa do outro lado do vidro respirou fundo, se concentrando na melodia que tocava e logo começou a cantar, acompanhando a música. Não sei que música era aquela, era tailandesa, mas era uma música calma. Engfa estava concentrada, seus olhos fechados e a expressão em seu rosto demonstrava que ela conhecia bem aquela canção. A voz que preenchia todo aquele ambienta era doce, suave, reconfortante. Eu a observava completamente encantada. Em algum momento ela abriu os olhos e seu olhar encontrou com o meu, era intenso, inebriante. A música foi se dissipando aos poucos até o silêncio total.

Englot: Doce MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora