III. Nietzsche e a Verdade Absoluta: a Verdade não existe?

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Nietzsche não negava a possibilidade de fazer afirmações verdadeiras sobre o mundo objetivo e, portanto, não negava a possibilidade de adquirir conhecimento objetivo do mundo. Ele certamente acreditava na verdade de suas próprias afirmações sobre a origem e a psicologia da moralidade, por exemplo. O que Nietzsche questionou foi o valor da verdade e, mais especificamente, a tradição filosófica platônica ocidental, para a qual a busca da verdade é o valor mais alto. Nietzsche afirma que os seres humanos estão em seu melhor momento não quando estão contemplando verdades atemporais, mas sim quando estão envolvidos em atividades criativas espontâneas que aumentam seus poderes e habilidades e intensificam sua experiência e desejo pela vida.

Nietzsche também enfatizou que quaisquer verdades objetivas que encontrarmos terão de ser representadas para nós de uma forma ou de outra, e que as maneiras pelas quais a verdade é representada dependerão de nossa "perspectiva" que, por sua vez, depende de nossos valores e desejos. A questão de por que um indivíduo ou uma cultura está interessado em descobrir determinados tipos de verdades sobre determinados tipos de coisas é mais importante para Nietzsche do que as verdades em si.

Apesar de seu antiplatonismo, Nietzsche parece ter assumido a definição platônica tradicional de conhecimento como crença verdadeira justificada. De acordo com essa definição, alguém tem conhecimento quando (a) tem uma crença (ou seja, uma proposição sobre o modo como as coisas são), (b) está justificado em manter a crença (ou seja, pode declarar as razões para manter a crença como verdadeira) e quando (c) a crença é verdadeira (ou seja, as condições de verdade especificadas na proposição de fato ocorrem no mundo). É claro que esse tipo de conhecimento não é realmente "absoluto", porque as crenças são derrotáveis: é sempre possível que o que é justificado acreditar agora não seja justificado no futuro, porque novas evidências terão surgido nesse meio tempo.

Mas definir a verdade não era a principal preocupação de Nietzsche. Sua principal preocupação era determinar o valor da verdade e o significado do que ele chamou de "vontade de verdade", ou seja, o desejo pela verdade como um desejo que supera todos os outros desejos.

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