XII. Sensibilidade

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Sensibilidade cristola atrapalha demais, Nietzsche estava coberto de razão nesse sentido. Esse fenômeno de "emocristianismo" teria impedido São Paulo de parafrasear autores pagãos nas Sagradas Escrituras e ele continua deixando leigo ocidental com Cara-de-Pikachu ao descobrir o básico sobre henoteísmo e Concílio Divino (assuntos teológicos que nunca tiveram muita popularidade na teolândia brasilis) --- bem como ao lerem artigos de ortodoxos chineses defendendo a importância de Confúcio e Lao Tzu na assimilação sino-asiática à Ortodoxia, ou aquele livro do Hieromonge Damasceno Christensen ("Cristo, o Tao Eterno").

Vejo constantemente os "emocristãos" dizendo que não é possível tirar proveito da obra evoliana pelo fato de o barão ter se envolvido em projetos de reconstrucionismo do Politeísmo Clássico da Roma Antiga. Outros, não necessariamente emocristãos, mas embusteiros que trocam mais de ideologia do que de roupa, ridicularizam cristãos que apreciam a obra evoliana por supostas incompatibilidades.

Fico pensando: acaso Homero era rad-trad do rito tridentino? Platão e Aristóteles eram acólitos? Heródoto era padre? Virgílio era pastor? Confúcio era penteca do manto? Sócrates era calvinista iconoclasta? Plotino era neo-ateu toddynho? Santo Agostinho era agnóstico? São Dionísio Areopagita era batista? Dante Alighieri era mórmon? Goethe era salafista?

E se tirarmos essa galera toda e outros de mesma envergadura de nossa vida literária por choque confessional, o que sobra? Felipe Neto, Olavo de Carvalho, Leandro Karnal, Bernardo Küster, Ítalo Marsili e Yago Martins? Que tal?

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