s a b r i n a
Uma voz chatinha na minha cabeça me dizia para ser otimista. Essa mesma vozinha tinha me convencido a assinar os estúpidos papéis que me colocariam numa situação constrangedora por meses. Não porque terei que fingir estar com alguém pela metade do ano, afinal de contas eu sou uma atriz, fingir é meu trabalho, mas pelo fato de que agora sabia que aquelas pessoas que me disseram belas palavras quando me contrataram, talvez não me vissem como autossuficiente para fazer o nome Sabrina Carpenter crescer por si mesma.
Além da voz irritante na minha cabeça, ainda havia outra levemente mais irritante me acompanhando no caminho de volta para o hotel com suas frases de motivação. Não me leve a mal, eu amo Janelle, mas tudo que eu queria agora era um pouco de silêncio.
— Vamos lá, Brina... — minha agente disse segurando uma de minhas mãos — Não vai ser tão ruim. Shawn é um rapaz divertido.
Soltei uma leve risada devido a sua última frase e esfreguei os olhos antes de encará-la.
— Tenho certeza que ele é. Mas não tem nada a ver com isso.
— Então é sobre o que?
— É só que... Eu... Eles... — respiro fundo — Eu só queria que acreditassem que eu posso fazer isso sem me escorar em algum PR.
— Não fique assim, garota - ela me abraçou de lado mas eu não estava tão interessada naquele carinho no momento — Não é pessoal e você sabe disso. Bom... Talvez não seja pessoal com você, mas esse não é o ponto. Apenas te viram como uma ótima opção pra aliviar as complicações com o Mendes.
— Ah que atencioso! — coloquei minhas mãos no peito usando um tom de voz falsamente emocionado — Eu sou só um objetinho pra aliviar a barra do principezinho da Island. Muito legal, Jane!
— Não foi isso que... — ela respirou fundo — Ah... Olha só, serão só por seis meses okay? Pela sua reação não vão te selecionar para algo parecido de novo, então só precisa fazer por esse tempo. Fechado?
Concordei com a cabeça e continuamos o resto do caminho em silêncio. Senti várias vezes que minha agente queria intervir e dizer algo, mas era evidente que com o meu péssimo humor nenhuma conversa seria produtiva.
[...]
Com o passar da semana, aprendi a amenizar minhas emoções tratando-se de toda essa loucura de contrato, o que não significava que eu estava feliz com isso, mas haviam tantas outras coisas boas acontecendo comigo que ficava difícil manter uma chateação constante.
Tudo indicava que ninguém além dos que estavam na sala de reunião aquele dia sabiam sobre o acordo da gravadora entre eu e Shawn Mendes... O que me deixava ansiosa. Quando tudo começar vou ter que fingir toda essa palhaçada até mesmo para os meus colegas de palco, que eram basicamente meus melhores amigos, já que com toda essa rotina de ensaios, testes de figurino e aprovar cenários, não era fácil me encontrar com pessoas fora do meio profissional.
A parte positiva é que dias depois do atentado contra a minha sanidade, os executivos da Island me abriram a possibilidade de uma versão deluxe do emails I can't send, mas é claro com algumas condições e uma delas era que deveria ser lançado depois que meu suposto "relacionamento" com Shawn, fosse anunciado como encerrado. Patético. Mas toda oportunidade de divulgar meu trabalho é incrivelmente bem vinda.
Quanto à tour, os outros dois shows do fim de semana passado foram tão bem sucedidos e divertidos quanto o primeiro. Nas redes sociais minha brincadeira espontânea com a outro de Nonsense está tirando risadas até mesmo de um público que nunca tive. Às vezes penso que eu queria arrombar aquela sala de reunião e usar disso tudo como prova de que eu posso não só me manter em uma tour como crescer mais ainda durante ela também, e então, cancelar aquele contrato. Mas tentava repetir a mim mesma que eu não era o real problema, mas sim uma solução pra crise de fama do playboyzinho.
Faltando vinte minutos para subir no palco, ando do camarim aos bastidores encontrando algumas pessoas da equipe e tento manter conversas curtas com aqueles que se aproximam, até que Janelle chega ao meu lado e segura minhas mãos com delicadeza.
— E então, Sabrina... — ela começa olhando para os lados — Como vai ser a outro de Nonsense hoje?
— Honestamente, ainda não sei — dei uma leve risada — Eu não planejo muito isso não, só alguma hora no show vem alguma ideia se não eu improviso e espero que dê certo.
— Ah sim...
Andávamos tentando desviar de todo aquele fluxo maluco de organização pré show para não atrapalhar ninguém e percebi que ela estava um pouco inquieta e tentou iniciar uma frase três vezes, mas não parecia saber como dizer o que queria.
— Por que a pergunta, hein? — perguntei já impaciente.
Ela riu meio desconfortável.
— Então... É que... Hm... Bem... Não sei como dizer isso — mais uma risada.
— Diz de qualquer jeito, eu já vou subir no palco.
— Tudo bem... É que seria legal você dissesse algo que mexesse um pouco com o público, para que pensem que a música é sobre Shawn.
Meu cérebro paralisou por um milésimo de segundo. Ela estava mesmo sugerindo aquilo?
— E como caralhos eu vou fazer isso? — perguntei rindo um pouco — A música não é sobre ele. Não faz sentido. Não conheço ele direito.
— Mas as pessoas não sabem disso, Brina. O público sabe que eles não sabem tudo que a gente sabe. Não é?
— O que?
— A questão é... — ela fechou os olhos e respirou fundo — Faça-os acreditar que é sobre o Shawn, não precisa ser nada muito na cara, não precisa mentir... Apenas coloque eles pra pensar. Combinado?
— Acho que tudo bem então — revirei os olhos — Mas porque hoje?
— Porque, minha querida... — sorriu — Ele está na área VIP, e vai acompanhar o show todo. No final da noite, depois de você fazer uma outro inusitada, ele virá aos bastidores e vocês dois vão tirar uma selfie bem fofa, mostrando que se conhecem a bastante tempo. Fechado?
— Bom... Eu tenho escolha? — ela negou com a cabeça — Então fechado.
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i can see you ⊹ shawbrina
Hayran Kurgu"I can see you being my addiction, you can see me as a secret mission" Quando uma gravadora musical decide dar um empurrãozinho no marketing de duas de suas estrelas do pop, algumas aparições em eventos, fotos bonitas e um contrato curto, mas eficie...