10 - Uma fuga falha

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Disparos e mais disparos, nunca tinha ouvido tanto barulho de tiro como hoje, a todo custo tentava se acalmar, mas era impossível com um homem louco ao seu lado atirando em milhares de pessoas e as matando como se fosse a coisa mais normal do mundo, e te assustou mais ainda quando alguns homens apareceram mais próximo e você viu com seus próprios olhos Kazutora atirando em todos eles sem desperdiçar uma única bala, e nesse curto período de silêncio, onde ele havia se aproximado mais de você, suas mãos foram de encontro a dele que segurava uma AK, cravou seus olhos no dele e mesmo com a respiração ofegante, e o medo absurdo, ousou falar com ele.

— Para de atirar nas pessoas, por favor.

Ele se afastou um pouco e sorriu.

— Eu entendo que está em choque, que tal ficar aqui enquanto eu vou conversar com eles? - ele carregou mais um arma enquanto se levantava.

— S-Sim.

— Na verdade eu vou atirar neles.

Ele se afastou bem mais, te deixando atordoada, se encolhia cada vez mais e tentava não prestar atenção nos barulhos de tiros que ficavam mais frequentes junto aos gritos.

Kazutora segurava uma AK-47 e atirava nos homens do outro lado sem medo e com uma auto confiança absurda, ele não errava uma bala e todas eram bem certeiras, não foi atoa que em alguns minutos os homens ali presentes estavam todos no chão, sangrando, ele nunca teve receio ou medo de matar alguém, pelo menos não mais, mas ele sentia uma pontada no peito só de lembrar que você estava vendo a cena toda, mas mesmo assim não pensou duas vezes antes de apertar o gatilho. Por outro lado, você se sentia péssima, trabalhava cuidando de pessoas e salvando vidas, e agora se encontrava ao lado de alguém que tirava vidas humanas sem medo ou piedade.

Em um ato impulsivo, notou que ele estava afastado o bastante, e correu, ainda com uma pistola em mãos, correu para de baixo do viaduto atravessando os trilhos do trem rumo ao centro da cidade, sua bolsa continuava na lateral de seu corpo, e mesmo sendo noite sabia que podia encontrar alguém ali naquele centro, e correu sem medo, ouvindo os sons de tiros e sirenes. Jogou a pistola no primeiro lixo que encontrou, e continuou correndo até avistar um ônibus ali passando, se sentando no banco e finalmente se permitindo chorar, tentava controlar sua respiração, e estava funcionando, até você ouvir passos no topo do ônibus, e um corpo caindo contra o chão, não ficou tão surpresa ao ver Kazutora adentrando no automóvel, com as mesmas roupas de antes e acenando para você sorridente.

Por sorte o ônibus havia parado em um sinal e você pulou para fora dele no mesmo instante, correndo o máximo que conseguia, e como uma luz no fim do túnel avistou um apartamento familiar, e realmente era familiar, a visão de um homem com vestes formais saindo do mesmo e adentrando na cafeteria ao lado foi mais aliviador ainda.

Correu e chegou no lugar, abrindo a porta com tudo atraindo alguns olhares, inclusive o do homem o qual você seguiu, era Naoto seu amigo, ele estava sentado no final da cafeteria que surpreendentemente estava cheia.

Caminhou apressada até ele enquanto passava as mãos nos cabelos, se sentou de frente para o mesmo e finalmente controlou sua respiração.

— Que merda foi essa? - ele falou após um tempo te encarando assustado.

— Eu preciso da sua ajuda.

Os minutos se passavam, e você sempre atenta na janela enquanto explicava toda a situação para ele, que se manteve em silêncio enquanto ouvia cada palavra. Assim que terminou de contar tudo, suspirou aliviada, o homem em sua frente passou as mãos no rosto respirando fundo e soltando um riso fraco, esperava de modo agonizante ele falar algo que te ajudasse, o que não aconteceu.

— [Nome], eu entendo seu medo, mas...

— Como assim mas? Você não é um policial?!

— Não! - ele respondeu. — Sou um detetive, e mesmo se eu fosse, não posso te ajudar.

— Como não?! Naoto, minha avó deve estar em perigo agora.

— Você acabou de me dizer que, Kazutora Hanemiya está literalmente atrás de você, e tentando te proteger, fora ele existem outros mil delinquentes que querem matar você.

Novamente ele respirou fundo e pareceu pensar com cuidado nas palavras.

— Eu não posso te ajudar a fugir dele, até porque eu sou aliado da Toman. - ele murmurou, no mesmo instante fazendo você soltar um "o que?" em um volume bem alto, atraindo a atenção de todos.

— Naoto? Como assim? - sussurrou.

— Como assim você nunca suspeitou? Eu sou irmão da Hinata que namora literalmente um gângster, e sempre frequentei as festas deles.

— Eu não estou acreditando nisso.

Seu coração se encontrava disparado, e o nervosismo tomava conta de seu corpo, e mente, jamais pensou se encontrar em uma situação como essa, e para seu azar estava. E como o destino te odiava, no mesmo instante que ia se aprontar para ir embora, a porta do local foi aberta revelando o homem que te colocou em tal situação, com as roupas surradas e uma mão tocando na costela, ele varreu os olhos pelo lugar e quando encontrou você, o semblante pareceu mais irritado, no entanto ele manteve um sorriso forçado nos lábios enquanto andava até você.

— Licença. - ele murmurou se sentando na cadeira ao seu lado e de frente para Naoto, que agora aparentava estar em pânico. — Você é o cunhado do Takemichi, né?

— S-Sim, sou o Naoto. - ele se levantou. — Me de licença, acho que vocês querem ficar sozi-

— Senta aí. - em um tom autoritário Kazutora falou e no mesmo instante Naoto se sentou novamente. — Avisa pro seu departamento ou sei lá que merda vocês fazem, que essa moça bonita tá em perigo e vai ser protegida pela Toman.

— Que?! - se virou irritada encarando as orbes claras do mesmo.

— E que a Vahalha tem um bar onde fazem lavagem de dinheiro aqui no centro, em frente a farmácia, no porão deles vocês vão encontrar armas, drogas e muito dinheiro, e em troca eu quero que garantam que não vão relacionar a Toman ao tiroteio que teve na avenida, e vão esquecer totalmente dela.

Naquele momento teve mais certeza de que jamais deveria tentar enfrentar Kazutora, e olha que nunca foi de abaixar a cabeça em situações de injustiça, muito pelo contrário, desde de que você tem seus seis anos cresceu com sua a avó e seu avô, ambos te educaram assim, e era até triste saber que você não tinha nenhum um pouco da coragem que eles tinham e tentaram te fazer ter. Esse seu medo e receio, aumentaram bastante quando seu avô faleceu, deixando um grande vazio em ambos corações, principalmente por ter sido totalmente injusto, sendo vítima de uma bala perdida a dez anos atrás; mesmo após isso, sua vó permaneceu muito forte e com mais coragem que antes, ela sempre teve um coração bem aberto e totalmente compreensiva na maioria das vezes, ela desejava te ver seguindo a religião dela por exemplo, que você se formasse em uma boa faculdade, mas nunca te obrigou.

E mesmo assim você havia feito, não era de extrema e super religiosa, mas frequentava com a mais velha as vezes. E passou em uma faculdade de prestígio, e agora tinha a profissão que sempre sonhou, e seguia o que acreditava, embora esse medo sempre esteve te perturbando a todo tempo.

— Entendeu?

A voz grave do homem ao seu lado te fez voltar a realidade, prestou atenção, ou melhor, tentou prestar atenção na conversa que ambos tinham, mas seu coração estava receoso demais assim como sua mente, se perguntando sobre sua avó e se ela estava segura. Naoto se retirou e Kazutora fez o mesmo, te levando com ele, o mesmo segurava em seu pulso com cuidado te guiando para os subúrbios da cidade, era noite, o que já era dez vezes mais perigoso, mas não sentia medo desta vez como sempre sentiu.

Talvez por ter alguém mais assustador segurando sua mão, isso de algum modo te passava conforto.

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