12 - Conversas na beira da piscina

91 14 0
                                    

Mesmo recebendo conforto e segurança, aquelas palavras não valiam de nada quando ainda se mordia de medo, e assim que se deitou na cama, super confortável em um quarto bem grande e uma suíte, mesmo com aquele luxo, sabia que não iria conseguir dormir. Descansou por no máximo duas horas, já que quando abriu os olhos ainda era madrugada, seu celular estava descarregado e não tinha como se comunicar com ninguém.

Como não escutou nenhum barulho, pensou que todos deveriam estar dormindo, e decidiu se banhar, nos armários haviam roupas casuais e simples, como uma camisa branca e shorts preto de malha.

Ligou o chuveiro da suíte deixando a água morna percorrer pelo seu corpo, enquanto tentava a todo custo apagar as memórias traumáticas das últimas horas, o que era difícil e doloroso. Não havia percebido, mas ficou bons minutos em baixo do chuveiro, quando saiu se secou e deixou os fios molhados mesmo, vestindo as peças de roupas confortáveis, o problema era que você não usava peças íntimas, e até então não viu problema nisso, pretendia deitar e se esforçar para dormir até de manhã.

Mas sentiu sede, e fome.

Havia um frigobar, totalmente vazio.

Teria que descer as escadas e procurar algo que matasse sua fome naquela imensa mansão. Caminhou até a cozinha completamente vazia, não acendeu nenhuma luz, já que a preocupação de acordar alguém te consumia tendo em vista que todos poderiam ter armas naquela casa.

Abriu os armários de cima ficando nas pontas dos pés, e encontrando apenas pratos e copos, pegou ambos e colocou em cima da mesa. Os de baixo tinham salgadinhos, pães de forma, e bolacha, e sendo uma pessoa que presa a saúde, pegou dois pães, deixando em cima do prato, mas assim que abriu a geladeira e viu a garrafa de Whisky, a vontade de afogar suas mágoas foi maior, e desistiu da alimentação saudável no mesmo instante, guardando os pães, o copo e o prato, ficando com a garrafa em mãos.

Quando se virou pronta para subir até o quarto novamente, deu de cara com o homem que a todo momento aparecia de surpresa em momentos inusitados.

— Você vai sempre aparecer do nada?!

Bradou assustada pisando pra trás se recuperando do susto, ele continuava com a mesma calça de antes e sem camisa, com os pés descalços no chão assim como você.

— É uma bebida forte pra cacete, vai aguentar? - ele perguntou com a voz serena enquanto piscava lentamente.

— Eu já fui uma universitária. - falou confiante, o mesmo riu e passou por você ainda de olhos fechados, se virou o vendo mexer nos armários com uma facilidade maior que a sua, logo ele tirou um remédio de um dos armários, um o qual você se lembrava de ter indicado para dores musculares. — Me surpreende você cuidar da sua saúde.

— Me deixa surpreso você não cuidar da sua. - ele rebateu enchendo um copo d'água, colocando o comprido na boca e bebendo junto com a água, deixando o copo na pia. — Você não tem costume de beber, porque isso então?

Ele se escorou no balcão te encarando de cima baixo, sem vergonha nenhuma em passar os olhos pelo seu corpo.

— Acho que estou um pouco triste, não consigo dormir também. - se encostou do outro lado de frente para ele enquanto abria a tampa da garrafa, dando um gole leve na bebida, fazendo careta o que tirou uma risada sincera de Kazutora.

— Não tem que se livrar da tristeza assim. - ele pontuou ainda te encarando fixamente.— É bem merda.

— Eu sei.

Ele caminhou até você retirando a garrafa de sua mão e virando um gole.

Essa aproximação repentina foi o bastante para te deixar com as bochechas vermelhas e borboletas na barriga, o mesmo encostava os lábios no mesmo lugar o qual você havia encostado antes, e te encarava conforme dava os goles, com os olhos tão infinitos que diziam várias coisas, as quais você se esforçava para não pensar. Ele se afastou guardando a garrafa de volta na geladeira e saindo da cozinha, caminhando para a porta que levava até a área de fora, e você o seguiu, desta vez sem medo.

Ele caminhou pelo gramado se aproximando da piscina e cruzando as pernas em forma de índio, fez o mesmo se colocando ao lado dele, só que com os pés brincando na água gelada.

A frente de vocês, uma paisagem comum mas ainda bonita, havia a árvore a qual você havia gostado desde da vez que viu na festa, com algumas pétalas vermelhas, e com o vento da madrugada tranquilo, e a luz da lua, a vista era mais bonita ainda.

— Kazutora, posso te perguntar algo?

— Pode.

— O que estava fazendo quando minha vó te encontrou com aquele buraco na costela? - riu ao lembrar da cena.

— O de sempre.

— Mas você disse a Mikey que estava resolvendo algo que não era seu trabalho.

— Não era nada demais, estava resolvendo um b.o dos outros, como sempre. - ele bocejou. — Não posso ser muito detalhista também.

—E na segunda vez? Quando eu te encontrei naquele beco?

— Tava resolvendo meus problemas mesmo.

— Não pode falar mais? - se virou revirando os olhos enquanto ria, atraindo a atenção do mesmo a você, que te olhava bem sereno. — Eu já estou aqui mesmo, não vou te apunhalar pelas costas. - ele desviou o olhar de novo.

— Antes da sua avó me encontrar, eu tava cobrando uns caras que deviam um dinheiro pro Takemichi, só que aquele palerma tomou uma surra e me mandaram resolver. - ele riu fraco encarando o céu. — Mas mentiram pra mim, tinha mais de um cara naquele lugar, matei um deles e deixei os outros dois machucados, só que me acertaram também antes de saírem correndo.

— E imagino que minha avó apareceu depois...

— É. - ele se virou te encarando novamente. — E ainda um deles voltou e ia matar ela, mas eu atirei primeiro, Dona Mikoto realmente não tinha medo, e eu tava morrendo, era minha única opção.

— Ela é corajosa mesmo, diferente de mim né? - gargalhou.

— Você não é tão medrosa quanto pensa, sabia? Só é mais cuidadosa.

— Acho que só você pensa isso de mim.

— Você pode até ser medrosa, mas tá aqui não tá? Tá fazendo isso pela sua avó, e claro, por si mesma.

— Tem razão...

O silêncio e o ambiente pacífico, foi quebrado totalmente com o barulho da porta batendo forte, se viraram no mesmo instante vendo algumas blusas serem jogadas no chão da sala, e as duas pessoas logo foram reconhecidas, como Chifuyu e Baji, que se beijavam conforme subiam as escadas, e um tempo depois escutaram o barulho da porta batendo.

Se virou com as mãos na boca segurando a risada enquanto encarava Kazutora, que parecia bem tranquilo, a cena deveria ser comum para ele.

Ficaram mais uns minutos conversando, até decidirem subir, e bastou você chegar no corredor e ver que os sons suspeitos, vinham do quarto o qual você estava planejando dormir.

— Que merda! - resmungou. — Vou matar eles amanhã!

Se virou vendo Kazutora rir, o mesmo entrou no próprio quarto voltando com um travesseiro e lençol, e sorriu minimamente abrindo a passagem enquanto descia as escadas, sem tempo de te deixar retrucar.

Apenas ouviu a risada baixa do mesmo e se permitiu sorrir também com o gesto de cavalheiro do rapaz.

Ele não era tão sociável assim, falava muito pouco e era sério, mas havia sido um cavalheiro agora.

Adentrou no quarto e se aconchegou no colchão do mesmo, com o edredom que havia ali, diferente de antes, o sono veio fácil, e em segundos você dormia sorrindo com as memórias felizes dos últimos minutos, e novamente aquela sensação de segurança preenchia seu peito, não se sentia mais como uma garotinha medrosa.

Tudo isso graças a ele, Kazutora Hanemiya.

EXPLOSIVE ENCOUNTEROnde histórias criam vida. Descubra agora