Assim como todas as coisas de sua avó estavam naquele apartamento, as suas também estavam. O andar em específico era basicamente a onde Kazutora morava, na residência existia dois quartos comuns e o de hóspede, o qual você estava dormindo nesses últimos dias que passaram desde de todo o ocorrido, a princípio a ideia de morar com um criminoso era terrível, ainda mais agindo como uma criminosa, porém estava aceitando melhor essa ideia.
Passava boa parte do tempo apenas atenta aos telefones de todo o prédio, e conversando com sua avó, e com os seguranças que estavam por perto vez ou outra, principalmente os que vinham te passar alguma informação, estava amigando com eles aos poucos.
Viu o Hanemiya poucas vezes, ele raramente estava em casa, e quando estava era apenas para dormir, chegando ainda de madrugada e saindo pela manhã, então seus diálogos eram com a sua vó e você pesquisando mais sobre esse novo mundo o qual estava se metendo. Também conversava com Naoto pelo novo aparelho de celular que havia ganho, Emma tinha conseguido seu número e vocês duas trocavam bastante mensagens, planejando até mesmo sair qualquer dia, a ideia veio quando você comentou sobre querer frequentar uma corrida clandestina, e a mesma disse que iria conseguir passes para vocês duas.
O medo que sentia no início, quase não existia, muito pelo contrário, se sentia mais segura naquele novo ambiente, é claro que por ser uma medrosa, ficava aflita com algumas coisas, por não concordar com a maioria, mas tinha em mente que tudo iria passar e você poderia voltar a ter sua vida de volta, mas ainda no meio da violência, se sentia segura.
Principalmente quando se lembrava que estava na casa de Kazutora.
Ainda estava trabalhando nessas emoções, e em como esse sentimento surgiu em seu peito de modo repentino, já que com tudo que aconteceu o certo seria você ter medo dele, e no começo de fato você tinha um pouco, mas também se lembrou que desde da primeira vez que o viu, o frio na barriga poderia ser muito mais sobre o fato de ter o achado extremamente atraente, do que com medo, mas o achou atraente desde do início, sendo que esse encontro explosivo poderia soar de modo bem traumatizante.
Mesmo assim você se sentia atraída por ele, e isso ficava difícil de controlar, pois nos últimos meses se encontrou inesperadamente várias vezes com o homem, e lá no fundo gostou disso.
E agora moravam juntos, e não se encontravam.
Era louco.
A todo momento tentava se esforçar e ignorar tudo que sentia, a saudade e necessidade de o ver mais uma vez, de o conhecer mais, e finalmente saber quem ele é. Pois era isso que você tanto queria, saber quem era ele, não era apenas um delinquente, esse não era Kazutora Hanemiya, e você por algum motivo precisava saber quem ele de fato era.
E saber disso era difícil quando nem ficavam no mesmo cômodo, e como isso te deixava nervosa, não conseguia nem se concentrar durante o dia, sempre colocando seus pensamentos nele e em como iria saber de tal coisa.
— [Nome], você precisa atender uma ligação no telefone da sala. - um dos guardas ali presente falou, te fazendo sair do próprio quarto e correr até a sala, pegando o telefone sem fio e se sentando no sofá.
— Alô, com quem falo? - perguntou em um tom simpático esperando uma resposta do outro lado da linha.
— Alô, boa tarde. - a voz era familiar, porém séria. — É o Mitsuya.
— Ah, Mitsuya Takashi? Sou a [Nome].
— Bom saber que você continua viva, Doutora. - ele riu. — Kazu não tá em casa né? - respondeu dizendo que ele estava fora de casa a quase uma semana. — Ele te falou alguma coisa sobre o uniforme da Toman?
— Não que eu me lembre, por que?
— Vou precisar que você venha até meu ateliê, para eu tirar suas medidas e montar seu uniforme.
— Ateliê? Isso faz lavagem de dinheiro também? - riu ironicamente. — Não sei se posso sair daqui. - pensou melhor, estava querendo sair a dias e essa era uma oportunidade. — Na verdade, eu posso sim, mas me manda o endereço pelo meu número, anota aí!
— Pera ae! - ele parou de falar por um tempo. — Fala.
Ditou os números e logo após combinarem um horário certo; você encerrou a chamada, vendo uma notificação no seu celular de um número desconhecido mandando um endereço, que não ficava muito distante da onde você estava. E assim, você até tinha sua carteira de motorista, mas nunca teve um carro, porém existia vários carros no estacionamento, e Kazutora não estava no prédio, então a ideia veio à mente.
Dirigir um dos carros luxuosos que ficavam no estacionamento.
Pensou e pensou, até enviou uma mensagem para Kazutora, que nem chegou para ele, então já que não tinha respostas e precisava sair dali — não só para ir ao ateliê, mas porque não conseguia mais ficar dentro daquele apartamento — logo sua primeira ideia foi essa, que realmente estava quase sendo concluída.
Antes de qualquer coisa, se banhou e se arrumou, observou sua vó na varanda enquanto fazia crochê, ela estava totalmente concentrada naquilo, então não seria problema. Lembrou que o homem havia comentado que guardava as chaves do carro no escritório, na parte das gavetas, então logo adentrou no escritório que por sorte estava aberto, e achou as chaves com facilidade.
Voltou para seu quarto arrumando uma bolsa com tudo que iria usar, um kit simples de curativo e compridos para dores fortes, seu celular e apenas isso. Discretamente saiu do quarto e em minutos estava no estacionamento, onde apertou o botão da chave que disparou o alarme de um carro bem luxuoso, o qual seus olhos brilhavam ao ver.
— A onde você tá indo?
A voz firme de um dos guardar te fez gelar por inteiro.
— U-Um compromisso de extrema importância. - respondeu sem se virar para trás.
— Não fomos informados sobre esses compromissos, e o chefe deixou bem claro que se tivesse um, nós deveríamos te levar. - ele se aproximou mais, e logo você foi obrigada a ser virar e o encarar nos olhos.
Sendo a medrosa que era, mesmo achando a situação o cúmulo da estupidez, não tinha coragem suficiente para formular uma mentira e contar de maneira tão vaga, então apenas adentou no carro de modo e rápido e saiu em velocidade alta tanto do estacionamento, quanto do condomínio, se lembrando de ouvir somente o homem gritando com você.
Criticou tanto o jeito maluco que Kazutora dirigia, que estava dirigindo pior.
Mas ria com a sensação de adrenalina.
Quando deixou o carro estacionado na frente do estabelecimento, adentrou no mesmo carregando sua bolsa e tirou dúvidas com a mulher da recepção, que falou o andar e o número da sala que Mitsuya estava. E antes de apertar a campainha da sala, uma mulher que você bem conhecia estava saindo de lá, com vestes elegantes e bem arrumada.
— [Nome]! - ela berrou animada indo te abraçar.
— Yuzuha? - forçou uma empolgação dizendo o nome dela com medo de não ser esse, mas retribuiu o abração com a mesma energia.
— Fico até aliviada em ver você pessoalmente. - ela comentou rindo e se afastando. — Como está?
— Estou tentando. - riu. — Vim para tirar as medidas do uniforme.
— Oh, tem essa ainda! - ela gargalhou.
— Sim.
— Como é conviver com Kazutora todos os dias?
— Honestamente, eu nem sei! Não vejo ele tem quase uma semana, e quando vejo, é por cinco segundos. - ela riu baixo. — Eu realmente não sei nem se ele está bem, quando o vejo está sempre com novos machucados.
— Normal, ele anda brigando bastante.
— Ah, entendi. - suspirou. — Vou indo.
— Até, [Nome]!
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EXPLOSIVE ENCOUNTER
FanfictionUm encontro caótico faz uma boa mulher se apaixonar por um cara mal, levando a confusões e desentendimentos problemáticos.