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Kazutora entendia e sabia cada detalhe do motivo dele estar a onde estava, encolhido no canto de uma cela onde existiam outros presos, esses que conversavam em um tom baixo sobre o novo detento que estava ali. Tinham algumas coisas que deixavam tudo mais fácil para Hanemiya, como por exemplo o uniforme deixar amostra suas tatuagens, principalmente a da Toman, e assim como existia uma em seu braço mostrando que ele havia ido para o reformatório.

E ele lembrava dessa época.

De quando tudo aconteceu, dele passando toda sua adolescência preso em um quarto sozinho, de modo deprimente, sendo abusado de diversas formas por outros jovens e educadores.

Ele era um adolescente quando tudo aconteceu, e cada ocorrido formou a personalidade que ele tinha, cada trauma foi oque o fez ter esse enorme bloqueio emocional, e oque o deixou preso novamente. A diferença era que hoje em dia ninguém ousava se aproximar dele, sabiam exatamente quem ele era, todas as pessoas que ele matou, a gangue que ele participou e tudo que ele fez, sabiam de tudo, mas mesmo Kazutora sabendo o quão temido ele era, desde do dia que colocou os pés lá dentro ele não dormia direito, somente nos períodos de alimentação, que ele se escondia em um lugar do presídio para dormir.

Claro, ele se lembrava de você.

De cada mínima coisa, e de tudo que aconteceu também, ele não era capaz de esquecer absolutamente nada.

Era até torturante, pois as vezes ele gostaria de ter feito diferente.

Mas ele escolheu isso, escolheu se entregar para a polícia, ser preso, se afastar, entregar todos os podres da Valhalla e de todo mundo, para assim acabar com o mundo das gangues, ele cooperou com a polícia para assim conseguir uma pena menor, embora ele soubesse que não seria fácil tendo em vista a quantidade de crimes que ele cometeu em todo esse tempo.

Ele também recebeu poucas visitas, na verdade apenas dos amigos antigos.

— Você não quer ver ela? - a voz calma de Baji do outro lado fez o rapaz fechar os olhos com força. — Ela perguntou sobre você.

— Não quero que ela venha me visitar nesse lugar. - respondeu sério.

— Mas ela precisa de uma explicação, não sei oque vocês tinham mas-

— Se quer saber, a gente ficou uma vez, não temos nada.

— Vocês não tiveram nada carnal, mas emocional com certeza! - ele bufou.

— Baji, não conta nada pra ela, se quiser pode falar que eu morri.

— Credo! - o policial abriu a porta indicando que a visita haviam acabado, Keisuke se levantou no mesmo instante e se despediu do amigo.

Não era como se ele não quisesse te ver, na verdade era tudo que ele mais precisava, saber sobre você e te ver.

Diariamente ele se perguntava se havia feito realmente o certo, torturando a si mesmo pensando nas inúmeras possibilidades, e em como ele poderia ter feito tudo diferente, ao mesmo tempo ele sabia que se afastar faria com que você tivesse sua vida de volta, e aquilo o relaxava. Apesar da tristeza que ele sentia, havia um alívio ao pensar na sua felicidade.

Kazutora não sabia quanto tempo ficaria na cadeia, mas iria suportar e torcer para te encontrar de um modo explosivo uma outra vez.

Ele assistia o sol nascer por uma pequena janela no topo do cômodo, e via o mesmo se por.

Todos os dias a mesma rotina.

Kazutora havia passado por isso uma outra vez, e ele sabia o quão torturante seria, e conforme os meses se passaram ele passou a se perguntar se realmente iria suportar tudo novamente. Claro que era diferente da primeira vez, afinal nenhum preso sequer chegava perto dele, mas quando ele era um adolescente e foi preso pela primeira vez, ele passou por coisas traumáticas.

Ainda sim, a solidão era a mesma.

Os amigos do garoto o assistiam se afundar novamente numa eterna depressão, e não podiam fazer nada, a cada minuto Hanemiya ficava mais exausto, mais branco, mais magro, e sem esperança alguma. Graças à colaboração dele para prender e acabar com gangues, ficou com uma pena de apenas três anos, e conseguiu ser liberado um ano antes.

Nesses dois anos ele não soube nada sobre o mundo lá fora, recebia visitas de seus amigos mas não queria saber sobre nada, e nem sobre você. Tanto que no dia em que ele colocou os pés para fora da delegacia, soltou um longo suspiro aliviado e cansado, foi levado direto para o apartamento dele, o qual não seria mais dividido com Baji e Chifuyu, afinal eles casaram a pouco tempo, e não comunicaram Kazutora.

— Então, vocês tão morando juntos a quanto tempo? - ele perguntou encarando o amigo pelo reflexo do espelho, enquanto Baji cortava as pontas do cabelo do mesmo.

Diferente de antes ele não tinha mais um mullet, os fios eram compridos com duas mexas descoloridas apenas.

— Casamos no fim do ano passado, não faz muito tempo. - ele respondeu.

— Estou feliz por vocês. - respondeu com um sorriso de canto. — Mais algo importante que eu deva saber? - riu.

— Emma está grávida.

— Que?! - arqueou as sobrancelhas chocado. — Tão rápido assim?!

— Descobriram a gravidez faz pouco tempo, mas estão todos muito animados. - riram juntos. — Takemichi ainda não criou coragem para pedir a Hina em casamento.

— Ele é um imbecil.

Continuaram conversando sobre assuntos banais o resto do dia, mas Kazutora não queria encontrar ninguém por hora, ele faria isso no dia seguinte, o homem passou o resto do dia trancado em seu apartamento enquanto ajeitava os móveis do local, fora isso ele também precisava tomar cuidado antes de sair na rua assim, tinha muitos homens atrás dele ainda, afinal ele havia dedurado todo mundo.

Ele até pensou em perguntar sobre você, mas achou melhor não, pensou que teria novas oportunidades quanto a isso e esperaria mais tempo.

Na verdade, era difícil pra ele imaginar isso também, ele não fazia ideia de onde você poderia estar e oque poderia estar fazendo, foram alguns anos e mesmo se esforçando e conhecendo você como ele conhece, ele não era capaz de pensar sobre isso. Por muitos motivos, um deles era que ele sabia que você poderia ser imprevisível as vezes, mas ao mesmo tempo ele acreditava que você estaria no ramo da saúde ainda, salvando vidas e tudo isso.

Existiam assuntos que ele não queria pensar, como se você estava namorando ou conhecendo alguém.

Ele preferia não pensar em nada desse tipo, para não se sentir pior.

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