18 - Ela está comigo

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Mesmo se levantando logo cedo junto a sua avó, esperava que fosse apenas isso, mas assim que colocou os pés na cozinha para tomar café com a mesma, Hanemiya já fazia isso, conversando do jeito mais sorridente e descontraído com a mais velha, totalmente diferente de como ele era com você. Bastou se aproximar mais que a atenção dos dois se voltou a você, os olhos caramelos te olharam de cima a baixo, vendo sua camisola preta de renda, que ao se lembrar que vestia, você ficou corada no mesmo instante. Afinal, não esperava a presença do homem ali.

Permaneceu na cozinha e tomou café com os dois, mantendo o silêncio e vez ou outra sua avó puxava algum assunto diverso, também dizendo que precisava ir à missa ou se não iria enlouquecer.

— Tem como você ver uma missa pelo celular, sabia? - o homem comentou despertando um interessa na mais velha.

E os próximos diálogos foi só ele explicando pra ela como funcionava, pedindo para um segurança comprar um celular para a mais velha justamente pra isso. Ficou até com um certo carinho ao ver ambos se dando tão bem com facilidade, nunca pensou que esses dois se dariam bem, pelo contrário, achou que sua avó infartaria ao te ver próxima de um gangster.

Quando a mesma saiu da cozinha para ir ao próprio quarto fazer crochê, o silêncio constrangedor permaneceu na cozinha, isso até Kazutora se levantar e indicar com a cabeça para você o seguir. Olhou pela janela vendo que seria um dia frio e chuvoso, ainda pela manhã algumas gotículas caiam e fazia um frio; ele te levou para fora do apartamento, te levando até um outro andar, onde assim que chegaram naquele corredor, havia uma porta branca gigante, onde entraram revelando uma sala branca linda e lotada de armas marciais e perigosas.

Era como uma coleção, haviam facas, armas, munições, bombas, coletes e mais equipamento que o próprio exército.

— Tava querendo fazer uma sala de treinamento para tiro ao alvo, mas não achei seguro ter isso no meu prédio, então criei uma escola nas áreas mais pobres de Tokyo, ensina autodefesa e diversos estilos de luta de modo gratuito para crianças.

Ele falava enquanto te olhava firmemente, passou a andar mais pela sala analisando todos os objetos perigosos existentes ali.

— Geralmente crianças que moram nesses bairros, desde de jovens acabam se metendo com crime, para ser descolado, ganhar dinheiro e não morrer. - ele falava. — Eu tive que aprender a sobreviver, e por isso agora que tenho autoridade, vou ensinar elas de um modo saudável e seguro.

— Caramba. - foi a única coisa que saiu da sua boca.

Se virou devagar e se aproximou mais de Kazutora que olhava para os próprios pés com as mãos dentro do bolso do moletom preto.

— Uma vez fazendo estágio em hospital público, atendi dois garotos de nove anos de idade, ambos baleados e a beira da morte, mas eu e outros médicos conseguimos salvar eles, e ainda internados um deles me disse:

"Deveria ter me deixado morrer, aí não ia precisar mais vender droga pra conseguir comer."

Nunca mais fui a mesma depois desse dia. - terminou de falar ainda encarando ele, que logo encarou seus olhos também. — O que você faz por eles é incrível, mais do que qualquer um já fez.

— Não, o que você faz é incrível. - um suspiro saiu dos lábios dele. — O que eu faço é obrigação.

Se virou e andou para fora da sala com você vindo atrás irritada, ele não conseguia receber elogios ou carinho, parecia fugir disso e aquilo te irritava muito, só foi gentil e ele havia sido indiferente e insensível.

— Vou te levar em um lugar.

Ele disse te puxando pelo pulso a mostra e indo ao elevador, onde desceram até o estacionamento, e mesmo com você o xingando dizendo que precisava trocar de roupa, ele não falou nada e apenas seguiu te guiando até um carro preto que estava ali, onde você adentrou no banco do carona e ele no do motorista.

— Eu não posso sair assim na rua!

Bradou irritada o vendo revirar os olhos antes de ligar o carro.

— A onde a gente vai? - questionou nervosa.

— Em um treino do pessoal da Toman.

— Tá maluco?! Eu tô de camisola, não vou sair desse carro! Vai ser constrangedor!

Ele nem se importava, continuou dirigindo e você demonstrava indignação o trajeto todo, afinal estava muito frio lá fora e parecia que ia chover bastante o dia inteiro, e ainda eram nove horas da manhã. O caminho todo você demonstrava sua irritação, e ele ignorava com sucesso, aumentando a música no rádio justamente para não te ouvir.

E após quarenta minutos vocês chegaram no local, era uma espécie de ginásio, haviam outros carros e motos de luxos que não te deixou surpresa, mas ainda estava garoando e você se recusava a descer do automóvel.

— Esquece! Eu não vou sair assim, está muito frio! - reclamou.

— Veste meu moletom. - ele respondeu simplista retirando o mesmo revelando um camiseta de manga longa também preta que marcava os músculos do mesmo, ele jogou a roupa em você com uma certa agressividade proposital.

— Você é insistente. - bufou vestindo o moletom. — Ainda não vou descer do carro!

— Ah, você vai.

Não vou!

Vai sim. - ele sorriu e se retirou do carro dando a volta e abrindo a porta para você, e antes de disparar outra negação para o mesmo, ele te pegou no colo estilo noiva e fechou a porta desligando o carro.

— Me coloca no chão!

Berrou se remexendo, numa tentativa de se soltar, mas ele tinha força e segurava suas costas e suas coxas de modo firme, o que te deixou até desconcertada com a atitude repentina.

— Eu não vou entrar naquele lugar cheio de homem com minhas coxas de fora e apenas vestindo um moletom e calçando minhas pantufas!

Próximo a porta ele parou de andar e te colocou com os pés no chão de frente pra ele, um riso sarcástico saiu dos lábios do mesmo, te deixando com um frio na barriga, e nem era por conta do tempo climático. Kazutora estendeu a mão para você que permaneceu neutra, o mesmo revirou os olhos e te olhou de cima a baixo logo após, vendo suas coxas a mostra e percebendo que mesmo com o moletom suas curvas eram nítidas, e ele não conseguiu esconder o quanto gostou dessa visão.

— Presta atenção, você tá comigo.

Foi o que ele falou antes de segurar sua mão e te guiar para dentro do ginásio, onde havia uma quadra de basquete com vários homens de índole ruim sem camisa, mais pro fundo havia uma academia e um ringue de boxe com dois caras.

Assim que colocaram os pés no lugar, os olhares se direcionaram não para vocês dois, mas para você, te secando sem medo algum.

Os rostos que você reconheceu, foram os que não te olharam com malícia, mas o resto, te comia com os olhos.

— Eu vou ser claro, não olhem, ela está apenas comigo, e vai ficar comigo o resto do dia, certo?

Kazutora falou em um volume alto para todos ali ouvirem, deixando a maioria com medo.

— Certo! - responderam de volta.

— Quanto poder ein, [Nome].

Se virou na direção da voz, vendo Baji sem camisa com faixas enroladas nas mãos, ele estava suado e com o cabelo todo preso em um único coque.

— Você por aqui. - sorriu simpática.

— Como anda a vida? - ele perguntou de modo brincalhão tirando uma risada sua.

— Sem gracinhas, vamos começar isso logo? - Kazutora perguntou para Baji.

— É pra já! - ele respondeu e chamou todos os homens para o ringue de boxe e você foi junto ainda com Kazutora segurando sua mão. — [Nome], você fica por aqui mesmo. - ele apontou para um banco próximo ao ringue. — Kazu vai brigar um pouco hoje.

Ele falou e se afastou junto a Kazutora, que nem se despediu de você, apenas se afastou já tirando a camisa e enfaixando as mãos, mostrando o corte nas costas que nem havia cicatrizado, te deixando totalmente irritada.

Vou matar esse delinquente.

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