EXPLOSIVE ENCOUNTER

27

Ele não estava ali, e também não havia mandado mensagem e nada, enquanto os outros levavam Keisuke para o hospital você ainda continuava próxima de toda aquela briga, pensando que se algo acontecesse você estava ali para ajudar, mas era bem difícil encarar toda aquela situação e não se sentir mal, estavam se matando praticamente. As outras garotas que estavam ali realmente não pareciam se importar muito, Yuzuha e Senju também estavam no meio de toda a confusão enquanto você, Emma e Hinata se encontravam mais afastadas.

A violência continuava e não parecia parar tão cedo, acabou por receber uma ligação de Chifuyu que havia ido com Baji, dizendo que o mesmo já estava sob atendimento médico e ficaria bem.

— Que merda você tá fazendo aqui?!

Virou o corpo em direção a voz, vendo Kazutora ali vestindo um uniforme que não pertencia a Toman, e por algum motivo aquilo te deixou muito irritada, claro que suas emoções já estavam todas bagunçadas devido aos últimos ocorridos, e o ver ali só aumentou o gatilho mais ainda. E novamente você sentiu coragem o bastante para o enfrentar, andando em passos largos até o homem e disparando um tapa estralado contra a bochecha do mesmo, de imediato ele virou o rosto chocado enquanto alisava o local ferido.

Ele não entendia, ou melhor, não esperava essa reação.

Certamente ele sabia que você estaria muito chateada com ele, mas nunca esperou essa ação vindo de você, e por mais que ele quisesse ficar com raiva tudo que sentiu foi um orgulho, pois você raramente demonstrava essas emoções, claro que com ele você retrucava algumas coisas, mas um tapa estava fora de cogitação.

Você engoliu em seco enquanto se controlava para não chorar ali mesmo, cruzou os braços se aproximando mais dele, tocou na bochecha do mesmo trazendo o olhar dele até o seu.

— Você é horrível, seus amigos precisavam de você! - resmungou irritada o vendo engolir em seco.

— Eles não são meus amigos. - ele falou com a voz meio travada, quase que se arrependendo.

— Não? Vai mesmo mentir dessa forma? Mentir enquanto um de seus melhores amigos está morrendo no hospital! - suspirou. — Baji foi esfaqueado e está no médico, e você esteve brincando de trocar de gangue? Deveria estar lutando ao lado de Mikey e seus amigos, não contra eles.

— Você não sabe de nada.

— Não sei mesmo! Você não me diz nada! Só some por dias sem explicação, agindo feito um adolescente sem amor nesse coração, imaturo.

— Você não entende.

— Eu odeio você!

— Jura? Eu também.

Ele passou por você sem mais nem menos, andando bruscamente até onde a briga acontecia, lutando contra os próprios amigos ao lado de pessoas pessimas que só queriam o mal. Oque mais te deixava triste era saber que não podia fazer nada, que não era capaz de interferir nessa situação, não tinha nada para mudar, era algo que sempre acontecia e você estava ciente disso, e mesmo querendo não podia só se meter no meio da confusão.

Doeu mais quando percebeu que Kazutora estava completamente fora de si, e isso foi um grande gatilho, pois estava quase correndo para o ajudar.

Ele não se importava em ferir os próprios amigos, em ferir até mesmo Mikey.

Após um tempo quando todos estavam mais afastados bem feridos, todos os membros da Toman se mantinham de pé enquanto os da gangue rival estavam jogados pelo chão. No centro de tudo isso se encontrava Kazutora e Mikey, brigando feito loucos, na intenção de matar mesmo.

Ninguém fazia nada.

Mas todos queriam impedir aquilo mais que tudo, estava nítido.

— Ninguém vai fazer nada? É sério?

Deu alguns passos indicando que iria se aproximar, até obteve uma resposta das meninas que você não ouviu, pois assim que notou Kazutora surrando o Sano correu na direção deles. Até tentaram te impedir, mas não conseguiram, a essa altura você estava no meio dos dois, os olhos de Kazutora cravaram em você enquanto segurava o pescoço do Mikey o sufocando.

— Eu sou da Toman, sabia? - falou em um tom baixo mais cheio de raiva, ele não teve tempo de responder, aplicou o golpe que foi te ensinaram nele, fazendo com quero mesmo caísse no chão de costas. — Vai me matar também?

Subiu em cima dele segurando na gola da camisa enquanto forçava ele a te olhar, e deixou um soco não tão forte contra o peito do mesmo.

— Sai daqui. - ele sussurrou de olhos fechados levando uma mão até seu braço. — Estou mandando sair.

— Só me diz por que tá fazendo tudo isso?!

— [Nome], por favor.

A sirene foi o alerta de todos para correrem do local, mas você permaneceu, assim como Kazutora também, não estava mais em seu colo porém estava próxima, com o rosto um pouco sujo enquanto tinha lágrimas no rosto, não entendia ao certo o motivo dele estar fazendo isso, mas enquanto perguntavam se você estava bem, ele mesmo se entregava para a polícia.

Entrando no carro, algemado e saindo totalmente do seu campo de visão.

Era inacreditável.

[...]

Não conseguia aceitar e nem entender essa situação a qual estava, não encontrava motivos e nem pistas sobre o motivo disso tudo. Estava em uma situação completamente de choque, não havia voltado para casa e em todo o momento esteve sentada no sofá da sola sendo abraçada por Emma e Hinata, que tentavam te confortar mas você não fazia muita questão, tudo que precisava era de uma única explicação, pois nem mesmo Kazutora te dava respostas, com ele sempre foi assim.

Explosivo e intenso.

Dormiu na mansão da Toman e desejava que fosse um sonho, que nada tivesse acontecido, mas ao acordar recebeu a confirmação de que não havia sido um sonho, e assim como você os meninos estavam perdidos.

Afinal, era sobre Kazutora que estavam falando, desde do início ele se demonstrou ser um homem super confuso e instável, explosivo e intenso, que ao mesmo tempo que dizia palavras lindas, ele sabia dizer as palavras mais dolorosas do mundo. Ao mesmo tempo que agia de modo carinhoso ele agia de modo indiferente, fazendo com que ninguém soubesse oque esperar vindo dele.

E você sabia disso.

Sempre soube.

Estava ciente o tempo todo que estar com ele se baseava nisso, em encontros inesquecíveis, inesperados e caóticos.

Mesmo sabendo dos defeitos e das qualidades você se envolveu, e esteve se entregando cada vez mais a cada segundo, dizendo para si mesma que havia uma esperança quando lá no fundo você sabia que não tinha. Ele era assim, violento e amoroso, um alguém que você não conhecia de verdade e estava claro que nunca iria conhecer.

Porque ele não deixava.

Conforme os dias se passaram e você voltou para o apartamento, podendo desabar nos braços de sua querida avó, percebeu que era pra ser assim.

As notícias na televisão mostravam a morte de Hanma, Kisaki e muitos membros de gangue sendo presos.

Não queria saber sobre nada disso, só queria saber onde Kazutora Hanemiya estava, se ele estava bem, porque tudo parecia conspirar em seu favor, Mikey havia te liberado e você conseguiu comprar uma casa ótima para sua avó, voltou a trabalhar no hospital e aos poucos retomava sua vida antiga.

Abandonando tudo aos poucos.

Menos aquela sensação no seu coração, que buscava por algo perdido, por memórias e sentimentos.

Quando ele volta? Cadê ele?

Se perguntava a mesma coisa todos os dias durante um mês, mandava mensagens o tempo todo para os meninos e as meninas, torcendo para alguém te dar alguma resposta ou dica sobre onde ele estaria, se ele iria voltar.

Era difícil admitir para si mesma que ele nunca mais viria, mas aceitou isso quando após 1 ano foi anunciado o fim da Toman e de todas as gangues antigas, de tudo aquilo.

Seu coração ansiava por um encontro, mas não iria ter mais.