15 - Nova Vida

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Certamente você estava ansiosa para encontrar sua avó novamente, tanto que o caminho todo ficou balançando sua perna e estralando os próprios dedos várias vezes, parou somente quando seu motorista — Kazutora — te encarou seriamente após parar o carro em um farol, e mesmo assim continuava tendo suas pequenas crises de empolgação.

O local era um tanto quanto distante de onde vocês estavam, então demorou bastante até chegarem no condomínio do outro dia, que era bem pequeno e com poucos prédios.

O veículo foi deixado em um estacionamento bem mais simples que o outro, mas haviam mais uns três carros de luxo e muitas motos.

O prédio em si tinha apenas cinco andares, e logo percebeu que todo aquele prédio era somente de Kazutora, tendo em vista que as poucas pessoas presentes no lugar, eram outros caras que aparentavam ser "seguranças" e todos estavam armados.

Subiram para o quarto andar, onde se mostrou ser um ambiente bem refinado e organizado, teria elogiado o homem pelo cuidado com o apartamento, se não fosse pelo cheiro familiar de café adentrando em suas narinas.

Logo correu em direção da onde vinha, passando por uma sala linda que nem se deu ao trabalho de analisar, e chegando na cozinha moderna, vendo Dona Mikoto preparando um café no fogão. Reprimiu a vontade de chorar, e apenas riu baixo ao ver a mais velha balançar os quadris e cantarolar uma música católica.

— Vovó?

Sussurrou se aproximando mais, a mulher já de idade se virou num susto, e caiu em prantos ao ver seu rosto, sem nenhum arranhão. Ficaram muito tempo abraçadas dizendo palavras bonitas umas as outras, e enquanto você estava ali segurando o choro ao saber que sua avó estava de fato viva e segura, não se deu conta de mais nada ao redor, se recordando apenas de momentos seu e dela, e como a amava imensamente.

No outro canto da sala, o homem de mullet conversava com um segurança que estava na sala e você não notou, e bem rápido o tal segurança se retirou do cômodo indo embora do apartamento. O homem ali presente, mesmo sendo bem reservado e indiferente com as emoções, as vezes ele se deixava levar, e a cena que ele estava vendo foi tão marcante, que a sensação de conforto e amor preencheu o peito dele, o fazendo desejar te ver sorrindo e feliz mais vezes.

Na mesma velocidade que tal emoção surgiu, ele sumiu com ela, se lembrando do quão prejudicial esse tipo de coisa poderia ser. E ele também precisava tratar assuntos mais sérios com você, então se aproximou tossindo algumas vezes, atraindo sua atenção e a da senhora ali presente.

— Não queria atrapalhar, mas eu e [Nome] precisamos conversar, Dona Mikoto. - ele falou forçando uma gentileza, que não agradou a mais velha, já que um semblante sério e raivoso brotou no rosto da mesma.

— Você já atrapalhou a gente demais, mocinho! - ela berrou se afastando mais da neta e se aproximando dele.

— Vó-

— Shiu! - se virou apenas para apontar o dedo em sua cara, e voltou a encarar Kazutora ainda com o dedo apontado para ele. — Preciso tomar meu café e saber o que você e minha adorável netinha estão planejando, ela não esconde nada de mim!

A situação não poderia ser mais engraçada e cômica.

O homem levou os olhos até você, arqueando a sobrancelha e rindo ao ver você se constranger com tal fala, afinal você escondia muitas coisas de sua vó, e ele não se aguentou, começou a rir deixando a mais velha confusa. Ela olhou para ele, depois para você, e ficou nesse ciclo por um tempinho, se dando conta que ele estava insinuando que ela havia mentido — e havia mesmo, você esconde coisas dela, ela só não sabe disso — contudo, o assunto teve que se encerrar ali mesmo, realmente precisava tratar assuntos mais urgentes com o Hanemiya.

— Tudo bem, tudo bem! Deixarei vocês irem se resolver, mas tô de olho!

Ela brincou vendo ambos caminharem para um outro cômodo da casa. Ele te guiou para uma sala no outro corredor, onde haviam algumas coisas de colecionador, livros, armas expostas, coleção de facas, um prêmio de atirador naval do exército, o que te preocupou um pouco, e também havia um troféu de um prêmio de poker.

O "escritório" dele conseguia ser bem divido em questão de decoração.

— Vamo lá. - ele se sentou do outro lado, deixando uma mesa pequena dividir vocês. — Vou te explicar o básico, pra você saber onde vai tá se metendo.

— Seja direto. - ele respirou fundo puxando alguns papéis, deixando visíveis na mesa.

— No submundo, a onde nós trabalhamos, tem os caras mais respeitados, gangues e por aí vai.

— Certo, a Toman no caso é a gangue mais forte?

— Exato. - ele disse meio confiante e orgulhoso. — Ninguém pode mandar na Toman.

— Nem mesmo a Máfia?

— A Máfia contrata a Toman pra proteger eles quando tão na merda, matamos uma galera por eles, e ganhamos coisas em troca, simples e fácil. - riu. — Existem outras gangues que tem um grande problema com a Toman, e por isso sempre tem briga.

— E morte.

— Também. - riu baixo novamente enquanto apoiava o queixo na própria mão. — A Black Dragons meio que também é da Toman, são parceiros, saiba disso. - assentiu. — Moebius e Valhala são uns pedaços de merda que enchem o saco!

— Já ouvi falar neles...

— O Hanma é líder da Moebius.

Ele disse com desdém revirando os olhos como se tivesse zombando de você, o que despertou um lado infantil, fazendo o xingar de volta e se constranger ao lembrar novamente de tudo que aconteceu na festa.

— Continua! - rebateu.

— Brahman e Bonten também são aliados, apenas isso.

Ele continuou te explicando mais um monte de coisas, algo que percebeu foi que ele sabia exatamente de cada detalhe envolvendo todas as gangues, como se tivesse participado de todas mesmo, sempre falando tudo sobre cada líder, ele até te contou quem era Tetta Kisaki e o porque foi tão sério e preocupante você ter se envolvido com Shuji Hanma. Passaram pelo menos umas duas horas ali naquela sala, ele te explicava tudo e você também o questionava bastante, acabavam por fazer piadas também, e era bem descontraído pois conversaram por muito tempo, o foco até foi para como você iria participar de tudo, e ele te explicou que você seria apenas a médica da Toman e mais nada.

Ele contou sobre as empresas de lavagem de dinheiro, e ficou surpresa em saber que existia pet shops, clínicas veterinárias, agências de modelo, mecânica, hospitais, mercados, e mais um monte de outras coisas que eram lavagem de dinheiro da Toman.

Se interessou mesmo quando ele comentou sobre as corridas clandestinas da gangue, e estava certa que iria em uma em algum momento, porque nunca havia ido e era um sonho bem guardado. Seguiram discutindo mais e mais assuntos os quais você havia se interessado, então você perguntava e ele respondia, e seguiram assim por bastante tempo.

Kazutora não era tão ruim assim.

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