VOZES ALTAS, ADRENALINA E MUITA MOVIMENTAÇÃO ENFEITAVAM O AMBIENTE NA CANTINA. O grupinho se sentiu incomodado com a agitação e com o rumo que a comemoração tomava. Decidiram, então, mudar de lugar. Os cinco, tomados pela apreensão, saíram e se reuniram nos bancos do pátio. Continuaram cochichando seus mistérios de forma suspeita por mais longas horas, a céu livre.
Alunos sentaram e se levantaram dos assentos em volta, o sol chegou ao ponto mais alto do céu e os mais apressados já começavam a deixar o colégio rumo à casa. Quase duas horas se passaram desde o fim da partida e, pelo que se via no pátio, o sossego já começava a reinar sobre o colégio Einstein. Uma certa calmaria parecia se criar afim de encerrar o dia agitado de jogo. Mas só parecia...
Demorou algum tempo para os anfitriões do dia brotarem de dentro do prédio, logo o ambiente enegreceu para os alunos em volta. Altas gargalhadas, andar afetado e fala ligeiramente pastosa; o "refrigerante" especial do garoto da cantina fazia bem o seu efeito. Daniel, Eric, Tina, Beatriz e outros dois garotos, cambaleavam apressados em direção aos portões de saída, tentando não serem pegos por nenhum responsável. Só que, a pressa dos seis foi adiada assim que Eric olhou para o lado, de relance, e viu o grupinho reunido.
— Olha só quem está aí... — A voz dele alcançou os garotos, que se viraram logo em seguida. — O meu irmãoziiinho e os seus novos amiguinhos esquisitos.
Eduardo revirou os olhos ao perceber que o irmão estava longe da sobriedade. Os outros ao seu lado se retraíram, já prevendo o que viria a seguir. Eric continuou.
— Sabe... Todo mundo no colégio me deu os parabéns pela... grande partida que fiz hoje, menos você, irmãozinho. O que houve?
Eduardo não respondeu. Eric fez uma careta e começou a andar em direção ao lugar em que Eduardo e seus companheiros estavam sentados.
— O que você está fazendo? — Beatriz questionou enquanto o via se afastar. — A gente precisa ir embora, Eric. Se a diretora te ver assim a gente tá ferrado!
— Ah, relaxa... — Continuou se afastando com o seu andar desorientado. Beatriz se movimentou como se fosse tentar impedir o namorado, mas Tina interferiu.
— Não precisa se preocupar, tá. — A voz soou com um sorriso sugestivo e uma tranquilidade que Beatriz não concebia. — Não vai acontecer nada demais. Fica fria.
Apesar da preocupação, a menina obedeceu. Ficou parada olhando o resto do bando seguir seu namorado com a maior normalidade. Todos despreocupados com as consequências de andarem bêbados pelo colégio.
Eles se aproximaram do grupinho já com a expressão de deboche estampada em seus rostos, soltando risinhos abafados e sussurros, como de praxe.
Eric parou ao pé do seu irmão.
— Eu esperava que pelo menos você tivesse a bondade de dar os parabéns ao seu irmão, o inédito semi-finalista — abriu as mãos, orgulhoso — do intercolegial de Basquete!
Eduardo suspirou.
— Eu tô quieto, Eric. Não quero confusão.
— Nossa, que tratamento é esse. E quem disse que eu quero confusão?!
— E o que mais você iria querer?
— Comemorar, ora! Hoje é um dia feliz. Nós não viemos provocar vocês, viemos comemorar, não é mesmo, gente? — Se virou para os amigos que rapidamente concordaram.
— Mesmo que isso seja quase impossível. — Tina comentou lá de trás.
Todos sorriram, em coro, mas Beatriz, de braços cruzados, revirou o olhar, se aproximou do namorado e sussurrou:
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JugendliteraturSempre nos perguntamos como as provocações, as risadas e os deboches podem afetar a vida de alguém vulnerável. Esses cinco meninos podem responder essa questão. Liza, Mara, Tobias, Eduardo e Rafael, são adolescentes vítimas de bullying, que planejam...