19 - Não Convidados.

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EM DIAS COMUNS, TINA JÁ ERA O SOL DO COLÉGIO EINSTEIN E TODAS AS COISAS GIRAVAM A SUA VOLTA. Mas, naquela semana, esse sistema se tornou ainda mais autocrático. Era a semana do aniversário da menina, "Os dezoitão" como ela mesma chamava. Uma festa icónica seria realizada e as fofocas que rolavam pelos corredores davam conta de que os pais da menina não economizaram no planejamento. Decoração exuberante, câmeras para registarem cada momento e uma celebridade como convidado especial. O colégio inteiro estava na espera de receber um convite, todo mundo agia em prol disso. Sorriam para Tina e a bajulavam do jeitinho que ela gostava. Faltava só estenderem um tapete vermelho para ela toda vez que passasse.

E isso estava prestes a ser feito.

Dentre todos, quatro distintos alunos já sabiam que não receberiam a honra de serem convidados, e nem faziam questão. Preferiam estar longe. Eram descartados toda vez que se falava da festa e não se incomodavam, muito pelo contrário, sentiam-se aliviados. Porém, o que eles não sabiam, era que, aparentemente, para Tina, deixá-los de fora apenas, não era o suficiente.

— E aí, gente. Tudo bom?

Tobias e Mara acabavam de passar pelos portões do colégio quando Eduardo os alcançou. O casal, com o ânimo típico de quem acordou antes do sono ir embora.

— Olha só! — Tobias se surpreendeu. — Decidiu parar de evitar a gente!

Eduardo já esperava um comentário desse tipo.

— Eu não estava evitando vocês, tá. Só precisava de um tempo. — Esclareceu. — Mas eu não me aproximei para falar disso. Eu soube que vai acontecer alguma coisa hoje. Não sei o que é, mas ouvi o Eric comentando no celular ontem a noite. Parece que é algo que eles vêm planejando há semanas. Queria avisar a vocês, pra ficarem atentos.

Tobias se intrigou.

— Você acha que tem alguma coisa a ver com a gente?

— Ah... Eu não sei.

— Provavelmente não. — Mara interferiu. — Qualquer coisa que aconteça nessa semana tem haver com a Tina e o seu "Glorioso" aniversário. Acho que a gente pode ficar descansado por enquanto.

— Eu não teria tanta certeza. — Eduardo comentou.

E antes que alguém o refutasse, a voz de Liza os alcançou, vinda lá de trás.

— Pessoal... — Ela chamou. Correu para perto deles. — Bom dia.

— Oi, Liza... — Mara a recepcionou. Tobias fechou o rosto e virou o olhar para o lado.

— E aí? — Eduardo tapeou levemente o ombro da menina. Ela respondeu acenando.

Seguiram caminhando, num silêncio constrangedor por instantes, até Tobias decidir se manifestar.

— Então você também decidiu voltar a andar com a gente?! — O tom soou a sarcasmo.

Liza ajeitou a mochila nas costas.

— Na verdade, eu só queria me desculpar pelo que aconteceu naquele dia. Já falei ao Eduardo e agora falo a vocês também: Eu sinto muito.

— Você sente muito. Sei... — Tobias desdenhou.

Os quatro alinhados, preenchiam o caminho de concreto que ligava o portão ao prédio do colégio. Ambiente calmo de um início de dia que prometia mais do que o grupinho imaginava.

A tensão não demorou a se instalar.

Os quatro permaneceram em silêncio, desviando os olhares para outros lugares, fugindo da tensão que se criou depois que Liza chegou. Enquanto andavam, estavam tão mergulhados em seus conflitos que não perceberam a enchente na entrada do edifício.

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