20 - Impunidade.

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O SOL DESPEJAVA SEUS RAIOS PARA A CABEÇA DOS ALUNOS AMONTOADOS ALI, CRIANDO DESCONFORTO. Os que pensaram em subir para as salas, foram imediatamente impedidos. Segundo os vigilantes: Ninguém sai, ninguém entra sem que o assunto do banner fosse totalmente resolvido.

A diretora desceu para o pátio, ao mesmo tempo que Dominick chegava ao colégio. Sra. Eunice, acompanhada do grupinho, parou sobre os degraus de entrada, bem diante dos alunos; ajeitou os óculos no rosto, se virou para a porta e olhou a extensa lona pendurada acima dela.

Franziu os lábios pra fora e abanou a cabeça.

— Podem me dizer quem foi o responsável por essa brincadeira de mal gosto?

Um silêncio assustador possuiu o mar de alunos a sua volta.

— Quem foi que fez isso? — Ela insistiu.

Percebendo que ninguém se manifestaria, Eduardo tomou a palavra:

— Como dissemos lá em cima, Sra. Eunice. A responsável foi a Tina e os seus comparsas.

A diretora se virou para Tina, que estava na fileira da frente.

— Senhorita Mercedes, isso é verdade?

— Mas é claro que não, diretora! Eu acabei de chegar, como todo mundo. — Tina respondeu com um olhar inocente. Colou a mão sobre o próprio peito e amansou a voz. — Eu também estou surpresa com isso. Que tipo de pessoa seria capaz de fazer uma coisa dessas?!

Seus comparsas, ao ver a cena, tiveram que segurar as risadas com as mãos. Literalmente.

Liza logo explodiu.

— Que garota falsa! Ela debochou de nós bem aqui, todo mundo viu, diretora.

Tina abriu a boca, forçando admiração.

— Eu?! Eu nunca fiz isso. Que calúnia, meu Deus.

— Ela está fingindo, diretora. — Liza insistiu. Encarou a menina. — Como você tem coragem?!

— Eu não estou fingindo, coisa nenhuma. Não fiz nada do que você está me acusando, sua louca!

— A louca aqui é você! Sua...

— Ta bom, ta bom... — Sra. Eunice interferiu. — Vamos manter a calma, por favor... —Se virou para a multidão novamente, já com sinais de impaciência no olhar. — Alguém aqui pode dizer, de uma vez por todas, quem foi o responsável por isso? — Apontou para o banner.

O silêncio continuou. Se tivesse um grilo por perto, esse, com certeza, seria o seu momento de brilhar. Em meio a discrição dos alunos e a  quietude, Tina disparou um sorriso sútil, mas petulante, para Liza, como quem já sabia que aquilo aconteceria.

— Qual é gente! — Eduardo interferiu. — Por favor... Vocês viram ela debochando de nós bem aqui, porquê não dizem nada?

Silêncio...

Mara se movimentou como se fosse reforçar o apelo do amigo, mas Tobias a segurou pelo braço, impedindo-a. Continuaram calados.

— Se alguém sabe de alguma coisa, tem que dizer – A voz da diretora soou firme. — Nós não podemos tolerar esse tipo de comportamento aqui. Entenderam?

Mais silêncio. Os alunos não pareciam interessados em cooperar.

— Senhora Eunice, se me permite... — Tina chamou a atenção da diretora. — Todo mundo que está aqui já encontrou esse banner ali. Acho que é quase impossível alguém ter colocado isso lá em cima sem ser visto. A menos que isso tenha sido feito de noite, ou de madrugada.

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