27 - Mais Um Dia

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O COLÉGIO EINSTEIN VOLTOU A ESTAR EM EVIDÊNCIA PELOS PIORES MOTIVOS. Dentre todas as questões sociais, estavam em causa também, as diligências do colégio em relação a saúde mental dos seus alunos. Investigações foram feitas e os casos de Bullying foram expostos. Pais ameaçaram tirar seus filhos do Colégio se medidas progressivas não fossem tomadas. A Sra. Eunice enfim percebeu que devia dar mais ouvidos as preocupações de Dominick.

Foram quatro semanas de seminários, palestras e terapias obrigatórias com todos os alunos. Como se quisessem apagar as memórias do ocorrido o mais rápido possível.

E pareciam conseguir.

Depois de vários dias nublados, o sol começara a brilhar sobre o pátio do colégio e pouco a pouco iam se vendo sorrisos entre os alunos. Todos pareciam cooperar para uma nova era, principalmente o grupinho. O semestre estava a terminar e predominava a crença de que coisas boas os aguardavam no semestre que vinha.

Dominick se preparava para seu último dia de aula do semestre quando Eduardo e Mara invadiram a sala do segundo ano.

— Vocês não deveriam estar nas vossas turmas agora? — O professor questionou.

Os dois se entreolharam.

— Eh... Bem... — Eduardo se adiantou. — Nós viemos perguntar sobre o Tobias. Soubemos que o professor foi vê-lo no hospital.

Dominick virou para Mara, sabia que aquela iniciativa partira da menina.

— Ele está a melhorar. — Respondeu. — E perguntou por você, Mara.

— Por mim?! — Ela dissimulou.

— Sim... E todos nós sabemos que você também está preocupada com ele. Deverias ir vê-lo.

— Ah... Eu não acho que seja uma boa ideia, professor.

— E por quê?

— Por que... por mais que me doa admitir, e apesar de tudo o que o Tobias passou, hoje eu sei que é melhor ficar longe. Estar com ele me fazia mais mal do que bem, Então.... Espero que ele melhore e que encontre seu caminho, mas eu não vou mais ficar perto dele.

Dominick e Eduardo se entreolharam. No fim das contas concordavam que era o certo a fazer. A garota prosseguiu:

— Agora que o pai dele foi preso por violência e abuso infantil, ele vai poder ter uma vida mais livre. Espero que isso mude a forma que ele vê o mundo.

— Também espero... — Dominick estendeu a mão sobre o ombro da menina e fez carinho. Ela retribuiu com um leve sorriso.

— E quanto a você, Eduardo? Tens alguma novidade?

— Ah... Sei lá. — O garoto ponderou. — O Eric, a Tina e o Daniel foram aceites em outro colégio. Vão começar as aulas já no próximo semestre e...

— Eu quero saber de você! — Dominick interrompeu.

Eduardo se surpreendeu. Parou por um tempo, forçou a memória para lembrar de algo interessante e sorriu levemente.

— Bom... Eu beijei a Beatriz... — Sussurrou.

— Ah... Eu não entendi.

— Eu disse que beijei a Beatriz — Gritou, e por coincidência a garota passou pela porta nesse mesmo momento.

O garoto se encabulou.

— Alguém disse o meu nome? — Ela perguntou com um olhar confuso.

— Ah... Não — Eduardo disfarçou, engoliu em seco. — Deve ter sido só impressão sua.

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