A SEXTA-FEIRA AMANHECEU LENTA E SÓ DEPOIS DAS OITO HORAS O DIA COMEÇOU A ENGRENAR NO COLÉGIO EINSTEIN. Alunos chegavam, alguns se cumprimentando, rindo e conversando; outros, os solitários, passando direto, com olhares abaixados, fones nos ouvidos e passos acelerados. Sempre evitando darem nas vistas.
Mara era uma dessas pessoas acuadas, de andar silencioso. Uma gota de quietude em um mar agitado. Naquele dia, por ter chegado mais cedo, ela se sentou em um dos bancos do pátio, esperando pelo namorado. Seu incomodo era evidente pra qualquer um que a olhasse, e nem exigia aproximação. Ainda de longe se podia constatar as mãos entre os pés, se afagando; o olhar perdido e a inquietação que não passava despercebida nem dos mais desatentos.
Era assim toda vez que ela ficava em um lugar sem Tobias por perto. Parecia estar em abstinência e agia como se estivesse vulnerável a tudo, por mais que, no fim das contas, Tobias nunca a protegesse de nada.
Demorou um pouco até o namorado enfim aparecer vindo do estacionamento, o que não era comum. Mara o observou de longe e se mexeu como se fosse levantar, mas hesitou quando o senhor do bigode aparado apareceu logo atrás do garoto. Ela logo o reconheceu. Voltou a se ajeitar sobre o assento e seguiu observando. Viu o namorado, desconfortado, entrando no edifício, provavelmente se dirigindo a sala da diretora, acompanhado por ninguém mais ninguém menos que seu pai, o Pastor Vilanova, um senhor que, ao longo de quase três anos de namoro com o filho, Mara nunca viu sorrir.
A menina entrou em conjecturas. Tentou imaginar o que poderia ter acontecido, mas nada vinha à cabeça. Entrou no prédio, apressada, parou ao pé da escada olhando para cima, como se isso fosse ajudá-la a descobrir as respostas do que a intrigava. Viu, bem a seguir, Dominick brotar de um dos corredores e subir as escadas, apressado. Se viu instigada a questionar o professor, mas hesitou e desistiu.
Alguns minutos se passaram, a nuvem que cobria o sol seguiu seu curso e o dia enfim soltou seu brilho. Alunos e professores entraram e saíram do edifício, algumas turmas já estavam em aulas. Tudo naquele colégio se movimentou excepto Mara, que permaneceu ao pé da escada esperando que Tobias descesse. Certo instante, a zeladora instalou seu carrinho com a pretensão de passar esfregona naquela parte do chão. Mara teve que se deslocar para a outra ponta do recinto, sob o olhar afiado de uma senhora que acabara de limpar as tantas salas e banheiros do térreo, e agora, prestes a terminar seu serviço, pressentia que a garota das duas tranças ladeadas atrapalharia seu trabalho.
Passaram mais alguns minutos e finalmente, Tobias e seu pai desceram as escadas. O senhor Vilanova parecia ainda mais sério do que estava quando entrou. Eles atravessaram o piso molhado sob a permissão da zeladora e saíram. Mara os seguiu. Os dois andaram até o estacionamento em silêncio, Tobias de cabeça abaixada, olhando pro chão e seu pai marcando passos contundentes. Quando chegaram perto do carro, se viraram um para o outro e logo começou o que parecia um sermão disfarçado.
Mara, de longe, escondida por trás de um carro; viu o namorado murchar do mesmo jeito que fazia quando estava perto dos valentões do colégio. Os gestos do pai se tornavam cada vez mais pungentes e a voz mais audível para ela que estava há metros de distância.
"Você não percebe que você precisa ser exemplo!" Mara escutou. "Quantas vezes eu vou ter que repetir que existem coisas que não são para ti. Me diz?! Eu vou acabar tirando você desse colégio imundo..."
O senhor finalizou, entrou no carro, bateu a porta e deu partida, deixando o filho petrificado olhando pro chão.
Passado alguns segundos, Tobias respirou, se ajeitou, enxugou os olhos e começou a andar rumo ao pátio do colégio. Quando Mara apareceu a sua frente, ele não escondeu a surpresa. Até então se sentia aliviado por achar que só ele havia presenciado o momento em que o pai despejou aquele mini-sermão. Ao perceber que Mara estava por perto, sentiu vergonha só de pensar que a namorada poderia ter visto tudo.
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أدب المراهقينSempre nos perguntamos como as provocações, as risadas e os deboches podem afetar a vida de alguém vulnerável. Esses cinco meninos podem responder essa questão. Liza, Mara, Tobias, Eduardo e Rafael, são adolescentes vítimas de bullying, que planejam...