- Boa noite, alteza. - Uma voz melodiosa disse ao abrir a porta do quarto silenciosamente, deixando feixes de luz externa adentrarem o cômodo.
Murmurei algumas coisas inteligíveis em resposta, minha mente lutando para despertar completamente do sono. Em algum momento da noite passada, eu havia simplesmente cedido à exaustão e adormecido alguns minutos depois da curandeira me deixar, minha mente muito cansada para permanecer acordada por mais tempo.
A criada entrou com cuidado no recinto, suas mãos ocupadas por um grande carrinho de mão repleto de comida e bebida, com acabamentos em ouro reluzente e pedras preciosas. Observei enquanto a jovem se aproximava com o jantar, seus olhos me encarando com hesitação.
- O seu jantar, alteza. Sua majestade pediu pessoalmente que eu o trouxesse até você. - A garota disse com cautela, sua voz soando tímida e juvenil.
- Sua majestade? - Perguntei com as sobrancelhas erguidas de surpresa, o choque transparecendo em minhas feições.
- Sim, princesa. Nosso governante foi bem claro em suas instruções de oferecer tudo o que temos de melhor para sua convidada especial. - A criada respondeu, fazendo as engrenagens na minha cabeça girarem ainda mais rápido.
Convidada especial. Eu, que havia sido sequestrada e levada contra a minha vontade para esse inferno, agora sou uma convidada de honra.
Um ódio profundo subiu por entre as minhas veias, meu rosto todo ardendo de fúria. Esse maldito rei, seja lá quem for, acha mesmo que tem o direito de sequestrar uma rainha, a manter algemada em uma cama sem poder sequer deixar o quarto e depois simplesmente dizer que ela era uma convidada especial? Para a porra do inferno com a diplomacia, eu quero a cabeça desse desgraçado em uma bandeja.
Meus braços estavam presos nessa coisa há pelo menos mais de 48 horas, nas quais eu não pude deixar a maldita cama por um minuto sequer, com exceção dos momentos em que fui ao banheiro, quando tiver que pedir aos berros para me soltarem ao mesmo para fazer minhas necessidades.
Se isso é o tratamento de uma convidada especial, espero nunca descobrir o tratamento que um inimigo recebe.
Jamais fui tão humilhada durante toda a minha vida. Era simplesmente ultrajante.
Vendo a irritação transparecendo no meu semblante, a criada pareceu alarmada, quase com medo. Suas começaram a trabalhar com mais rapidez, ansiosa para se ver longe de mim.
- Deseja mais alguma coisa, princesa? - Ela disse ao terminar de servir o jantar, seus olhos verdes encarando o chão fixamente, temendo olhar diretamente nos meus olhos.
Algo na postura submissa da menina me irritou profundamente, causando um formigamento familiar na minha mão atada. Só uma de nós estava amarrada como uma criminosa, eu é quem devia estar com medo, não essa coisinha.
- O que há com vocês me chamarem de princesa? Eu sou uma rainha, garota. A última do meu nome e primeira imperatriz que Lores já teve, e devo ser tratada com o devido respeito à minha posição. - Disse com a voz cortante, meu queixo erguido na minha melhor tentativa de postura imperial, considerando as circunstâncias lamentáveis que me encontrava.
A criada pareceu ter engasgado na própria língua, seus olhos esbugalhados de surpresa e seus lábios entreabertos. Ela me analisou com cautela, como se estivesse escolhendo com cuidado as palavras que diria.
- Títulos humanos não são válidos aqui, alteza. Sinto muito se a ofendi em algum momento, não foi a minha intenção. - Ela respondeu com a voz baixa, seus olhos não ousando encarar os meus.
- O que disse, garota? - Eu perguntei novamente, temendo ter escutado certo na primeira vez. Algo incoveniente se remexeu no meu peito, acendendo uma pequena chama de pavor na minha mente.
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herdeira de fogo
FantasíaApós perder o pai, Amberly finalmente se tornou rainha. Mas ela não herdou o reino que esperava. Com uma ameaça de guerra batendo na porta da recém coroada, ela se vê sem escolhas a não ser buscar por uma aliança com um país vizinho, a fim de garant...