CAPÍTULO I

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J I M I N

O amor não existe.

Quando criança corria pelo enorme jardim em frente ao castelo dos meus pais, cheio de flores de espécies diferentes por todos os lados. Mas assim que alcancei a idade para me tornar rei de Solis senti o peso da coroa mais forte sobre a minha cabeça. Ela não trazia somente a responsabilidade em cuidar de um povo, mas de uma geração inteira.

Portanto, o amor não existia quando se estava a poucas semanas de receber um título tão importante: Ser Rei. Como tal, eu teria que me casar e reproduzir. Para o rei Lucius e a rainha Aurora minha vida estava mais que decidida antes mesmo de eu nascer, o que me fez adquirir aversão ao meu futuro.

— É tão frio — minha mãe murmurou, enrrugando o rosto em uma careta. Olhava pela janela da carruagem protegida por vidro e uma cortina transparente, seus cabelos loiros e lisos estáticos. — Combina com a alma deles.

Engoli uma risada ao ver meu pai endurecer o rosto para a esposa. Os dois estavam sentados de frente para mim. Lucius não discordava, mas mostrou-se irremediável para que tais palavras não fossem ditas diante dos reis.

Passamos pelas grandes muralhas, entramos no reino Corvus e estávamos a caminho do castelo deles. Contemplei a neblina embaçar o vidro da janela ao meu lado e espalhar-se pelas estradas. Flutuavam lentas no ar, quase parando. Corvus tinha uma imagem triste, violenta e agonizante… não mudou desde a última vez que o visitei.

— Acho que estamos próximos, filho — mamãe sussurrou depois de muitos minutos no silêncio.

Mantive meus olhos nas paisagens que apareciam através da janela. Um dos guardas que nos escoltava passou ao lado da carruagem, em cima de um cavalo. Pobre animal, não deviam expô-lo a este clima. O homem ergueu uma das mãos, como um tipo de sinal para alguém.

— Jimin — meu pai chamou. — Olhe para mim. — Ordenou com a voz grave e eu obedeci, sabendo o que estava por vir. — A aliança será benéfica para todos nós. Não precisamos de mais uma guerra contra reinos vizinhos. Faça a parte que lhe cabe como um futuro rei que ocupará o meu lugar. — Assenti, avaliando seus olhos caídos, semelhantes aos meus, pensando em como meu pai estava certo sobre a aliança ser de extrema importância e o quanto precisava do meu apoio. Entretanto, isso não a tornava menos desagradável.

Antes do meu nascimento meus pais fizeram uma espécie de pacto com o reino Corvus. Ao atingir a idade certa eu me casaria com a princesa deles. Porém, o rei Magnus e o rei Yoongi, ambos casados, nunca conseguiram uma provedora que desse a luz a uma menina. Tiveram apenas um único filho homem.

Era comum um príncipe casar com outro — ou uma princesa com outra princesa — para ambos governarem juntos, e nunca houve amor nessas relações porque eram pactos da realeza com o intuito de manter a paz entre os reinos.
Foi o que aconteceu com os meus avôs. Cada um escolheu uma provedora para si, e conceberam filhos: Lucius, meu pai e rei de Solis; e Yoongi, segundo rei de Corvus e meu tio. O mesmo me acontecerá em breve e eu não podia estar mais infeliz, pois fui condenado a passar minha vida inteira ao lado de uma pessoa asquerosa: o príncipe Jungkook.

O solavanco da carruagem me fez engolir seco. Chegamos. Esperei meus pais saírem primeiro. Na minha vez inspirei o ar frio e o coloquei para fora assim que minhas narinas estiveram em solo maldito. Finquei os pés firmemente nas pedras que compunham o chão. Ergui o rosto para o castelo. O monumento grandioso, o maior de todos, possuia grandes muralhas de pedras em volta e torres altas dando-me a impressão de que o reino era perigoso demais por haver tamanha proteção. Apesar de termos um castelo em Solis como residência da família real, viviamos muito mais no palácio, sem medo de sermos mortos por inimigos, pois estes eram a família daquele a qual os meus pais me obrigaram a casar.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora