CAPÍTULO VI

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J I M I N

— Olhem para ele — o garoto ruivo apontou para mim. Os outros fizeram o mesmo. As gargalhadas atingiam os meus ouvidos mais que a lama em meu rosto e em minhas mãos; mais que a vergonha e as lágrimas encontradas em minha face. — Ouçam! — Ergueu as mãos para cima e gritou: — Um merdinha vai ser o nosso rei! — Todos vaiaram. Um círculo foi feito ao meu redor.

Quis sair dali, mas não consegui. Se eu aguentasse as humilhações, eles se tornariam meus amigos? Se eu os deixasse me machucarem, entenderiam que eu posso ser como eles? Que ser um príncipe não me faria superior?

Fechei os punhos e inclinei a cabeça para baixo ao ouvir as risadas. Alguns chamavam-me de lixo, merdinha… mandavam eu me matar… Crianças conseguiam sentir ódio? Porque eles me odiavam.

Mãos empurraram meu peito e me fizeram tropeçar e cair de bunda no chão. Um soco foi desferido contra o meu rosto. Depois outro. Outro. Minhas costas atingiram a poça de lama, senti-as alcançar minhas orelhas, bochechas, minha alma.

Me vi de cima, enquanto flutuava sobre a minha carcaça suja e machucada.

O medo persistia na minha mente, mesmo depois de adulto. Cada vez que as memórias ruins voltavam, eu me perguntava: porque aguentei tanto? Não compreendia o que significava ser um príncipe e a quantidade de poder que eu possuía. Poderia tê-los parado.  No entanto, o garoto loiro, irreconhecível ante meu olhar, permaneceu no chão misturado à lama e recebendo chutes.

Minha garganta secou, os olhos lacrimejaram e o vento arrancou-me para longe. Abri a boca e expirei alto. Foi como receber ar pela primeira vez.

Pressionei meus dedos no tecido debaixo deles. As pálpebras seguiram pesadas, não as abri por completo, porém enxerguei entre as frestas o ambiente pouco iluminado. Apoiei-me na colcha e ergui o corpo. Caí de volta na cama de maneira abrupta, um gemido escapou dos meus lábios.

— Está fraco — a voz de mamãe soou baixa e cansada. Engoli em seco. Sede, estou com sede. — Não tente se levantar por enquanto. — Aproximou-se da cama e organizou, cuidadosa, os travesseiros embaixo da minha cabeça. A parte detrás desta reclamou com uma pontada.

— Jungkook me envenenou — choraminguei, zonzo.

— Não volte a repetir isso em voz alta — rosnou. — Me entendeu? — Arregalei os olhos por seu tom autoritário. Ela parou ao lado da cama. —  Se realmente foi envenenado, por que continua respirando?!

Mesmo com o corpo pesado e dolorido, esforcei-me em pensar sobre o que ela disse — e como disse. Se fui envenenado, devia estar morto e não de olhos abertos. Não comi nada pela manhã, também não almocei… o que ele envenenou, minha água?

— Não sabe o que tive que ouvir daquele… — expirou fundo, os lábios trêmulos em puro ódio. — daquele petulante. — Franzi as sobrancelhas.

— O quê..?

— Seu pai e eu fomos avisados do seu desmaio — contou ao sentar-se na beirada do colchão. — andando a cavalo. — Lançou-me um daqueles olhares acusatórios. — Bem, a primeira coisa que pensei é que estavam loucos, porque meu filho não sabe cavalgar. No momento em que pisei neste castelo, aquele — prensou os lábios. — aquele príncipe insolente gritou comigo! Uma rainha! — A chateação evidente enrugou sua testa.

— O que ele — pare Jimin, você não quer saber. — disse, exatamente?

Os olhos de mamãe caíram sobre o meu corpo coberto pelos lençóis, e odiei-me por estar tão ansioso pela resposta.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora