J I M I N
Organizei o plano muito antes da viagem ao reino Corvus, para certificar-me de que eu não me casaria. A aliança tinha um valor, mas a minha liberdade valia mais que a de qualquer um.
Depois de chegarmos ao castelo e nos receberem, um dos guardas nos escoltou até os nossos quartos. O meu ficava distante dos demais, em um corredor silencioso que tinha mais estátuas do que portas. No entanto, fiquei confortável assim que tranquei a porta pesada e soube que estava sozinho. Meu olhar grudou na cama de casal, mas a mente vagou pelo jantar que teríamos daqui a algumas horas.
Corri até a janela, trancando-a, depois fechei as cortinas. Tremia de frio e após tirar o sobretudo de veludo a sensação intensificou. Amaciei o casaco grosso relembrando o momento em que Seokjin ficou tão próximo. Trouxe-o para mais perto do meu nariz, inspirei o cheiro de umidade e rocei os lábios no tecido. Suspirei em meio a um sorriso leve. Coloquei o sobretudo sobre a cama.
Retirei a flor sob a minha cueca e a ergui no ar, arrancando um de suas pétalas. Guardei o resto da Tenebris dentro da mala de couro, escondendo-a entre as roupas e os objetos que trouxe. Se o plano não funcionasse, precisaria de mais para continuar tentando.
Coloquei a pétala sobre a mesa defronte a cama, uma espécie de penteadeira. Desfiei até que estivesse em pedaços minúsculos ao olho humano e guardei em um lenço de seda. Respirei alto, meu corpo agitando-se conforme os segundos se arrastavam. Encarei-me no espelho enorme grudado na parede atrás da penteadeira, meus cabelos loiros caiam sobre a minha testa que, mesmo com o frio deste lugar, suou. Avaliei cuidadosamente minha própria imagem. Meus lábios tremeram quando encarei a palidez de minha pele. Aqui devia ser quente feito o inferno e não o contrário.
[...]
Desci a escadaria acompanhado da minha mãe. Ela usava um vestido branco e longo que descia reto por seu corpo, as mangas cumpridas impediram que reclamasse do frio. Ao pararmos no salão escuro, de formato circular, reparei nas estátuas enormes de corvos e anjos esculpidos em pedras cinzas, em cima de mesas coladas nas paredes.
— Não esqueça do que o rei lhe disse — minha mãe sussurrou, virando-se para mim. Ergui as sobrancelhas. — Lucius ou rei, não importa. É o mesmo homem com quem me casei — respondeu, olhando ao redor.
— Preciso mesmo me casar com ele? — soltei em voz baixa. Apontei com os olhos para o corredor sem luz atrás dela. — Não pode ser outro? Qualquer um…
— Prometemos você a princesa deles — interrompeu, sem ânimo. Inclinei o rosto para frente.
— Uma princesa, não um príncipe.
Aurora entrelaçou os dedos à frente do próprio corpo e suspirou. Não era a primeira vez que tínhamos essa conversa. Eu conhecia toda a história, porém não aceitava. Nunca aceitaria.
— Casamentos não envolvem amor, meu filho. — A voz doce me fez abaixar as lâminas que eu havia erguido. — No mundo em que estamos a felicidade do nosso povo vale mais que a nossa. — Ou seja, casar com o inimigo para que ele não decretasse uma guerra contra os nossos. — Ainda será livre para amar a mulher que desejar.
Deixei as pálpebras caírem. Se ela soubesse que minha irritação não era por casar com um homem, isso de fato pouco me importava, o problema era ser o príncipe que odiei por anos e tal ódio ardia no meu peito. Jungkook era o pressagio do mal.
A conversa encerrou quando Seokjin apareceu no corredor atrás da rainha e fez uma reverência.
— Os reis estão esperando, majestade.
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LENITIVO • jikook
Fanfiction[EM ANDAMENTO] O que acontece quando duas pessoas que aprenderam a se odiar são obrigadas a se casarem? A vida do príncipe Jimin foi planejada muito antes do seu nascimento. No passado, o Reino Solis e o Reino Corvus foram inimigos, e para manter a...