CAPÍTULO III

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J I M I N

Ergui as pálpebras pela centésima vez, inconformado. Jungkook não morreu, seu corpo de algum jeito rejeitou o veneno e no fundo pressenti que aconteceria. O príncipe era um tanto forte e esperto, embora me doesse admitir. Ele desconfiou de mim, tenho certeza. Depois de dizer aquelas palavras ignorou-me durante o restante da noite.

Virei de lado na cama, apreciando as cortinas escuras da janela. Se eu focasse um pouco os olhos veria as grades de ferro através dela e da vidraça que a protegiam. Esta última eles misturavam junto a um cristal resistente cujo nome nunca gravei na memória. Existia somente em Corvus. Excesso de proteção. Mas é claro, pessoas ruins possuem inimigos e necessitam de grandes muralhas para protegê-las. Inspirei fundo e tentei dormir de novo.

O silêncio reverberou no ambiente, porém as próprias vozes da minha cabeça insistiram no barulho angustiante, o assunto que tirava o meu sono. Ele ainda está vivo. Pressionei com mais força as pálpebras. Não tem o direito de tirar a minha paz. Afundei as unhas no travesseiro e encolhi-me sob a coberta para amenizar o frio instaurado em mim. O sono abraçou-me silencioso e não durou mais que alguns minutos, pois o som da  porta sendo arrastada alertou-me.

Não deu tempo de correr.

Os dedos prenderam-se ao topo dos meus cabelos e forçaram a raiz dos fios, semelhante a espinhos perfurando-os. Soltei um grito grosso que parou na metade, pois a mão livre de Jungkook tampou minha boca. Ele puxou-me da cama com brutalidade o que me fez cair de joelhos no chão. Meu corpo foi arrastado para outro cômodo dentro do quarto. O banheiro possuía pedras mais grossas no piso e machucou os meus joelhos cobertos pela calça de seda. As feridas arderam e eu gritei abafado contra a mão de Jungkook. Tentei mordê-la, o que foi impossível quando ficamos próximos à banheira grande e quadrada. Meu corpo foi lançado contra o material duro que a revestia, acreditava ser o mesmo da janela. O impacto no peito fez com que eu apertasse a borda da banheira e abrisse a boca para sugar com desespero o ar que se esvaía. O príncipe agachou-se ao meu lado e sussurrou próximo a minha orelha esquerda:

— Tenebris no vinho? — Reforçou o aperto na nuca. Meus olhos transbordavam lágrimas, os joelhos ardiam e o maxilar tensionou desde o momento que eu fui arrancado da minha cama. — Você já foi mais criativo, raio de sol — rangeu os dentes.

— Raio de sol — repeti com desprezo. O maldito apelido girou no meu estômago, similar a uma espada. Deu-me ânsia e nojo.

Jungkook mordiscou o lóbulo da minha orelha e puxou para trás, depois soltou-o sem pressa. Arrastou a língua até alcançar a hélice, onde depositou novas mordidas. Todos os pêlos do meu braço eriçaram.

— Depois de anos você ainda tenta — sussurrou ao prensar os lábios para baixo, na lateral do pescoço. — me machucar.

— Se eu não soubesse quem você é, diria que está magoado.

Toda minha cabeça foi forçada dentro da banheira com água, o susto não permitindo que eu fechasse a boca na hora certa. O líquido invadiu meus olhos, nariz e ouvidos. Ao ser puxado para fora, engasguei. Tossi enquanto Jungkook ria.

— Não tentou me matar sozinho. — Meu peito subiu e desceu. — Como saber se colocou o veneno na garrafa certa.

— Acha que — arfei. — vou lhe dizer…

— Não, estou pensando em voz alta. — Apoiou a mão livre, antes em minha boca, na borda da banheira. — Vai tentar me matar de novo com a ajuda do seu cúmplice. — Jungkook formou uma linha reta com a boca. — Mas — pausou, descendo seu olhar para o meu nariz. — é o que você quer: uma guerra para não se casar comigo.

O príncipe enfiou minha cabeça outra vez na água, deixando-a por mais tempo, mas desta vez lembrei-me de fechar a boca.

— Darei a você o que tanto deseja — falou enquanto eu me contorcia debaixo da água.

Retirei minhas mãos da borda e finquei as unhas no braço dele. Arranhei e fiz força para arrancá-lo do meu pescoço. A umidade estranha sob minhas unhas indicava sangue? De repente, o aperto na parte de trás sumiu e eu pude erguer meu rosto, deixando cair mais água no piso de pedra. Apoiei as mãos no chão do banheiro e busquei por Jungkook.

Ele tinha ido embora.

A garganta ardeu enquanto eu contorcia meu rosto e vomitava o que engoli. O vermelho escuro destacado nas pontas dos meus dedos arrancou um leve contentamento no final do processo. Pelo menos alguma ferida causei na pele dele.

Meu corpo fraquejou e deslizei no chão, deitando de barriga para cima ao lado da água suja. Não houve forças para levantar e sair, somente pontadas firmes que fizeram-me apreciar as reações que alcançaram cada uma das minhas células. Dormi ali mesmo.

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Esse foi até agora o capítulo mais curto e mais complicado de escrever 👁️👁️ o próximo é maiorzinho e sai essa semana!

Impressões dos personagens? Teorias? Ódio iminente? 🖤 Apreciem o caos!

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🦋Até breve, corações :)
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LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora