J I M I N
Vê-lo voltar a vida foi o pior dos meus medos. Não importou quantas vezes enfiei a lâmina, a respiração de Jungkook retornava em segundos. E ouvir ele dizer que tentou se matar e não conseguiu me fez enxergar a realidade: Tudo foi em vão.
Jungkook nunca morreria e eu jamais seria livre da obrigatoriedade de viver ao seu lado.
E se eu não o tivesse manipulado dez anos atrás? E se tivesse aceitado que ele gostava de mim desde o princípio?
Repudiei a decisão que eu não tomei; um casamento que não pedi; um homem que eu não escolhi… Sacrifiquei a alma dele, fazendo-o me odiar; e condenei a minha, pois nunca considerei dar a ele uma oportunidade.
Desde muito pequeno acreditei ter algo errado comigo. Busquei atenção de quem me machucou e feri quem tentou me amar.
O que vai fazer agora, sabendo que não consegue matá-lo?
O que fazer em um mundo onde preciso conviver com ele?
Planejei matar Jungkook e meu único objetivo se transformou em cinzas. Não era mais: casamento ou guerra. Guerrear com um imortal? Que estupidez.
O que farei? Fugir? Não. Embora eu tenha considerado inicialmente, ir para longe não é liberdade.
A liberdade que busquei a minha vida inteira nunca esteve ao meu alcance. O quanto perdi para conquistá-la?
Dentro dos braços de Jungkook, o rosto colado ao seu peito nu e os dedos receosos em suas costas, fechei os olhos e inspirei o ar podre. O sangue fedia.
A batida alta fez Jungkook apertar os meus ombros e me afastar. Caminhou impaciente até a porta, abrindo-a por inteira.
— Alteza. — Seokjin tinha retornado para pegar a louça suja no chão.
Entrou no quarto fazendo reverências a nós dois. Seu olhar caiu para a sacada ensanguentada de onde não saí.
— Limpe tudo — Jungkook mandou, cerrando as sobrancelhas para o rapaz. — Depois traga água quente. Seja discreto.
Não sou eu quem deve dar a ordem, por que ele se intromete?
Veio na minha direção e segurou meu pulso com a cotidiana agressividade. Puxou-me para o outro cômodo.
Mirei as paredes acinzentadas do banheiro, depois a banheira roxo escura. Um material que vi com frequência pelo castelo, nas janelas e prataria.
— Vocês usam muito essa pedra — comentei. — Qual o nome?
Jungkook libertou meu pulso e pegou um pano pequeno em cima da mesa com ervas e flores aromáticas. Umedeceu em um balde embaixo dela e parou diante de mim. Sentei-me na borda da banheira, com as mãos em cada lado das coxas.
— Alspaladio. — Dobrou a perna, cravando no chão um joelho, seguido do outro.
— Als - pa - la - dio — repeti pausadamente.
Jungkook aproximou o tecido da minha bochecha direita, limpando-a com prudência. Não soube o que fazer com a outra mão, portanto a manteve paralisada acima do meu joelho direito, sem tocá-lo. Limpou a outra bochecha, o nariz, minha testa, mas sua concentração em limpar o meu queixo foi maior que qualquer outra. O sangue talvez concentrou-se demasiado naquele ponto.
— Vai contar a ele? — perguntou, a voz grave.
— O quê?
Estagnou a limpeza e cravou o olhar irritado em mim.
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LENITIVO • jikook
Fanfiction[EM ANDAMENTO] O que acontece quando duas pessoas que aprenderam a se odiar são obrigadas a se casarem? A vida do príncipe Jimin foi planejada muito antes do seu nascimento. No passado, o Reino Solis e o Reino Corvus foram inimigos, e para manter a...