CAPÍTULO XIII

3.4K 655 191
                                    

J U N G K O O K

A sala de reunião estava mais barulhenta do que pela manhã.
Me mantive em silêncio, ouvindo as reclamações, enquanto minha cabeça era transportada para horas atrás, quando enfiei a espada na garganta do traidor.

Meus pais de imediato ordenaram aos guardas que encaminhassem os convidados aos aposentos do castelo, para que descansassem  e passassem a noite.

Encerraram a festa e levaram o corpo do submisso.

Saber que ele estava morto era bom. Gratificante eu diria. Ele me deu motivos para matá-lo. Eu aproveitei. Quis aproveitar. Não permitiria que tentasse contra mim e saísse ileso, sem a consequência de sua má escolha.

Escolha. Sim. Ele escolheu a morte ao me envenenar. Eu apenas a concedi.

— É um ultraje que o herdeiro da coroa assassine pessoas com as próprias mãos — O duque Finnian se queixava, andava de um lado a outro. As mãos gesticulavam em exagero. — Para isso existem as leis, oras!

— O que ocorreu essa noite foi intragável — o duque Uriah afirmou, sem retirar o charuto da boca.

Era nítido que ambos criticariam meu comportamento.

— Nosso futuro rei quase foi envenenado por um submisso solisiano — Theon, um dos nossos duques, tomou a palavra. Ele era representante de nosso maior vilarejo: Errat. — Corvus tem suas leis. Consiste em condenar à morte o criminoso.

— "Condenar" não é matá-lo em um salão de festas, no dia do casamento real — Magnus explicou, na ponta da mesa contrária a onde eu estava sentado.

Seus olhos ardiam cada vez que me encarava. E foram muitas. Estava decepcionado com minha atitude. Meu outro pai, ao seu lado, continuou indiferente ao escândalo que se fazia na sala. Talvez fosse o menos preocupado.

— Seokjin foi nosso submisso e nós devíamos ter sido encarregados de puni-lo. Um solisiano deve ser condenado pelas leis de seu reino — Lucius falou, ao que os duques hipócritas de Solis concordaram.

Recostei-me na cadeira, desgastado por tantas falas que não levavam a lugar nenhum.

— O submisso estava nas minhas terras — opinei, arrancando todos os olhares para mim. Não me importei em soar grosso. — No meu castelo. Indo e vindo sem restrições. As nossas leis condenam à morte. Eu adiantei o trabalho dos meus soldados. E se fiz em meio a corte — dei de ombros. — , o que importa? O submisso era solisiano. Brasa, seu cúmplice, também devia ser. "Por Brasa e por Solis", o que acha rei Lucius? — Inclinei o rosto para o lado e mirei nele, sentado perto dos meus pais.

— O que está insinuando? — ele questionou. 

— Eu? Nada — respondi. — Seu filho não estava interessado em se casar comigo. Seokjin era o submisso pessoal dele. Brasa é solisiano… Mas é claro que não os acuso de conspirarem contra Corvus.

Sorri abertamente, me divertindo com o pânico que tomou conta de seus olhos. Havia tanto desespero neles que eu quase desejei arrancá-los e guardar de recordação.

Meu sangue ainda fervia de prazer. A alegria fúnebre de matar alguém se arrastou por cada célula do meu corpo. Odiava. E amava também.

— Ouça o que seu filho está me acusando, irmão — o rei de Solis bradou à Yoongi, levantando de seu assento.

— As declarações de Jungkook são pertinentes — meu pai disse.

Recebeu um olhar irritado de Magnus, que tentou acalmar a sala:

— Não estamos acusando ninguém. Jungkook errou. Foi uma atitude lamentável e um rei não se comporta dessa forma. — Lucius voltou a sentar-se, mais calmo. — Mas houve uma justificativa por trás. Isso basta. O que devemos discutir é o fato de um submisso ser aliado do nosso principal inimigo no momento.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora