CAPÍTULO IV

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J I M I N

Ao amanhecer senti o quão fraco meu corpo estava, os braços doloridos e a garganta frágil. De costas para o espelho, olhei por sobre o ombro o reflexo da parte de trás do pescoço. A pele avermelhada deixou-me com os dentes trincados. Maldito Jungkook.

Vesti com cuidado o sobretudo branco e fechei um por um dos botões, o que deixou a gola alta reta, cobrindo todo o meu pescoço. Sentei-me na cama quando terminei. Faltava as botas de couro preto, no entanto minhas mãos doloridas apoiaram-se sobre as coxas e desistiram.

— Alteza. — Seokjin fez uma reverência ao abrir a porta, depois de ter trocado a água da banheira e levado os panos que usou para limpar o chão do banheiro. Contei a ele o que aconteceu ontem a noite quando Jungkook veio ao meu quarto buscando vingar-se. O príncipe não contaria sobre eu tê-lo envenenado, pois desejava ser o único a punir-me. — Precisa de ajuda? — Limpou a garganta ao olhar para os meus pés.

Assenti.

Ele não demorou a se aproximar e ajoelhar-se na minha frente. Seus dedos tocaram meu pé esquerdo com delicadeza, erguendo-os e colocando a bota.

— Descobriu algo? — Arfei baixinho, pois sua mão era macia.

— Nada, alteza. — Pôs a bota direita, depois fitou-me ainda de joelhos.

— Ele bebeu o veneno — analisei. — , não bebeu?

— Coloquei no vinho como me ordenou, e a bebida na taça dele e na sua para que não desconfiasse. O príncipe bebeu o veneno — assegurou.

Mas ainda está vivo.

—  Alteza — chamou ao chegar mais perto. — , está se arriscando.

— Você muito mais. — Desci meu olhar para os lábios de Seokjin, um pouco cinzas pelo frio. Ele era bom para mim e queria poder ser bom para ele. Tinha medo do que Jungkook pudesse fazer se descobrisse que meu submisso também foi meu cúmplice. — Obrigado por me acompanhar nessa… guerra contra Jungkook.

— Se permitir, gostaria de saber — ponderou olhando para um ponto abaixo do meu pequeno nariz. — quando o ódio entre vocês começou.

— O dele, quando eu tentei matá-lo pela primeira vez. — O rapaz examinou meu rosto em busca de algo que lhe dissesse mais. — O meu, após o meu nascimento. Quem sabe antes. Sei que suas impressões sobre mim podem ser negativas depois de saber que não foi a primeira vez que tentei matá-lo, mas…

— Ainda é o mesmo garoto que salvou a minha vida. — Engoli todo o ar ao ouvi-lo soar firme.  — Sua majestade o convidou para atirar flechas com ele — mudou o assunto.

— Meu tio? — Levantei-me e Seokjin fez o mesmo.

— O rei Magnus.

Abri os lábios sem nada para dizer. Afinal, o que eu diria? Que meu coração saltou como se fosse um menino esperançoso?

— Onde ele está?

— No jardim principal. 

Será que Jungkook contou algo ao pai? O pequeno Jungkook foi muito apegado a Magnus, porém a versão mais sombria e adulta dele não devia ser equiparada ao passado.

Ele mudou.

Eu também.

[...]

— Abra as pernas — Magnus ordenou atrás de mim.

Ouvir sua voz tão perto estremeceu a mão que segurava o arco de madeira. Fiz o que pediu e deixei cada uma das minhas pernas abertas em paralelo e na direção dos ombros.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora