CAPÍTULO XVIII

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J I M I N

Adormeci nos braços de Jungkook — mais precisamente eu desmaiei nos braços dele.

A ardência dos meus olhos desmanchou-se em lágrimas e eu as enxuguei no seu pescoço, para logo depois ficar inconsciente no seu abraço. Quando acordei estava na minha cama. No meu quarto. Foi estranho abrir os olhos e pensar nos aposentos do castelo de Jungkook como algo que me pertencia. Meu primeiro pensamento foi buscar por ele, porém as únicas pessoas no quarto eram uma servare e Magnus. Eles falavam coisas que eu não decifrava. Meus cílios se erguiam pouco, minha boca estava seca e tão pouco fui capaz de mover meu pescoço.

Toquei o tecido leve ao redor da minha testa. Dormentes. Meus dedos pareciam não ter sangue circulando. A pressão leve sobre a ferida fez um gemido curto e seco saltar da minha garganta, que suplicava por um copo de água. As minhas orelhas se agitaram ao ouvir o som da porta — ou alguma coisa pesada sendo arrastada no chão. Deitado eu não controlava nada. Nem mesmo o teto do quarto se mexendo feito uma onda leve.

— Como está se sentindo? — a voz grave de Magnus me despertou.

Consumi ar o bastante para respondê-lo:

— Incapaz de me mover.

Ele suspirou em alívio.

— Em poucas horas seu corpo voltará ao normal. Descanse. Quando estiver se sentindo melhor conversaremos sobre sua recuperação.

Imaginava o quanto ele devia estar angustiado por saber do ataque contra seu filho, o que me levou a pensar em mamãe se sentindo da mesma forma. Gostaria que ela estivesse aqui.

— O que aconteceu? — perguntei.

— Perdeu uma quantidade considerável de sangue. A servare não soube explicar como você sobreviveu. Alguns minutos a mais e ... bem... Ela fez o que pôde para amenizar. Os próximos dias são essenciais. Seu bem estar é o mais importante neste momento.

— Jungkook está bem?

Fechei os olhos e voltei a dormir após ouvir Magnus dizer que seu filho milagrosamente não se feriu.

Jungkook era imortal, mas por alguns mínimos segundos, quando Bash enfiou a espada no peito dele, eu fiquei com medo. Gritei apavorado. Um pensamento rápido me estagnou: talvez uma espada possa feri-lo de verdade e ele morra. E naqueles instantes infinitos me perguntei o que a morte dele significava para mim. Ele havia ganho uma posição distinta nas vozes que perpassavam a minha cabeça. Não era mais ódio, embora sua presença agitasse os meus sentidos, eu entendi que o resultado de odiá-lo vinha da necessidade de andar lado a lado com alguém que pudesse carregar os fardos dos erros que cometi.

Porém, eram os meus erros.

Meu fardo.

Obriguei Jungkook a carregá-los comigo.

Enxergar Jungkook de um jeito diferente do qual estava habituado, me obrigava a olhar para o meu eu verdadeiro: um homem destruído e frágil. Desesperado por amor. Um amor que às vezes confiava não existir. Fiz tantas estupidezes impossíveis de contar nos dedos das mãos. Perguntar para Magnus sobre Jungkook era um passo rumo a caminhos perigosos, assim como beijar o príncipe, roubar sua carta e desabar em seus braços. Eram alertas de que eu deveria parar e ir o mais longe possível dele. Mas e se fosse o contrário do que o meu corpo pedisse para fazer e eu me sentisse sendo empurrado para Jungkook, como nunca antes aconteceu em minha vida?

Meu corpo pesou.

Abri os olhos com esforço e movi o pescoço para buscar por algum submisso presente no quarto, guardando-me, mas o que encontrei foi uma sombra grande sentada em uma cadeira em frente a penteadeira. Jungkook estava inclinado, o corpo virado para mim, os cotovelos apoiados nas coxas e as mãos, que seguravam um papel, apoiavam também o seu queixo. Alguns fios cobriam sua testa. Eu não conseguia ver sua expressão devido ao ambiente pouco luminoso, contudo minha garganta coçou, fazendo-me tossir. Foi o bastante para ele sair do transe em que se encontrava. Jungkook retirou as mechas que cobriam os seus olhos e penteou os cabelos para trás.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora