CAPÍTULO XVII

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J U N G K O O K

— Estou na frente do ilustre Brasa — constatei, os dentes apertados.

Analisei seu corpo, desde as suas roupas cinzas, amassadas e manchadas de sangue, ao rosto nas sombras.

— Não é grande coisa.

Ele deixou a nuca cair para trás e riu alto, as veias se destacando na testa e os cabelos castanhos ondulando com o movimento.

— Dificilmente encontrará um criminoso bem trajado, alteza. Mas fico grato por ter pensado em mim ao nível de criar expectativas. Não posso esconder a decepção em ver que vossa alteza também não se parece em nada com o que ouvi dizer: o temido príncipe corvo. — A lamparina em suas mãos foi passada ao mais baixo à sua direita. Gael. Ambos trocaram um olhar duvidoso. Brasa deu alguns passos para trás e seus cúmplices o imitaram. — Desçam!

Jimin e eu saímos da carruagem com nossas mãos unidas, seu corpo colado às minhas costas. O encarei sutilmente por sobre o ombro, verificando a sua testa e a expressão contorcida. Ele estava sentindo dor, mas engoliu cada gemido para si, o que me deixou mais preocupado, com a respiração cortada e os batimentos frenéticos. Raio de sol perdia muito sangue a cada segundo.

— O que faremos agora? — Gael perguntou, erguendo a lamparina na altura dos ombros.

Minha respiração travou quando as mãos de raio de sol se abriram dentro das minhas, pondo algo nelas. Apertei o objeto metálico e frio, escondendo-o.

— Prenda os dois — Brasa deu as ordens ao da esquerda, Bash, que tirou uma corda grossa de dentro de uma mochila surrada no chão. — Qualquer movimento diferente será o suficiente para apressar a sua morte, alteza. Não tente nada.

Contrai a testa.

Brasa não olhou para Jimin desde o momento em que o cumprimentou. Sua atenção era voltada para mim, como se fosse eu quem devesse temê-lo. Afundei mais os dedos um no outro quando Bash agarrou o meu braço, me virou de costas para ele e de frente para raio de sol. Jimin tinha o rosto inclinado, os ombros tensos e a pele trêmula. Seu nervosismo e medo fizeram minha testa suar e a garganta arder. Quanto mais tempo aqui, mais chances de Jimin desmaiar. Um mínimo erro e eles matarão raio de sol. Ao nosso redor apenas escuridão e corpos caídos com partes de membros arrancados. Não estão sozinhos. Deve haver mais deles escondidos na floresta.

— Como conseguiram se livrar de meia dúzia dos meus homens? — questionei, rígido.

— Eles eram uns imbecis — foi Bash quem respondeu. Seu hálito contra a minha nuca. Ele continuou a amarrar a corda ao redor dos meus pulsos.

— Meus soldados eram experientes. E vocês são apenas três garotos que desconfio nunca terem pisado os pés em um campo de batalha.

— Mas eles estão mortos e nós não. — Me girou novamente e entregou-me um meio sorriso. Ficamos frente a frente. Bash era jovem e mais alto do que os outros, apenas alguns centímetros mais baixo do que eu, o que me fez cair o olhar para suas características físicas. Cabelos pretos pontudos, nariz fino e músculos pequenos, porém notáveis. — Sabemos usar espadas.

— Devo acreditar que vocês, sozinhos, se livraram dos principais? — prossegui com a especulação, o timbre mais grave. — Os outros foram embora por acharem que bastariam somente três para matar o príncipe de Solis e o de Corvus? — Bash formou uma linha com os lábios. — Eu facilmente o partiria ao meio com a espada que diz saber usar.

Minhas palavras foram o suficiente para ele fechar a cara, se empurrar contra mim e rosnar:

— Quero ver tentar.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora