CAPÍTULO XXIV

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PARTE 1

J I M I N

Os braços de Jungkook envolta do meu corpo aumentaram o aperto, tanto quanto nossas bocas batalhando para cessar um conflito que nunca teve fim merecido. A escuridão nos tomou como em todas as vezes anteriores, em meio ao acolhimento que só ela nos ofertava. Não importou-me quem nos via colados e entregues, pois o meu coração batia rápido, a respiração irregular, e enfrentar as gotas pesadas da chuva por ele tornou o resto irrelevante. Somos nós dois, apenas. Abri a boca e a afastei devagar da sua, nossas testas ligadas.

Jungkook tentou beijar-me mais uma vez, impedido pelas minhas mãos em seu peito. 

    — Espere — gemi. Dei-lhe um beijo sutil para acalmá-lo. E a mim também. — Precisamos sair da chuva. Nos secar.

    Jungkook concordou em silêncio, a língua colhendo a umidade da boca. Pôs um braço ao meu redor e guiou-me pelo caminho anterior. Meus dentes bateram um no outro, os pés pisando incertos no chão que desapareceu, mãos seguraram-me pelas costelas e levantaram-me para me por dentro da carruagem. Os meus ossos mais sensíveis que o normal.

Jungkook entrou e a porta foi fechada, a temperatura mudando para uma mais morna.

Recostei no banco e respirei fundo, à espera de que os ombros não ficassem mais sobrecarregados. As pessoas costumavam ficar agitadas desta forma depois de um ato de coragem? Pois correr para Jungkook sob uma chuva que por muito tempo temi foi um acontecimento um tanto inacreditável e... bonito. Senti-me nascendo e dando o primeiro suspiro.

Livre.

Fui a Jungkook por escolha minha.

A carruagem se moveu e remexi-me sob as camadas úmidas que eu ansiava por tirar.

Jungkook sem fôlego e sentado à minha frente, pesou seu olhar sobre o meu. Sua face brilhava, resultado dos pingos escorrendo do seu cabelo e  trilhando uma curva sutil no nariz, caindo sobre os lábios inchados no final. Alguns fios maiores do seu cabelo estavam grudados às têmporas, o comprimento agarrado ao pescoço assemelhou-se aos meus dedos poucos minutos antes. Engoli em seco ao inspecionar os músculos dos ombros, moldados pela túnica encharcada que destacou as ondas largas dos braços, o tecido grudou-se ao seu abdômen e vez ou outra o vi transparecer a sua pele.

Raspei os dentes de cima no lábio inferior, sentindo-os sensíveis.

Jungkook estreitou os olhos, curvou o corpo para frente e apoiou os cotovelos nos joelhos. Pôs as mãos cruzadas sob o queixo e continuou quieto, enquanto um temporal caía do lado de fora. Limpei a garganta e me recompus, não sabendo ao certo como agir ante ao seu comportamento. A expressão fechada fez minhas pernas apertarem-se uma na outra. Era intrigante tê-lo completamente dedicado a criar um desafio de quem encarava mais os detalhes do outro.

— Pare de me analisar — pedi, a voz tênue.

Jungkook ergueu o polegar e o deslizou nos lábios, limpando-os; a ação má intencionada seguiu-se de um meio sorriso.

— Não está gostando? — provocou.

Maldito.

— Por que sentou-se na minha frente e não ao meu lado?

Seu corpo foi um pouco para trás e a cabeça pendeu para o lado; meu questionamento criou uma ruga entre as suas sobrancelhas. Não era o que esperava ouvir.

— Não tem uma resposta? — pressionei.

Uma escolha simples. Apesar de soar pequena e ridícula, a resposta também deveria ser. Nos beijamos, confessei meus sentimentos, seria normal sentar-se ao meu lado para estarmos próximos. Segurar a minha mão ou permitir que seu corpo estivesse ao meu alcance para usá-lo como eu bem preferisse. No entanto, Jungkook estava compenetrado na minha boca.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora