CAPÍTULO VII

4K 705 434
                                    

J U N G K O O K

O ódio é o sentimento mais humano que existe.

Fácil, rápido e intenso.

O amor, o seu oposto: difícil, lento e vulnerável.

A vulnerabilidade deixou uma cicatriz fodida na minha cabeça.
Foi minha culpa confiar no pequeno raio de sol que sorriu para mim - pois ninguém, nunca, me entregou algo tão puro. Uma amizade. Paixão. Um laço inquebrável.

Até ele decidir arrancar o meu coração.

A bondade escapou dos meus dedos e o laço foi rompido.

Não foi real.

Os sorrisos.

Os abraços.

Nosso beijo. Foi mesmo nosso?

Depois de anos, encontrá-lo naquele salão de jantar foi como sentir a faca de cozinha de novo. Ele acertou em cheio. A frieza no seu olhar permaneceu a mesma durante toda a noite. Sua tentativa de me envenenar foi sem graça. Mas torci para que funcionasse. No entanto, continuei vivo. E Jimin, insatisfeito.

Odiava olhar para ele e, ao mesmo tempo, não conseguia evitar não olhar.

Não era amor. Não mais.

Depois de ser enganado, aprendi que Jimin nunca foi o raio de sol que brilhava diante dos meus olhos. Ele os cegava para depois queimá-los.

Devia ter ficado aliviado com a possibilidade dele morrer ali, no chão, quase sendo pisoteado pelas patas do cavalo. Ninguém me culpará. Não sou eu quem o está matando. Morrer assim seria fácil demais.

Ele precisava sofrer antes. Sentir a maior dor da sua vida miserável.

Foi só por isso que corri em sua direção, segurei seu corpo e voltei para a ponte com ele em meus braços. Estava louco para jogá-lo no fosso, mas não fiz. Pedi ajuda aos guardas. O levei para o quarto em que dormia e o coloquei sobre a cama. Pedi a alguns soldados que fossem ao palácio.

Toda a frustração de perder Jimin sem antes dar a ele o que merecia, me consumiu. Lucius não ter vindo com a esposa agravou mais a ira. Que merda de pai ele tem.

Gritei.

Ameacei matar qualquer pessoa.

Vivia pela vingança.

E se Jimin morresse, pelo que eu viveria?

Fui ao meu quarto, arranquei as luvas de couro preto, jogando-as no chão, e caminhei para o banheiro que ficava do lado da lareira grudada na parede.

Afundei a cabeça até o pescoço na banheira no chão. Abri os olhos e a boca, deixei a água entrar por cada buraco no meu rosto. Precisava ser consumido por outra sensação. Me concentrar na minha - improvável - morte era melhor do que pensar nele.

Por que nunca consigo sair desse inferno?

Apertei as bordas da banheira. Meu tórax começou a encher de líquido, contraiu repetidas vezes por estar cheio. A garganta tentou travar, evitar que a água passasse por ela, porém continuei sugando pelo nariz e pela boca.

Os olhos queimavam e ardiam.
A cabeça latejou como pedras batendo sobre ela. Permaneci com o rosto encoberto pela água até ficar inconsciente.

A escuridão durou muito? pouco?

O oxigênio retornou.

Puxei minha cabeça de volta e tossi, vomitei, soquei o chão. Meus cabelos grudaram na testa. De joelhos, respirei alto, quase berrei em puro ódio. É tão difícil assim morrer? Vi pessoas morrerem diante dos meus olhos, por que o mesmo não me acontece? Que espécie de aberração eu sou?

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora