CAPÍTULO XV

3.7K 645 383
                                    


J U N G K O O K

Raio de sol voltou a Solis pela manhã, deixando o meu corpo vazio.

Circular pelo castelo, participar de reuniões a tarde inteira, redefinir rotas seguras para enviar mensageiros a Solis, não foi o suficiente para esquecer dele. Da constante sensação de estar perdendo o que eu nunca tive.

Esperei anoitecer.

Vesti o capa longa e preta, sai do quarto e entrei no escritório. Segui à primeira gaveta. Depressa, afastei os papéis e outros itens. Removi o fundo falso, onde guardei o bilhete que Taehyung me entregou.

Meu olhar parou no objeto peculiar sobre a mesa. Segurei o canivete.

Jimin esteve aqui.

Inquieto, peguei o caderno em que eu costumava desenhar, folheei as páginas e notei a ausência do desenho e a carta que fiz para ele, pouco depois de ter sido esfaqueado.

Depois de ele partir meu coração sem remorso ou lágrimas.

Apertei os dedos no metal frio do canivete em minha mão. Jimin não conseguiria abrir a fechadura sem a posse de uma chave. Nem que tentasse explodir a porta. O material era resistente. Pedi que fosse ao construírem.

Fechei o caderno com força, devolvendo-o à gaveta. Saí do escritório, enraivecido.

Existiam partes da minha vida, dos meus sentimentos, que Jimin não devia saber. Nunca. Ele não merecia. Não carregava o direito. A ousadia dele em pegar algo que não era seu tensionou os músculos do meu braço.

O que raio de sol faria com o desenho? A carta não significava nada para ele, por que a levaria consigo?

Cobri a cabeça com o capuz e desci a escadaria. Do lado de fora, caminhei aos estábulos e peguei um dos cavalos. Arrumei a cela e o montei.

Atravessei os grandes portões sem muita resistência dos soldados que os protegiam, pois todos eles sabiam que, apesar de Brasa estar a solta e poder atentar contra a minha vida, eu era tinha habilidades de um guerreiro. Forte para lutar e me livrar de qualquer um.

Cavalguei por muito tempo em direção ao noroeste da Floresta Griseo, na escuridão da noite, iluminado apenas pelo luar e por uma lamparina. Ao avistar a pequena casa, revestida de galhos grossos de árvores e plantas, desci do cavalo e o amarrei em um tronco, a lamparina ainda em mãos.

Andei à porta de galhos verdes enroscados e bati repetidas vezes até que ouvi passos do lado de dentro. O barulho do ferro soou e a porta foi aberta.

Firmei os pés no chão, pronto para o que viesse. Poderia ser uma armadilha e não me importava. Ser imortal era vantajoso em momentos assim, pois enquanto as pessoas temiam a própria morte, eu implorava por uma mísera ferida que permanecesse.

A mulher surgiu diante da minha visão, jovem e com uma pele de mármore; os cabelos negros na penumbra da noite deslizavam pelo seu corpo, alcançando sua cintura fina marcada pelo vestido escarlate.

— Estou buscando pela bruxa.

— Quem devo anunciar? — perguntou, a voz marcante.

— O príncipe corvo.

Tirei o capuz, mas seus olhos não demonstraram surpresa. Olhou ao redor para ter certeza de que eu estava sozinho.

— Entre, por favor.  

Entrei na casa modesta.

Por dentro era feita de madeira e plantas com raízes grossas enroscadas no teto; uma estante gasta com frascos do que acreditava serem poções ou algo similiar; uma mesa quadrada no canto, onde a mulher sentou-se, dobrando a perna esquerda por cima da outra de um modo estranho. Seus dedos brincavam com as pontas do cabelo quando questionou:

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora