CAPÍTULO XI

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J I M I N

O casamento era amanhã, no único eclipse do ano.

Todos corriam de um lado a outro preparando o banquete, o salão principal para o baile, os convites enviados à corte… Não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Desci as escadas, atravessei os corredores cheios e desviei dos inúmeros submissos que conciliavam as reverências para mim. Apressados em tornar o castelo um lugar apropriado para uma festa. As paredes, apesar de escuras, pareciam brilhar junto às estátuas antigas, que mostravam-se como novas — mas permaneciam feias.

Passei dos portões da entrada e caminhei pelo jardim principal, onde a cerimônia aconteceria. Havia uma plataforma na grama, grande e quadrada, o prata reluziu sob a pouca luz da manhã. Um tapete branco e longo no chão, servindo de caminho por onde o príncipe corvo e eu iremos entrar. Logo acima, aros dourados foram preenchidos com… lírios brancos. Minha segunda flor favorita.

Mamãe talvez pediu que colocassem, pois a cerimônia em Solis seria diferente, mais tradicional. Não era um casamento de verdade em que duas pessoas se amavam, trocariam alianças e juras de amor, portanto não necessitava de exageros. Mas não deixava de ser um casamento da realeza e o esforço em tornar tudo perfeito era graças a esse fato.

Continuei a percorrer o local e avistei a imagem de Jungkook ao longe, sem camisa e com uma espada em mãos. Caminhei apressado e diminuí os passos conforme aproximava-me dele. Foi quando notei o erro de sair sem um casaco, apenas com uma camisa de seda. O ar congelou os meus dedos, mas Jungkook não notou a presença do frio e nem a minha. Permaneceu de costas, verificando algo em sua espada.

— Como é possível você está derretendo em um frio desses? — falei, indignado pelas minhas mãos tremerem enquanto as costas de Jungkook respingavam gotas de suor.

Seu ombros tensionaram ao ouvir minha voz, como se eu fosse seu primeiro aborrecimento da manhã.

— Estou acostumado. Amanheceu bem? — perguntou, na mesma posição. Havia dúvida no tom.

— Com muita dor de cabeça.

— Um sinal para nunca mais beber.

— A dor de cabeça é por saber que amanhã vão me acorrentar a um abominável — provoquei.

Jungkook girou nos próprios pés para encarar-me.

— Vai mesmo haver um casamento? — Sorriu de lado. — Não pretende encontrar uma maneira de me matar?

— Você é imortal — cochichei, para que nenhum submisso nos ouvisse. — O quão burro e patético eu seria por tentar te matar de novo?

Ele observou o modo desajeitado com que peguei a outra espada caída na grama e a empunhei. Apertei firmemente o cabo com as duas mãos.

— Tenho uma proposta a fazer — anunciei, levantando a arma tal qual um guerreiro medíocre que não sabia empunhar nada. Definitivamente prefiro facas. — Vamos duelar.

— Não.

Franzi a testa.

— Por que não?

— Está quase arrancando a própria cabeça. Não vou arriscar que se mate por engano. — Jungkook se aproximou para arrancar a espada das minhas mãos, esta que acabei pondo para trás por extinto. Ele parou, uma expressão de medo. — Vai cortar a porra da mão, raio de sol.

Contraí o rosto.

— Está sendo rude ou atencioso?

— O que você quer realmente? — trincou os dentes ao fazer a pergunta.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora