J I M I N
O casamento era amanhã, no único eclipse do ano.
Todos corriam de um lado a outro preparando o banquete, o salão principal para o baile, os convites enviados à corte… Não havia mais nada que eu pudesse fazer.
Desci as escadas, atravessei os corredores cheios e desviei dos inúmeros submissos que conciliavam as reverências para mim. Apressados em tornar o castelo um lugar apropriado para uma festa. As paredes, apesar de escuras, pareciam brilhar junto às estátuas antigas, que mostravam-se como novas — mas permaneciam feias.
Passei dos portões da entrada e caminhei pelo jardim principal, onde a cerimônia aconteceria. Havia uma plataforma na grama, grande e quadrada, o prata reluziu sob a pouca luz da manhã. Um tapete branco e longo no chão, servindo de caminho por onde o príncipe corvo e eu iremos entrar. Logo acima, aros dourados foram preenchidos com… lírios brancos. Minha segunda flor favorita.
Mamãe talvez pediu que colocassem, pois a cerimônia em Solis seria diferente, mais tradicional. Não era um casamento de verdade em que duas pessoas se amavam, trocariam alianças e juras de amor, portanto não necessitava de exageros. Mas não deixava de ser um casamento da realeza e o esforço em tornar tudo perfeito era graças a esse fato.
Continuei a percorrer o local e avistei a imagem de Jungkook ao longe, sem camisa e com uma espada em mãos. Caminhei apressado e diminuí os passos conforme aproximava-me dele. Foi quando notei o erro de sair sem um casaco, apenas com uma camisa de seda. O ar congelou os meus dedos, mas Jungkook não notou a presença do frio e nem a minha. Permaneceu de costas, verificando algo em sua espada.
— Como é possível você está derretendo em um frio desses? — falei, indignado pelas minhas mãos tremerem enquanto as costas de Jungkook respingavam gotas de suor.
Seu ombros tensionaram ao ouvir minha voz, como se eu fosse seu primeiro aborrecimento da manhã.
— Estou acostumado. Amanheceu bem? — perguntou, na mesma posição. Havia dúvida no tom.
— Com muita dor de cabeça.
— Um sinal para nunca mais beber.
— A dor de cabeça é por saber que amanhã vão me acorrentar a um abominável — provoquei.
Jungkook girou nos próprios pés para encarar-me.
— Vai mesmo haver um casamento? — Sorriu de lado. — Não pretende encontrar uma maneira de me matar?
— Você é imortal — cochichei, para que nenhum submisso nos ouvisse. — O quão burro e patético eu seria por tentar te matar de novo?
Ele observou o modo desajeitado com que peguei a outra espada caída na grama e a empunhei. Apertei firmemente o cabo com as duas mãos.
— Tenho uma proposta a fazer — anunciei, levantando a arma tal qual um guerreiro medíocre que não sabia empunhar nada. Definitivamente prefiro facas. — Vamos duelar.
— Não.
Franzi a testa.
— Por que não?
— Está quase arrancando a própria cabeça. Não vou arriscar que se mate por engano. — Jungkook se aproximou para arrancar a espada das minhas mãos, esta que acabei pondo para trás por extinto. Ele parou, uma expressão de medo. — Vai cortar a porra da mão, raio de sol.
Contraí o rosto.
— Está sendo rude ou atencioso?
— O que você quer realmente? — trincou os dentes ao fazer a pergunta.
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LENITIVO • jikook
Fanfiction[EM ANDAMENTO] O que acontece quando duas pessoas que aprenderam a se odiar são obrigadas a se casarem? A vida do príncipe Jimin foi planejada muito antes do seu nascimento. No passado, o Reino Solis e o Reino Corvus foram inimigos, e para manter a...