CAPÍTULO XXIV (parte 2)

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J I M I N

Persisti em olhá-las.

Nossas mãos. Mesmo após nossos corpos estarem em movimento, não fragilizaram o contato que se conservou até estarmos os dois dentro do quarto. Havia uma determinação na atitude que extraiu-me um sorriso imediato. Jungkook tomou-a um pouco mais para si, urgente, virou-se e aproximou-a do seu peito, o polegar na sua mania fez carinho no pulso como compensação pelo ímpeto de propiciar vermelhidão à extremidade dos meus dedos.

Para cada gesto mínimo de dor que pudesse me causar, havia uma carícia velada em outro.

"Uma dor para apagar a outra".

— O que o meu adorável pai queria? — perguntou, tranquilo.

Mas a julgar pelos olhos opacos e a mandíbula marcada, além do sorriso selado numa linha, não existia tranquilidade autêntica na pergunta.

— Não há nada para se preocupar — murmurei, sorrindo leve.

— Há quem diga que "assunto urgente" é preocupante.

— Ele é contra viajarmos juntos — comecei, direto à informação que deveria soar necessária e completa. — Dois recém nomeados reis fora, não é aconselhável. Acho que está com medo das decisões da corte quanto à minha permanência.

A discussão não era um assunto alarmante, mas senti-me um tanto errado por esconder o mais grave. Seu pai nos quer separados. Depois de sua confissão anterior sobre a necessidade em machucar, provinda da imortalidade, não era uma alternativa lhe dizer tudo. Jungkook não precisava de mais preocupações. Algumas mentiras eram necessárias para protegê-lo.

Jungkook balançou o rosto em concordância e beijou-me a mão. Por reflexo, meus olhos fecharam-se, fracos, um suspiro lento saiu-me ao aproveitar dos selares recebidos antes que o ouvisse ponderar:

— Depois do que fizemos, se ausentar de Solis tornará sua retirada do trono simples.

— Eu sei — a voz inaudível espalhou-se pelo aposento escuro.

— Tudo bem se preferir ficar e manter a sua posição.

A mesma história.

O mesmo problema.

Eu sei que sou a porcaria de um rei.

Chateei-me por Jungkook conformar-se com o que eu disse e, um pouco mais, por minha mentira ser tida como verdade, abalou-me a confiança evidente que ele transmitia no olhar afetuoso derramado sobre o meu rosto hipócrita. "Sem mentiras", a promessa que impus... pensava ser capaz de cumpri-la tão bem que a exigiria dele. No entanto, aqui estava eu, ocultando verdades.

— Não se importa?

— Eu me importo — garantiu. Pelas brechas nos cílios o observei aproximar-se. — Mas será o meu marido em Corvus e no meio do mar, mesmo que decida não ir. O que escolher, aceitarei sem mágoas.

Desmoronei o olhar à sua boca.

— Acha que devemos nos afastar neste momento?

Não foi uma pergunta inocente e não a fiz com esse intuito. Esperava aliviar as oscilações de uma respiração falha por cada pensamento vertiginoso de Castian estando naquele navio, junto do meu marido, agindo casualmente e o embebedando nas horas livres porque eu não estaria.

— Devemos ser cuidadosos com o nosso futuro. — Nosso futuro. — A única pessoa nestes reinos, em nosso mundo, e nos que não conheço, que pode me arrancar de você é você. Nos separarmos me incomoda. Sinto vontade de não ir. De desistir das minhas obrigações. Mas persegui-lo será como não tê-lo... E eu preciso ter você, raio de sol.

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⏰ Última atualização: Oct 30 ⏰

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