CAPÍTULO X

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J I M I N

Yoongi nos guiou em silêncio pelo corredor, levando Jungkook e eu para uma enorme sala. Nos mostrou como funcionava o processo de transformação do Alspaladio em objetos, móveis e moedas. Naquele espaço, anexado ao palácio real, trabalhavam muitos homens e mulheres manuseando equipamentos que eu, em tempo nenhum, saberia dizer os nomes corretos.

Apesar de ser um príncipe, não aprendi muito sobre Corvus. Acreditei que Jungkook não sobreviveria para nos casarmos, portanto recusei-me o trabalho de estudar sobre a economia de seu reino.

Mas lá estava o príncipe corvo, lado a lado com o pai, ouvindo atento o que ele explicava. Fiquei a passos distantes, envergonhado e estranho ao ambiente sobrecarregado no cheiro e no barulho.

Passei quatro longos dias recuperando-me, e observei muito Jungkook treinar através da janela do meu quarto. Ele foi meu pequeno entretenimento. Desde que chegamos ao palácio não trocamos nenhuma palavra ou ofensa. Nenhum olhar. Absolutamente nada. Ele ignorou-me e isso aborreceu-me.

— Jimin — meu tio chamou.

Aproximei-me e fiquei entre os dois. Prendi os braços no corpo, evitando encostar meu ombro ao de Jungkook.

— Usamos Alspaladio para fazermos nossas moedas. É maleável e conseguimos utilizar em diversos utensílios. Presumo que notou.

Yoongi ergueu um pedaço pequeno no ar. Estendi a mão e ele colocou a porção na minha palma. Olhei para ela. A cor roxo escuro tremeluziu. Absurdamente lindo de se vê. Um leve rosado manifestou-se em torno da pedra e aqueceu a pele por baixo.

— Está queimando — eu disse após sentir o ardor.

— Alguns não reagem bem ao Alpasladio em sua fase pura — meu tio discursou, o que forçou-me a encará-lo. — Não toque em mais nada, para evitarmos acidentes.

Yoongi deu-me as costas e acenou para que o seguíssemos. Fitei o cristal antes de derrubá-lo suavemente na mesa, defronte a mim. A palma da minha mão adquiriu um vermelho claro.

Fechei os dedos.

— Pare de brincar com a própria pele — Jungkook resmungou.

Adiantei-me e segui Yoongi para fora da sala, recebendo reverências dos submissos encarregados na produção da pedra.

— Faça o que tem feito nos últimos dias: me ignore — sussurrei, logo que Jungkook reuniu-se ao meu lado.

Seu ombro colidiu com o meu.

— Está reclamando...? É uma confissão? — alfinetou e diminuiu a voz.

Apertei os lábios para não xingá-lo e arriscar que meu tio, logo à nossa frente, escutasse. Continuei a passos firmes sabendo que Jungkook adoraria que meus olhos desviassem para os seus.

Ele pôs uma das mãos na minha costa, inclinou o rosto, perto o bastante para que eu ouvisse sua voz, e falou:

— Não foi o suficiente me observar do seu quarto?

Um arrepio correu por cada fio no meu corpo.

Suas palavras fizeram-me sugar oxigênio pela pequena abertura entre o lábio inferior e o superior. Ele me viu observando-o. Mas Jungkook não lê pensamentos — ou lê?

Descobrir sua imortalidade trazia perguntas sem resposta: Ele tem poderes? Quando os adquiriu? Os usava comigo?

 — Majestade! — Trajado em uma armadura prateada, um soldado ajoelhou-se diante do rei. — Criminosos atacaram carregadores a poucos minutos.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora