CAPÍTULO XII

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J U N G K O O K

A sala de reunião estava cheia de homens barulhentos e sorridentes. Todos em pé cumprimentavam, tanto os duques de Solis quanto os de Corvus fingiam decência. Meus pais sorriam também. Eu, por outro lado, permaneci reclinado na cadeira, as mãos esticadas sobre a enorme mesa oval desejando que acabasse rápido.

— Podemos iniciar — Yoongi falou.

Sentaram-se em seus respectivos assentos, arrastando-os de um modo irritante. Baixei o olhar para as minhas mãos cobertas pelas luvas pretas, elas possuíam algumas linhas sutis. Estavam velhas demais para que eu as continuassem usando.

— Peço perdão pelo atraso — a voz doce, no meio de tantas outras, foi o que me fez erguer os olhos.

Jimin segurava a maçaneta, ainda parado na entrada. Seu rosto pálido, as olheiras embaixo dos olhos inchados fez com que eu me ajeitasse na cadeira. Magnus fez sinal para que ele entrasse. Observei o loiro dar a volta na mesa, cumprimentando a todos, e sentar-se exatamente na cadeira oposta à minha. Mesmo de frente um para o outro, ele não me encarou. Hoje era o pior dia da sua vida, aquele pelo qual lutou tanto para que não acontecesse.

Não desviei minha atenção do seu rosto caído.

Algo foi discutido por horas na sala, porém pouco me importei. Jimin pareceu não demonstrar atenção também. Perdido. Nós dois estávamos perdidos em coisas distintas.

Desde ontem a noite não o via. Foi estranho quando recusou ir a Insanis. Insistiu tanto e uma simples chuva o parou? Não, havia algo a mais. Uma coisa que ele preferiu não dizer. Seus olhos assustados, seu beijo gélido em minha bochecha, a presença da dor em sua face… Odiei vê-lo desabar, muito mais por não saber o motivo de sua tormenta.

— Solis deve nos entregar vinte por cento dos lucros da agricultura de sua principal província — Magnus falou alto, despertando-me para a reunião. — Duque Finnian, precisamos de relatórios mensais.

O homem careca, de rugas em cada parte do rosto, olhou para o meu pai com uma cara ruim e contestou:

— Vinte por cento? Estamos em crise, não acha um pouco de mais?

Tossiu pouco depois, devido a fumaça do charuto na boca do Duque Uriah.

— Nós estamos sendo justos — Magnus explicou, inclinando-se na mesa. — Mais que isso, Yoongi e eu estamos sendo generosos. O certo é que nos paguem cinquenta por cento.

— Certo! Certo! — Lucius interviu. Fez sinal com as mãos, abanando-as lentamente para que ninguém se exaltasse. — Vinte por cento está bom! O duque fará os relatórios. Passemos a próxima pauta da reunião.

Encarei Jimin e me surpreendi ao notar que ele me observava. Tudo em volta silenciou. Os batimentos do meu coração soaram altos. Ter seus olhos em mim era angustiador. Como ser queimado por uma luz extremamente forte e amar cada instante.

— Jimin, o que acha? — a voz de Yoongi fez nós dois arregalarmos os olhos.

— Ah, me desculpe. O que disse? — respondeu, tímido.

— Precisamos de espaços maiores para a produção de Alspaladio. Pensamos em derrubar alguns Templum, para construirmos uma fábricas.

— Por que minha opinião é importante neste assunto…?

— Não terminou os estudos.

Jimin contraiu a testa.

— Suponho que possa explicar a todos nós, junto aos duques de Solis, que estudos não são importantes e assim embasar meus argumentos — Yoongi terminou de explicar.

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora