CAPÍTULO XIX

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J I M I N

Permaneci no quarto durante toda a manhã enquanto Jungkook, certamente, estava em uma das reuniões da corte.

Os submissos vez ou outra entravam para lavar o meu corpo, limpar os aposentos e me fazer tomar chá. Eu me sentia terrível por estar em uma cama sem capacidade para nada. Magnus afirmou que logo eu estaria melhor, mas os meus movimentos seguiam lentos e dolorosos. Em contrapartida, minha mente estava agitada.

Corria desesperada para as lembranças da última conversa com Jungkook.

O que eu disse a ele era verdade.

Teria dito mais se eu não estivesse com tanto sono ao ponto de sequer saber quando adormeci. 

Ao acordar, Jungkook já não estava mais na cama ou em lugar nenhum que eu pudesse ver. Um dos submissos informou-me da reunião da corte e que seu príncipe fazia-se presente nela.

Com dificuldade, levei uma das mãos para debaixo do travesseiro sob a minha cabeça e peguei a carta que escondi para que nenhum submisso a visse. Segurei o papel embaixo do cobertor, contra o peito, perto de onde devia estar o meu coração. Aqui, em um quarto frio e vazio, eu me sentia no passado outra vez, sendo empurrado contra o chão e pisoteado feito um nada, ganhando um novo machucado na pele para lembrar-me do quão merda eu era.

Pensei em Jungkook durante toda a manhã.

Talvez estar na reunião fosse o motivo de sua ausência; ou minhas palavras foram insignificantes para os seus ouvidos. Apenas estranhos, era o que seríamos a partir de hoje. Se para estar com ele eu tinha que seguir o seu desejo de sermos somente príncipes de Solis e Corvus, que seja assim. Sem toques, abraços, beijos ou provocações. A última seria difícil de manter, eu adorava provocar Jungkook. O desassossego dele cada vez que eu sentava em seu colo ou aproximava nossos corpos, divertia-me.

Quando Jungkook me disse que cansou de ser o meu fantoche, era a isso que ele se referia, ao modo como eu o manipulava através dos meus toques?

Ao meio dia, trouxeram o meu almoço juntamente com a informação de que a reunião foi encerrada, mas que haveria outra à tarde. Portanto, o príncipe corvo teria uma bela desculpa para não visitar-me. Sem muitas opções, adormeci após a refeição. 

Acordei horas mais tarde, um som irritante contra o vidro do meu quarto. 

O corvo de Jungkook cutucava a vidraça com o bico.

— Não vê que eu não posso me mexer, ave estúpida?

O corvo insistiu em bater o bico.

Tentou várias vezes antes de voar para longe.

Se o dono me abandonou, porque sua ave não faria o mesmo?

Ao anoitecer, um desgosto invadiu minha língua. O jantar não tinha sabor, apesar do cheiro forte, mas comi para não provar a mim mesmo que o motivo era Jungkook.

— Onde está o príncipe Jungkook? — perguntei ao submisso, sem demonstrar que a informação era mais necessária do que o próprio oxigênio que eu consumia naquele instante.

— No escritório, alteza.

— Ele perguntou de mim? — Minhas bochechas aqueceram. O silêncio do rapaz, constrangeu-me. — Me comunique sobre todas as ações do príncipe. Devo ser informado de todas as suas movimentações na minha ausência.

O submisso acenou, obediente, e saiu.

Casamento, coroação, pegar os cúmplices do Brasa... Jungkook tinha muito para se preocupar, certo?

LENITIVO • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora