Uma solução?

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Eu estava a dois dias em Castelo Bruxo e mal o havia explorado em sua totalidade, a biblioteca era dez vezes maior do que a de Hogwarts, tendo tanto livros trouxas quanto bruxos, o salão principal não tinha somente quatro grandes mesas, na verdade haviam várias onde todos se misturavam, fui permitida participar de aulas enquanto estava lá e era tudo muito fascinante, aulas que Hogwarts nem sequer cogitava em ter, como por exemplo aulas de religiões das mais diversas culturas, claro que resumos de cada uma, mas visando especialidades futuras, aulas de etiqueta tanto bruxa quanto trouxa, e as aulas de história da magia por um acaso também era um fantasma, mas diferente de Bins, sua aula era tão interessante que alguns esqueceram de copiar só por estarem prestando atenção, haviam muitas outras aulas incríveis que eu adoraria frequentar, mas meu pai nunca me deixaria ficar na América do Sul para isso. Kauê era o meu guia, ele me apresentou vários lugares da escola, tanto internos quanto externos, sua namorada Letícia era uma fofa, me ajudava sempre que podia e era um pouco tímida, seus traços asiáticos a deixavam delicada e eu me peguei imaginando uma criança com os traços dela e de Kauê, seria interessante. Falando com a diretora, ela me informou que na semana seguinte o vice diretor iria me levar até a aldeia onde o pajé iria me analisar e dar a resposta definitiva de que poderia ou não me ajudar, era tudo meio confuso, mas eu esperava que sim.

Todas as noites eu escrevia no meu caderno, era só escrever o nome do destinatário e somente ele veria as mensagens, eu falava como todos separadamente, mas com Severus o assunto rendia horas, eu falava sobre minhas experiências em Castelo Bruxo, e ele me falava do seu dia a dia, as conversas com sua mãe e sua futura visita aos avós maternos, nunca mencionamos o beijo, aliás beijos, eram conversas boas.

Os dias passaram cada vez mais rápido, era impossível ficar entediada naquele lugar, cada dia eram novas experiências, e o tempo passou tão rápido que logo era hora de ir para a aldeia encontrar com o pajé, arrumei as roupas mais confortáveis e frescas que havia comprado antes, me despedi de todos as quais eu tinha me relacionado nos dias que passei na escola e sai, o vice diretor nos aparatou para o mais perto que podíamos o que não era muito, a aldeia era altamente protegida, andamos floresta adentro por mais ou menos três horas até chegamos uma área claramente cercada de proteções.

- Devemos esperar até que uma das guerreiras venha nos buscar.

Sentamos em uma pedra que havia por ali e comemos um pouco, demorou mais ou menos meia hora para que uma indígena carregando um belo arco e flecha viesse nos buscar, ela falou algo com o diretor, depois deu um colar para ele, ela abriu um pouco as proteções, e quando entramos enfim pude ver a aldeia, era uma área grande, haviam várias casas feitas de madeira e haviam pessoas ocupadas com tarefas em toda parte. A indígena que nos permitiu a entrada nos guiou para uma casa bem grande, falou algo e saiu.

O vice-diretor pegou o colar que a mulher havia lhe dado e colocou em meu pescoço.

- Runa de tradução, sei que já tem uma, mas a que tem é especificamente para o português, essa aqui vai permitir que entenda guarani.

Assenti, esperamos mais um pouco e um homem com um cocar muito grande, comprido e colorido, apareceu acompanhado de uma mulher, ele parecia já ter idade avançada, olhou para nós e nos cumprimentou com um aceno de cabeça.

- Pode ir garoto, a menina estará segura aqui, só de olhar, percebo que posso ajudá-la.

Meu coração disparou e eu nem prestei atenção no resto da conversa.

"Ele pode me ajudar, ele pode me ajudar, ele pode me ajudar"

Essas eram as únicas palavras que passavam pela minha cabeça, eu poderia finalmente parar de sofrer com as visões.

- Sinto muito, mas não é assim que funciona.

Levantei minha cabeça e percebi que estávamos somente eu e o idoso com o cocar.

- Não entendo.

- O sofrimento faz parte do preço de se ter a visão minha querida.

- Eu não pedi por isso.

- Não, mas foi abençoada com esse dom.

- Não acho que seja uma benção.

- Não agora, mas em breve.

Ele fez um sinal com a mão para segui-lo e logo estávamos andando juntos pela aldeia, eu podia ver todos muito absortos em suas tarefas, adultos, idosos e crianças, todos aparentemente tinham seu papel no lugar.

- Nossa aldeia já teve muitas pessoas como você.

- Não tem mais?

- Não, no passado éramos gananciosos, usávamos esse dom precioso em benefício próprio, vendíamos nossas visões, não para proteger ou guiar, então Sumé aquele responsável manter o equilíbrio nos puniu, aqueles que tinham o dom enlouqueceram aos poucos e nunca mais nasceu uma criança com a visão em nossa tribo, você apesar de ser de um continente diferente e claramente ter outros Deuses a quem cultuar nasceu com o precioso dom da visão e irei guiá-la em seu aprendizado, ensina-la o que sabemos e ajuda-la a minimizar o dano que as visões trazem.

Meus olhos se encheram d'água, aparentemente as coisas iam melhorar pelo menos um pouco,

- Vai ser difícil minha criança.

- Não me importo com o que eu tiver que passar, se não posso fazer isso ir embora, quero ao menos saber como controlar.

- Não posso te dizer que dá para controlar, mas vou te ensinar a como induzir visões, também vou ensinar como saber que estão vindo para que se prepare e se cuide, venha, temos um longo caminho a percorrer.

Saímos da aldeia e seguimos em direção a mata, era abafado e muito quente, o caminho era acidentado, mas mesmo idoso o pajé caminhava sem nenhuma dificuldade, andamos pelo que pareceram horas até chegarmos em um espelho d'água, a água refletia toda a floresta em volta. O pajé se abaixou e fez um sinal para que eu fizesse o mesmo.

- Essas águas são sagradas, pegue um pouco com o cantil que está na sua cintura, temos algumas infusões para preparar.

Derramei a água que restava no cantil e comecei a enchê-lo com a água do espelho d'água, assim que terminei o pajé sussurrou algo e se levantou, voltando para a aldeia onde ele me direcionou para uma das cabanas.

- A noite vamos começar um dos rituais, vou preparar a infusão desta noite, Aruana vai ajuda-la a se ajustar.

Uma das indígenas veio até mim e sorriu.

- Vou ajudá-la com o que puder.

- Obrigada, de verdade obrigada a todos.

O pajé acenou e sorriu saindo logo em seguida, me virei para a mulher e quando ia cumprimenta-la apropriadamente senti meu corpo ficar rígido e minha visão ficou branca.

Lúcios povs on

Saphira tinha nos mandado mensagem pela manhã dizendo que estava indo para a aldeia, ela disse que muito provavelmente não ia conseguir levar o caderno e que pedíssemos atualizações para o diretor, nosso pai estava cada vez mais abatido e eu não sabia se era por causa do Lorde das trevas ou por algum outro motivo que ele não estava me contando. Narcisa tinha ido para sua casa ficar com a mãe que estava doente, o que era melhor, não faria nenhum bem ela ficar no ambiente horrível que estava a mansão Malfoy.

Naquele dia eu podia sentir que alguma coisa iria acontecer, desci para o jantar completamente sem vontade de ficar no mesmo ambiente que o homem que estava claramente pensando em abusar da minha irmã. Quando cheguei e olhei para o meu pai ele parecia quase transparente de tão pálido que estava. O Lorde abriu um amplo sorriso quando me viu e imediatamente meu estômago embrulhou.

- A estrela desta noite finalmente apareceu.

Eu pude sentir todo o sangue da minha face indo embora.

- M-Meu senhor?

Voldemort se levantou e se dirigiu até mim, ficou atrás de mim e colocou suas mãos em meus ombros.

- Hoje à noite vai finalmente receber minha marca jovem Malfoy.

Todos os comensais começaram a gritar e a comemorar, vi meu pai se encolher e uma lágrima caindo em seu rosto. Me endireitei e mesmo com medo e totalmente enojado, me forcei a abrir um sorriso e acenei.

- Será um prazer meu senhor.

Saphira MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora