Responsabilidades

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Otto anda em passos apressados em direção ao palácio. O homem suspira em cada passo que dá na tentativa de conter suas lágrimas. Estava tão atordoado que esbarra em Luisa. A fazendo cambalear para trás.

— ESTÁ LOUCO? - Ela o puxa pela braço. Ao notar os olhos marejados e inchados do homem ela o solta.
Nunca o viu daquela maneira. E o ver naquele estado lhe causou um grande desconforto.

— Otto.. - Luísa nem termina de falar e Otto dá as costas para ela. Indo até seu quarto aonde os guardas abrem a grande porta de seus aposentos.

Marcelo e Sérgio aparecem logo em seguida. Sérgio chorava feito um bebê. E Marcelo segurava o choro.

— Gente.. O quê está acontecendo? - Ela segura a barra do vestido e se aproxima dos rapazes.

— A... A...  Oh céus. - Sérgio pega um pequeno lenço que estava no bolso do paletó de Marcelo e enxuga suas lágrimas.

— A Olga e o Richard. - Ele suspira. — Fora assassinados. - Ele fecha os olhos e fecha os punhos.

— Não.. não pode ser. - Ela passa a mão pelo cabelo que estava preso em um coque.  — Por isso o Otto.. - Ela olha em direção ao quarto de Otto.

Luísa vai até a porta dos aposentos de Otto. Um guarda entra em sua frente. A deixando nos nervos.

— Me deixem entrar!

— O príncipe não quer ser incomodado! - Diz sério.

— Eu sou a noiva do príncipe. Me deixe entrar AGORA! - O guarda dá um passo para trás e abre a porta.

Luísa entra nos aposentos de Otto e o encontra encolhido entre a grande cama e o criado mudo.

— Otto.. - Ela se aproxima do grisalho e toca em seu ombro. O homem eleva sua cabeça e encara Luísa.

Os olhos claros estavam semi serrados. Estavam inchados e avermelhados por conta da lágrimas.
Ele franze o cenho ao ver Luísa.

— Eu.. eu sinto muito. - Ela sussurra.

— Só.. me deixa sozinho. Por favor. - Ele fala baixinho.

— Não Otto! - Ela se senta ao seu lado. — Você precisa de companhia. - Otto se afasta dela e passa a ponta dos dedos pelo cabelo grisalho.

— Eu não preciso de companhia Luísa. - Sua voz rouca e embargada ecoa pelo quarto.

— Todo mundo precisa de companhia. Ainda mais em momentos difíceis. - Ela acaricia o rosto do homem. — Eu perdi minha mãe.. sei que não é fácil.

Otto não fala nada. Só eleva a cabeça e volta a encara-la. Luisa engatinha até a frente do mais alto e o abraça. Segurando o pescoço de Otto com firmeza. Otto suspira e envolve a cintura com seus grandes braços.

— Você não está sozinho. - Ela sussurra enquanto acariciava o cabelo macio do noivo.

Luisa se afasta para olha-lo nos olhos. O azul brilhante de seus olhos escureceram. Ele estava abatido e sem aquela postura firme de sempre.
Luisa envolve o rosto de Otto com as duas mãos. Seu olhar recai para os lábios do homem. Ela aproxima seus rostos lentamente. Roçando seu nariz no dele. Quando ia unir seus lábios Otto se afasta. Virando o rosto para o lado. Ela o encara confusa.

— Não é o momento pra isso. - Diz frio. Ele se levanta e sai de seus aposentos. O clima estava frio e chuvoso. A água fria caia sob o corpo do Grisalho consumido pela dor. Caminha perto do lago que costumava nadar com seus amigos.
Se escorando perto de uma árvore. Lugar que eles saltavam dali.

Otto pega o colar de seu bolso e entrelaça entre seus dedos. Os diamantes brilhavam em contato com a Luz da lua. Era uma peça única. A única coisa que restou de sua mãe. A coloca em seu pescoço e coloca o pingente na palma de sua mão. A apertando com força enquanto deixava as lágrimas pesadas escorrem por seu rosto. Se misturando com a gotas de água.

Otto se sente fraco. Poderia ficar hipotermia ou um grave resfriado.
Ele se apoia no tronco de árvore para não cair enquanto estreita os olhos para enxergar melhor. Avistou uma silhueta de um homem montado em um belo cavalo preto.

— Otto você ficou louco de sair assim? - Marcelo desce do cavalo e vai até o mais alto.

— Me sinto fraco. - Ele sussurra.

— Claro! Nessa chuva! Vamos. - Marcelo o puxa pelo braço. O levando até o cavalo. Otto monta no cavalo e Marcelo fica atrás de si.

— Você irá receber uma bela bronca quando chegar no castelo. - Diz Marcelo enquanto guiava o cavalo até o castelo.

Marcelo desce do cavalo e ajuda Otto a descer. Eles caminham encharcados até a cozinha do palácio

— Meu Deus garoto! - Diz Aila ao ver o estado de Otto. — Você que morrer? Sair em uma chuva forte como essa?

— Eu te avisei. - Otto revira os olhos e se senta em uma cadeira.

Marcelo retira a capa de chuva e as botas que estavam encharcada.

— Vamos! Tire essa camisa. Ou você irá pegar um resfriado.

— Tá.. tá. - Ele suspira e retira a camisa de linho. A tocendo e estendendo em uma cadeira.

— Vou buscar suas roupa. Aila, faça um caldo bem quente pra esse rapaz. Ele não comeu nada hoje a tarde. - Marcelo se retira da cozinha.

— Ele exagera muito. - Otto passa a mão pelo cabelo úmido.

— Ele está certo! Vossa alteza tem que se alimentar. - Diz enquanto corta alguns legumes para o caldo.

— Vocês acham que é fácil? - Ele resmunga. — Acabei de perder meus pais. Meu casamento está perto e ainda tenho que me tornar rei! E governar todo esse povo.

— Não é nada fácil garoto! Mas não é por isso que tem que se rebelar feito um adolescente. - Ela ri relembrando a adolescência rebelde do homem.

— Quando vossa alteza era pequeno sempre vinha para Aquiles. Adorava desmanchar os penteados de Luísa. - Ela ri. — Era tão teimoso.. ainda é pelo jeito. Quando eu não fazia seu assado de cordeiro você fazia birra!

— É.. talvez eu seja um pouquinho teimoso. - Ele sorri.

— Um pouquinho? - Diz Marcelo entrando no cômodo. — Você é muito cabeça dura! - Ele coloca as roupas de Otto em seu colo.

— Obrigado. - agradece pelas roupas. — Vou me vestir. - ele caminha desanimado até seus aposentos.

Continua

O Reino Vizinho. |•°Luotto  [Concluída ✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora