Técnica Reversa

Capítulo XIV

GOJO

Saio do carro com cuidado enquanto seguro as duas caixas, a maior e a menor ainda em dúvida da reação de Utahime, a probabilidade de receber um "não" era grande, mas só vou saber se eu tentar.

Ergo a mão para abrir a porta da frente, mas ela se abre primeiro revelando uma menina de cabelo azul.

— Bom dia. — Cumprimento, mas a garota não responde, na verdade ela está me encarando com os olhos arregalados e a boca aberta.

— Você é Gojo Satoru?

— Sim?

Por um segundo acho que é alguma das mulheres que já transei, mas já vi todas as professoras do estúdio de Utahime e tenho certeza que não transei com nenhuma delas em minha época de libertinagem. E essa em minha frente é muito nova.

— Ai meu Deus! Eu sigo você no instagram.

Bom, menos mal.

— Posso tirar uma foto com você?

— Claro. 

Tiro meus óculos escuro e tento esconder um dos pacotes, felizmente consigo. Assim que tiramos a foto ela comemora feliz. 

— Meu namorado não vai acreditar. — sussurra para si mesma olhando o celular. 

— Espero que ele não fique com ciúmes.

— Aí já é problema dele. — ela olha para mim ainda eufórica — Você estava entrando?

— Sim, tenho uma surpresa para Utahime. 

— Vocês se conhecem? 

— Estou morando com ela temporariamente. 

— Não sabia que eram amigos.

— Não sabia que tinha professoras tão novas no estúdio.

— Não sou professora, ainda, estou mais para auxiliar delas, vim trazer uns papéis para Utahime assinar, mas já estou voltando. 

— Então não vou lhe atrapalhar mais, foi um prazer lhe conhecer é... ?

— Miwa!

— Foi um prazer, Miwa.

Me despeço e entro na casa, vou em direção ao quarto de Utahime mas antes dou uma olhadinha no quarto em reforma. Dois dias atrás Utahime me informou que o quarto de hóspedes em que eu estava seria o quarto do bebê e eu teria que me mudar para o quarto que até então era de Ieiri e que Ieiri iria começar a dormir com ela. Perguntei o do porquê eu não ter sido escolhido no lugar de Ieiri, já que eu que era seu "mordomo" do dia a dia, e eu estando ao seu lado durante a noite seria muito melhor se ela quisesse descer as escadas para ir na sala ou cozinha. Ela discordou no início, mas os pós eram melhores que os contras e eu venci essa batalha. Fala sério, a cama de Utahime era bem melhor.

Do lado de fora, deixo a caixa rosa no chão e fico só com pacote menor em mãos, respiro fundo e entro no quarto sem bater. Utahime está na cama lendo, assim que me ver abaixa o livro. 

— Sim, Gojo, pode entrar.

— Como agora aqui é meu quarto, não vejo necessidade de bater. — me aproximo dela, que está com as costas apoiada em travesseiros. 

— É temporário. 

— É claro. — sento em sua frente e antes de começar a falar aprecio sua trança de cabelo, hoje ela optou por usar um vestido em vez de pijama. — Você está linda. 

Revira os olhos com o meu elogio, mas percebo suas bochechas coradas e sei que ficou com vergonha. 

— Isso aqui é pra vocês. — entrego o pacote em suas mãos. 

— O que é?

— Abra e descubra. 

Utahime pega a caixa pequena com cautela e começa a desfazer a embalagem do presente devagar, o que me deixa desesperado, se fosse eu já teria rasgado, mas tudo bem, não sou eu abrindo. Quando ela terminar de desfazer toda a embalagem, abre a tampa do presente e argueja com o conteúdo dentro.

— Gojo...

— Como eu sei que você adora colocar laços no cabelo, mandei fazer esses pra você e a bebê combinando, os maiores são seus, tem o U de Utahime e os menores tem o S de Satoruzinha, como não decidimos o nome ainda tomei a liberdade de fazer isso, mas não se preocupe, eu vou mandar refazer todos eles quando ela nascer.

— Gojo...

— Se você não gostou das cores, mando fazer mais .

— Gojo, vem cá.

— Onde?

— Aqui perto de mim, tem uma coisa no seu rosto.

— No meu rosto? 

— Sim, vem cá. 

E eu me aproximo, esperando ela limpar o que é que estivesse em meu rosto, mas sou surpreendido quando Utahime puxa minha camisa e me abraçar. 

— Obrigada. — beija minha bochecha antes de se afastar com um sorriso.

— D-de nada.

Observo Utahime tirar os laços da caixa e admirá-los um por um, e é nesse momento de distração que falo sobre a segunda caixa.

— Hoje eu fui fazer aqueles ensaios, lembra?

Ela concorda ainda distraída. Ótimo. 

— Quando eu estava saindo vi um gato todo cheio de lama, fiquei com pena e acabei levando ele no veterinário, o cara falou que parecia ser um caso abandono, pois havia uma marca de coleira em seu pescoço. 

— Odeio pessoas que fazem isso, seres humanos são desprezíveis. 

— Também acho, e no veterinário mesmo descobri que o gato era fêmea, quando terminou a consulta a levei pra tomar banho.

— Foi muito legal de sua parte fazer isso, Gojo.

— Mas quando levei ela no abrigo não aceitaram.

— Porquê?

— Falaram que estavam lotados. 

Utahime parece começar entender para onde estou levando a conversa quando olha bem para mim e pergunta:

— Onde está a gata?

— Então, pensei em ligar para Geto e perguntar se ele poderia ficar com ela até eu encontrar um lar para gata, mas Geto tem alergia a gatos.

— E...?

— Queria saber se ela pode ficar aqui, é temporário, é só até eu encontrar um dono responsável por ela. Eu prometo que ela não vai te incomodar, vou limpar toda a bagunçado e você quase não vai vê-la. 

— Gojo, estamos reformando o quarto do bebê, um gato nessa situação não seria a melhor das ideias. 

— É só durante esses dois dias, no máximo uma semana, é só até eu encontrar um lar para ela, prometo. 

Utahime suspira, olha para o meu presente em suas mãos e concorda com a cabeça. 

— Tudo bem, pode trazer a gata, mas é temporário, ouviu?

Levanto da cama e beijo sua cabeça, essa mulher é a melhor.

— Onde você deixou ela antes de vim pra cá? — me afasto dela com um sorriso no rosto, dou uns passos para trás indo em direção porta — Gojo?

Saio do quarto, me agacho para abrir a caixa de transporte que tive que comprar e tiro a gata de dentro sem problemas. Seus pelos brancos antes sujos de esgoto agora estão brilhando e totalmente cheirosos. Arrumo o laço roxo em sua cabeça e volto a entrar no quarto com a gata no braço.

— Utahime, conheça Violeta.