GOJO
Utahime foi submetida a uma cesariana. Apesar da bolsa ter estourado com apenas trinta e três semanas, ela poderia ter um parto normal se o bebê não estivesse sentado. Tentaram ver se ela conseguiria passar um tempo em observação para o bebê passar mais tempo na barriga, mas Utahime já estava com dores do trabalho de parto e logo a ideia foi descartada.
Quando termino de vestir a roupa cirúrgica, me levaram para onde Utahime estava.
— Oi — um pano estava à sua frente, cobrindo o que acontecia da barriga para baixo.
Ela olha para mim, seus olhos estão brilhando de lágrimas.
— Oi.
— Você pode sentar aqui, papai. — uma das mulheres de verde entrega um banquinho com rodinhas para me sentar, e eu faço isso ficando próximo a cabeça de Utahime.
— Obrigada. — sinto minha garganta seca mas ignoro enquanto faço carinho em sua cabeça por cima da touca cirúrgica — Como você está se sentindo?
— Eu não sinto nada pra falar a verdade, e você?
— Eu tô nervoso pra cacete. — Utahime rir sem forças, mas logo seu semblante fica sério.
— Ela vai ser prematura.
— Mas isso não é um risco, Nanami falou que ela vai ficar bem.
— Eu sei, mas...
— Utahime, ela foi o espermatozóide que ultrapassou todas as barreiras, contra todas as probabilidades, ela conseguiu, não duvide nenhum momento que nossa princesa vai ficar bem.
Ela ri, e sabe as lágrimas que estavam em seus olhos? Eles caem, mas é porque ela está rindo.
— Obrigada. — ela limpa o canto dos olhos e olha pra mim com um sorriso de canto — Obrigada por estar aqui, Gojo.
— Só estou aqui porque minha agenda estava livre. — dou de ombros, tentando deixar Utahime o mais calma possível diante dessa situação.
— Certo. — Nanami anuncia do outro lado do pano — Vamos começar.
Foram sessenta minutos, sessenta minutos que parecia que eu estava em outro lugar, eu conversava com Utahime, com Nanami e as enfermeiras presentes, mas minha alma não estava exatamente naquela sala. Eu estava nervoso pra caralho, quando minha mão começava a tremer, eu fingia que estava me alongando e fazia alguma piada para distrair, e eu estava fazendo um ótimo trabalho até erguer minha cabeça e ver Nanami tirando o bebê da barriga de Utahime. Primeiro foi os pés e depois o corpo, na hora de sair a cabeça demorou um pouco mas acabou saindo, e vou confessar que eu nunca acreditei nesse lance de amor à primeira vista, mas sei que foi erro meu acreditar que isso não acontecia até ver o rosto enrugado e mal humorado de minha filha. O choro infantil preenche a sala e meus olhos ardem.
A médica ao lado de Nanami passa um pano nela e a coloca em um lençol azul e trás o bebê chorando até o rosto de Utahime.
— Oi, minha filha. — o bebê coloca o mão em seu rosto ainda com os lábios tremendo, mas o choro vai diminuindo conforme Utahime conversa com ela. — Não precisa chorar, mamãe tá aqui, e ela vai ficar pra sempre do seu lado. — beija as mãos pequenas — Você vai ser amada de todas as formas... — um soluço acaba saindo de seus lábios, mas ela continua: — Faz muito tempo que tô te esperando.
Estou tão absorto com a cena que quando Nanami me chama levo um pequeno susto.
— Vem cortar o cordão umbilical.
— E eu posso?
— Claro que pode, você é o pai.
Enxugo minhas mãos suadas na calça verde e pego a tesoura com as mãos um pouco trêmulas mas consigo cortar o cordão umbilical e respiro aliviado quando termino.
— Meus parabéns. — Nanami me parabeniza e volta a fazer o seu trabalho. Quando retorno para o lado de Utahime escuto ela falar para a enfermeira me entregar o bebê e não tenho tempo de reagir pois logo o pequeno pacote é depositado em meu braços e abre o berreiro por ter sido afastada de sua mãe.
— Shhhh — balanço meus braços tentando acalmá-la. — Está tudo bem, eu não vou derrubar você, eu prometo. — o bebê para de chorar devagar quando escuta minha voz.
— Já sabemos quem é a princesinha do papai. — a enfermeira comentou fazendo todos presentes rirem, mas estou ocupado olhando para o seu rosto pequeno, sua boca abrindo e fechando e sua testa franzida, como se estivesse se perguntando o porquê de tudo estar diferente de quinze minutos atrás quando estava na barriga de sua mãe.
Quando olho para os fios de cabelo em sua cabeça, dou sorrio e olho para Utahime, que já estava olhando para mim.
— Ela tem os cabelos brancos. — digo orgulhoso. — Você não ia conseguir esconder ela de mim por muito tempo.
— Eu percebi. — ela revira os olhos mas está sorrindo quando faz isso.
Olho novamente para a bebê, ela nasceu a poucos minutos e já fazia jus ao nome que recebeu.
— Seja bem-vinda, Yumi.
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Técnica Reversa
RomanceAmor e ódio não se excluem, movem-se num mesmo campo e, apesar de possuírem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Gojo e Utahime eram conhecidos por terem uma dinâmica de cão e gato...