Capítulo XVII

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GOJO

Utahime foi submetida a uma cesariana. Apesar da bolsa ter estourado com apenas trinta e três semanas, ela poderia ter um parto normal se o bebê não estivesse sentado. Tentaram ver se ela conseguiria passar um tempo em observação para o bebê passar mais tempo na barriga, mas Utahime já estava com dores do trabalho de parto e logo a ideia foi descartada.

Quando termino de vestir a roupa cirúrgica, me levaram para onde Utahime estava.

— Oi — um pano estava à sua frente, cobrindo o que acontecia da barriga para baixo.

Ela olha para mim, seus olhos estão brilhando de lágrimas.

— Oi.

— Você pode sentar aqui, papai. — uma das mulheres de verde entrega um banquinho com rodinhas para me sentar, e eu faço isso ficando próximo a cabeça de Utahime.

— Obrigada. — sinto minha garganta seca mas ignoro enquanto faço carinho em sua cabeça por cima da touca cirúrgica — Como você está se sentindo?

— Eu não sinto nada pra falar a verdade, e você?

— Eu tô nervoso pra cacete. — Utahime rir sem forças, mas logo seu semblante fica sério.

— Ela vai ser prematura.

— Mas isso não é um risco, Nanami falou que ela vai ficar bem.

— Eu sei, mas...

— Utahime, ela foi o espermatozóide que ultrapassou todas as barreiras, contra todas as probabilidades, ela conseguiu, não duvide nenhum momento que nossa princesa vai ficar bem.

Ela ri, e sabe as lágrimas que estavam em seus olhos? Eles caem, mas é porque ela está rindo.

— Obrigada. — ela limpa o canto dos olhos e olha pra mim com um sorriso de canto — Obrigada por estar aqui, Gojo.

— Só estou aqui porque minha agenda estava livre. — dou de ombros, tentando deixar Utahime o mais calma possível diante dessa situação.

— Certo. — Nanami anuncia do outro lado do pano — Vamos começar.

Foram sessenta minutos, sessenta minutos que parecia que eu estava em outro lugar, eu conversava com Utahime, com Nanami e as enfermeiras presentes, mas minha alma não estava exatamente naquela sala. Eu estava nervoso pra caralho, quando minha mão começava a tremer, eu fingia que estava me alongando e fazia alguma piada para distrair, e eu estava fazendo um ótimo trabalho até erguer minha cabeça e ver Nanami tirando o bebê da barriga de Utahime. Primeiro foi os pés e depois o corpo, na hora de sair a cabeça demorou um pouco mas acabou saindo, e vou confessar que eu nunca acreditei nesse lance de amor à primeira vista, mas sei que foi erro meu acreditar que isso não acontecia até ver o rosto enrugado e mal humorado de minha filha. O choro infantil preenche a sala e meus olhos ardem.

A médica ao lado de Nanami passa um pano nela e a coloca em um lençol azul e trás o bebê chorando até o rosto de Utahime.

— Oi, minha filha. — o bebê coloca o mão em seu rosto ainda com os lábios tremendo, mas o choro vai diminuindo conforme Utahime conversa com ela. — Não precisa chorar, mamãe tá aqui, e ela vai ficar pra sempre do seu lado. — beija as mãos pequenas — Você vai ser amada de todas as formas... — um soluço acaba saindo de seus lábios, mas ela continua: — Faz muito tempo que tô te esperando.

Estou tão absorto com a cena que quando Nanami me chama levo um pequeno susto.

— Vem cortar o cordão umbilical.

— E eu posso?

— Claro que pode, você é o pai.

Enxugo minhas mãos suadas na calça verde e pego a tesoura com as mãos um pouco trêmulas mas consigo cortar o cordão umbilical e respiro aliviado quando termino.

— Meus parabéns. — Nanami me parabeniza e volta a fazer o seu trabalho. Quando retorno para o lado de Utahime escuto ela falar para a enfermeira me entregar o bebê e não tenho tempo de reagir pois logo o pequeno pacote é depositado em meu braços e abre o berreiro por ter sido afastada de sua mãe.

— Shhhh — balanço meus braços tentando acalmá-la. — Está tudo bem, eu não vou derrubar você, eu prometo. — o bebê para de chorar devagar quando escuta minha voz.

— Já sabemos quem é a princesinha do papai. — a enfermeira comentou fazendo todos presentes rirem, mas estou ocupado olhando para o seu rosto pequeno, sua boca abrindo e fechando e sua testa franzida, como se estivesse se perguntando o porquê de tudo estar diferente de quinze minutos atrás quando estava na barriga de sua mãe.

Quando olho para os fios de cabelo em sua cabeça, dou sorrio e olho para Utahime, que já estava olhando para mim.

— Ela tem os cabelos brancos. — digo orgulhoso. — Você não ia conseguir esconder ela de mim por muito tempo.

— Eu percebi. — ela revira os olhos mas está sorrindo quando faz isso.

Olho novamente para a bebê, ela nasceu a poucos minutos e já fazia jus ao nome que recebeu.

— Seja bem-vinda, Yumi.

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