Capítulo 48

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Leôncio Hernández

— Vocês acham certo que essa mulher fez comigo? Aquela desgraçada jogou o meu filho fora, como se fosse um filhote de cachorro. Paola terá que pagar, quero encontrar o meu filho, nem sei a idade dele. Doze ou treze anos, talvez.

Reprimi a minha risada diante dele, Alejandro está comovido com esta história? Anos atrás com certeza ele não teria essa reação, um pai revoltado à procura do filho perdido, conhecendo o seu caráter provavelmente jogaria o recém-nascido no chiqueiro e mataria a mãe logo em seguida. Sem remorso e se livraria dos dois problemas numa tacada só.

Depois da conversa que tive com a Paola, a sua atitude foi certa. Ir embora sem falar nada, exceto pelo modo que tratou o seu filho, sou o homem com bastante experiência na vida e eu sei quando uma pessoa está mentindo para mim. E a Paola está escondendo algo, talvez ela tenha mesmo dando para o orfanato após dar à luz. Porém, talvez Paola sabe onde ele está, onde ele vive e com as pessoas que convivem ao seu redor.

— Vamos esquecer essa história — Vociferou Maitê — Talvez esteja morto, ele iria morrer de qualquer forma mesmo, sejamos sinceros, você com certeza mataria ele ainda no ventre da Paola. Alejandro, eu perdi até a conta quantas vezes você engravidou uma menina e eu tive que forçá-la abortar. Fala que a Paola é um monstro, mas você matou vários ou está esquecendo de propósito?

— Está defendendo essa mulher? Ela simplesmente jogou o meu filho na lata de lixo.

— É mesmo? E sabe quantos fetos foram jogados na lixeira? — Maitê se levanta no sofá — Posso até passar a mão na sua cabeça todas às vezes Alejandro, mas dessa vez, infelizmente terei que ficar ao lado da Paola. Você está noivo agora e tem um filho à caminho, seja um bom pai.

E retirou-se na sala, estou impressionado. Porém, o Alejandro nem tanto, jogou o copo de uísque na parede.

— Vocês vão ficar ao lado dela?

Héctor riu — Você sabe quanto está ridículo fazendo essa cena? "Ai meu deus, o meu filho" — Imitou — Alejandro, você é ridículo fazendo essa cena ridícula por causa de um bastardo que nem sabe se está vivo ou não. Acusa a Paola, mas esquece dos seus pecados, mas eu sei quantos fetos você se livrou. Porque não era você que pagava o silêncio das vadias, sabe quantos foram? Vince e cinco fetos, todos eles morreram por causa da sua irresponsabilidade de não usar camisinha, seu infeliz de merda e o seu filho que supostamente nasceu, é o primeiro que escapou das suas loucuras. Só está assim, porque quer a mulher do seu irmão.

Alejandro ficou de pé, ficando frente a frente com o vosso pai que está sentado na poltrona do seu escritório bebendo o seu uísque Âmbar.

— Está insinuando que estou querendo a minha cunhada?

— E por que não? Paola está belíssima, está com outro corpo, está mais apetitoso e o seu irmão mais velho usa todas as noites. E esse filho que você está exigindo, é apenas um atalho para chegar nela. Aposto que vai usá-lo para atingi-lá, como a Paola fosse se importar com esse filho. Uma mulher que joga um filho no lixo sem remorso ao nascer, é indiferente de todos os sentimentos.

Héctor se levanta e empurra o seu filho, deu boa noite e saiu do escritório, ficamos à sós. Alejandro apontou o dedo na minha direção.

— Conversa com a sua mulher e descobre o paradeiro do nosso filho.

"Nosso filho"

Alejandro e Paola são pais, nunca, eu mesmo vou ocultar esse paradeiro. Eles nunca serão uma família realmente, não vou deixar, um sentimento possessivo abrangeu dentro de mim a relação da Paola. Mesmo não sendo a minha mulher. Alguns meses ela irá embora, e vai esquecer que nós passamos juntos, acho que estou amando-a.

— Está avisado!

Saiu do escritório espumando pela boca, essa mulher só traz problemas e mais problemas nesta casa, parece o baú de pandora.


Alejandro Hernández

Entrei no quarto, Camille está sentada na cama esperando para nós discutirmos, a sua mão esquerda segurando um frasco de remédios e lágrimas escorrendo pelas ambas das suas bochechas. Fecho a porta, e sigo à sua direção, Camille vira o rosto para outro lado, não vou me exaltar ou bater nela. Camille não sabe quase nada sobre mim, acha que sou um príncipe que vai salvá-la dos seus vícios.

— Poderia olhar para mim.

Tentei pegar a sua mão mas ela puxou grosseiramente.

— Você mentiu para mim, aliás, você sempre está mentindo. Agora eu não sei como diferenciar entre as verdades e as mentiras, você sente alguma coisa por essa mulher? O que você fez para essa mulher ter jogado uma criança no orfanato? O seu filho. Você a violentou? Me responda com sinceridade.

Não gosto de sentir encurralado feito rato.

— Quer saber a verdade? A obrigava ter relações sexuais comigo, satisfeita? Como era a filha da empregada achei justo deitar-se com o filho do patrão, tá feliz?

— Como pude me enganar por você.

— Não venha com essa Camille, você também não é santa. Você acha que não sei porque é viciada em drogas? Eu sei tudo sobre você, Camille Lambert.

— Foi um acidente, eu era apenas uma garota.

— Uma garota de dezoito anos, só não foi presa e condenada a vinte e cinco anos de prisão porque a sua família é rica. Comprou policiais, jornalistas, perícias para aparecer que foi um acidente. Mas, nós dois sabemos que você a empurrou de propósito, junto com os seus amigos.

Camille aproximou-se de mim.

— Quando você faz coisas erradas e eu descubro, você tem mania de jogar o meu passado contra mim. Acha que eu não percebo? Só não termino com você e conto a verdade sobre esse filho, porque não quero receber olhares de julgamentos dos meus pais, seu cretino.

— Então, estamos quites. E para de encher o meu saco pelo menos uma noite.

Saio da cama e vou ao banheiro, olho-me no espelho e penso nas palavras dos meus pais, matei bastante os meus filhos. E a maioria deles foi com violência, mas no caso da Paola ainda tenho dúvidas. Ela gostava, ela gozava e ela pedia mais e mais, não irei classificar como abuso, na adolescência já fiz várias vezes com os meus amigos colegiais. E eu sei muito bem diferenciar abuso e consentimento.

Paola sua vadiazinha, seus dias estão contados.

BELA POSSE - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora