Capítulo 3

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Estamos em silêncio desde que entramos no carro, tenho medo quando chegarmos em casa e ficar sozinha com ela dentro do nosso quarto, a culpa não foi minha ou foi? Vinte minutos depois chegamos no casarão, María González estava brigando com capataz da fazenda, reconheci imediatamente o homem, tem uma filha de dois de idade e aos vinte anos ficou viúvo, a sua esposa morreu no parto e desde então é braço direito do Leôncio, além de capataz, ajuda negociar pessoas para o trabalho forçado. É tão sem escrúpulos quanto essa família, a caminhonete parou em frente dele e escutei apenas uma frase quando abri a porta.

— Você é incompetente, Humberto.

Pisei os pés na terra, María foi a primeira a perceber a nossa presença. Seus olhos castanho mel olharam para mim com desdém, e empinou o nariz longo seguida, é tão mesquinha e maldosa igual a sua mãe. Na aparência e na personalidade, ignoro a sua birra, eu ficaria assim se vivesse no glamour, cercada de luxo, mordomia e ter empregados que não significava nada para mim, são apenas um número e nada mais.

— A minha mãe está puta com vocês, a Patrícia queria café da manhã no seu quarto, cadê as empregadas? Estão por aí passeando como se não houvesse trabalho a fazer.

Humberto revirou os olhos atrás dela, tento não rir, é filho da puta mas é engraçado.

— Desculpe, senhorita, mas o seu pai está ciente do nosso compromisso na cidade. — Mamãe retrucou, odeia tanto ela quanto os empregados desta casa.

Cruzou os braços — Estou pouco me importando com os seus compromissos, agora vá e vai fazer os seus serviços serviçal.

Assentimos e subimos as escadas ouvindo a dona María xingar a gente, quando chegamos na cozinha mamãe começou a xingá-la em vários nomes possíveis que não atreveria falar em voz alta. Ligou o fogão a lenha e começou a preparar o café da outra patroa, Patrícia Machado é tão insuportável e insolente quanto a sua cunhada, as duas se merecem e muito.

— Mamãe. — A chamei.

Ela estava preparando as tortilhas e os ovos.

— Agora não, Paola. Conversaremos mais tarde, guarde esse momento para si só.

— Sim, mamãe.

Vinte minutos o café da madame está pronto, Cristina fez tortilhas, panquecas, acompanhadas de café com leite, pão de forma e ovos como recheio, entregou para mim a bandeja e me mandou para ir no segundo andar, com muito cuidado comecei a caminhar.

—Está muito pesado esta bandeja. — Comentei.

Subir os primeiros degraus das escadas, o casarão é imenso e colonial, a sua arquitetura e a decoração parecia o cenário das novelas mexicanas, tão retrô e antigo, retratos faziam presentes pendurados na parede, a maioria eram membros da família que morreram. Quase no topo da escada, tinha um quadro recentemente da família Hernandez, os patriarcas sentados numa poltrona preta com mãos dadas e os seus filhos atrás deles sorrindo, parecendo uma família tradicional mexicana.

No corredor, a pintura das paredes eram amarelas e mais quadros enfeitavam o local, a maioria era de quadros famosos que ficavam dias no museu sendo vigiadas por seguranças altamente treinados e prontos para matar qualquer pessoa que se aproximasse.

Chegando na porta, bati duas vezes e ninguém atendeu, entrei assim mesmo, o quarto de hóspede estava uma zona e principalmente a cama, tudo revirado por ar, aproximei do tumulto e deixei a bandeja no criado mudo, o meu pé se chocou em algo, olhei para baixo e flagrei uma barriga falsa de grávida, que estranho. A porta do banheiro foi aberta, Patrícia apareceu com uma barriga plana e nada de volume, mas ela não está grávida há oito meses?

BELA POSSE - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora