Capítulo 59

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Leôncio Hernández

Cravei a faca na sua coxa esquerda e virei no anti-horário, Paola grita conforme a sua carne é cortada. Eu não quis olhar e nem me importei com a dor, emocional e física, Paola chorava e implorava para parar, mas a raiva, a traição e ódio que estou sentindo dentro do meu peito não deixa. Quero que a Paola sofrer das piores maneiras possíveis, quero que ela sinta a mesma dor que estou sentindo neste momento, fui enganado pela pessoa que estou amando. Ainda não conseguia pensar com clareza, entender a real dimensão das suas mentiras por tantos anos. Criei um filho, dei amor e segurança a um garoto que não é meu, todos esses anos criei um bastardo.

Criei um filho de Alejandro, quando aquele médico deu o exame comprovado a sua teoria naquele instante o meu mundo acabou. Fui destruído sem defesa alguma, e a minha ficha caiu, eu nunca fui pai de verdade. Bernardo e Guadalupe nunca foram os meus filhos biológicos, são bastardos e frutos de traição.

Sou um otário.

Saí no consultório abatido, me apoiando na parede pra não desmaiar. Quando a Paola veio para me socorrer, olhei-a detalhadamente. A mancha escura na sua bochecha direita, a sua fisionomia é igual à do Bernardo, as respostas estavam na minha cara esse tempo todo. A verdade ali, debochando de mim, liguei os pontos e tive essa tamanha surpresa.

Tiro a faca e cravo na sua outra perna.

— AHHHHHHHHH. — Berrou.

— Você me traiu, Paola!

Ela balança a cabeça negando.

— Não, eu não tive escolha. Perdoa-me.

Giro a faca e o seu corpo sacode de dor.

— Para com isso, senhor Leôncio. Não machuque a minha filha, pelo amor de Deus, tenha misericórdia da Paola.

Cristina está sendo segurada por dois homens, um a cada braço. Seu rosto tem as marcas dos meus cincos dedos gravados.

— Leôncio, tem que entender o meu real motivo. Abandonei o Bernardo para ter a minha liberdade, como você falou ontem, eu seria vendida por uma família italiana.

— E como a Patrícia entra nesta história? Vocês não eram amigas íntimas.

— Patrícia nunca esteve grávida, eu a flagrei usando uma barriga de enchimento como nas novelas e então, eu tive a ideia, o seu plano era dizer que o bebê tinha morrido.

— E aí, você daria o seu bebê para Patrícia e você ficaria livre para estudar, estou certo? Você se arrepende por ter deixado para trás?

— Quer sinceridade? Nunca, não me arrependo das minhas escolhas. Bernardo iria sofrer se estivesse comigo, pelo menos ele foi criado numa fazenda rica, cheios de empregados, riqueza e o melhor, conviver com a sua família.

Dou-lhe um tapa forte no seu rosto, segurei firme a sua mandíbula.

— Nem sente remorso deixar o filho para trás, minha mãe tinha razão. Você é baixa, miserável, e tudo de ruim que está acontecendo na nossa família é culpa sua. E por causa disso, sua mãe e você trabalharão nas fazendas até o seu último suspiro, o amor que sinto por você é um dos motivos por não matá-la. Mas, adoraria ver o seu sofrimento a partir de agora, Você, María e a sua mãe morrerão naquele solo fértil.

— SEU DESGRAÇADO — Berra — E daí se o Bernardo não é o seu filho? Ele te ama. Era o único jeito de escapar, olha em volta, acha mesmo que teria alguma chance de escapar quando descobrisse a minha gravidez? Óbvio que não!

Encaro a Paola com fúria.

— Sebastião?

— Senhor?

— Leva essas mulheres para a fazenda de café, a partir de agora você será o meu braço direito. Estou convivendo com traidores agora, e irei caçá-los e depois matá-los.

— Será um prazer, senhor!

Tiro a faca na sua perna, limpo o seu sangue com o lenço que tirei atrás do meu bolso.

— Leôncio, meu irmão! — María está encostada na parede abraçando a si mesma, chorando desde que foi forçada a entrar no galpão com as outras.

Seus olhos fixos em mim, implorando o meu perdão, suas lágrimas não estão me comovendo caralho nenhuma. Por culpa dela, o Bernardo quase morreu, porém por outro lado, se não fosse ela, eu jamais saberia sobre o segredo obscuro, cruel e nojento da Paola Flórida.

— María, você tinha tudo e agora, você foi rebaixada. Não terá nada, além, de pele queimada pelo sol, manchas nas peles, unhas quebradas, mãos machucadas de tanto trabalhar no solo, trabalhará até anoitecer pro resto da sua vida.Vai aprender a ser gente.

As três foram arrastadas pelos meus homens, berraram, gritaram e imploraram, só ignorei. Tirei o charuto dentro da minha jaqueta marrom, acendi e comecei a fumar, agora eu só preciso comunicar para os meus pais e ocultar a verdade sobre o Bernardo.

E a questão do Alejandro, terei de me livrar.

💵


Três horas depois...

Bebendo uísque tranquilamente, ouvia Maitê reclamar por causa dos castigos que estou dando para os seus filhos rebeldes e malvados, três horas que se passaram, parece que a dor está aumentando cada vez mais. Será que vai ser fácil de guardar? Ou vou ficar louco ao passar dos anos? Talvez estou sendo duro demais com essas pessoas.

Não, Paola iria mentir até o fim. Merece sofrer, merece ser castigada.

— Deixar a Paola tudo bem, mas a sua irmã. Pelo amor de Deus, Leôncio, é a sua irmã.

— Que quase matou o meu filho, como sempre passando a mão da cabecinha da desequilibrada. É por isso que a María é assim: Sem limites, mal educada, mesquinha, descontrolada. Adivinha quem é a culpa? Você.

— Leôncio não irá castigar a sua irmã — Héctor se levantou na poltrona com o copo de uísque na mão — Vamos colocá-la numa clínica psiquiátrica e deixar-lá em bastante tempo e o seu filho bastardinho será criado para longe da família, a questão do Humberto não sei o que fazer e também a sua filha, aquela garota fez um estrago enorme.

— Soraya irá estudar no internato de meninas, e o Humberto receberá o dinheiro da parte de María, dinheiro de indenização por causa dos chifres, todo dinheiro. E o Castiel continuará morando aqui, porém, não será herdeiro e vai morar a partir de agora nos fundos. Será tratado como filho de empregado, igual o seu pai.

— E a Cristina?

— A sua puta? Vai ser puta dos peões de lá.

— E o Bernardo?

— Vamos dizer que a Paola foi embora, se alguém procurar essa mulher vamos dizer que foi embora sem deixar pistas.

Anna Carmen, a substituta da Cristina, entra avisando que alguns oficiais da polícia estão querendo falar com a família.

— Mandam entrar.

O delegado e dois policiais entraram.

— O que devo a honra? — Héctor perguntou.

— Alejandro Hernández está preso, no seu carro encontramos quarenta quilos de cocaína escondido no porta-malas.

Viro para frente, esboço um sorriso. Tudo está saindo conforme planejado.

BELA POSSE - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora