Capítulo 45

191 35 9
                                    


LEONCIO

Três dias depois...

Não consegui deixar de observá-los, Paola e Bernardo juntos como se fosse mãe e filho, pensava que teria ataque cardíaco ao ver o meu filho caído no chão, quase desfalecido e com a poça de sangue ao seu redor, parecia que estava morto. Até agora os médicos não deram respostas cabíveis sobre o seu estado de saúde, não deram nenhuma explicação correta que significava tudo isso. Bernardo tem treze anos, aparenta ser um menino saudável, não fuma e não bebe, faz atividade física todos os dias correndo naquelas bandas. Não faz sentido.

— Está com fome? — Paola perguntou para o Bernardo, acariciava o seu cabelo. — Se quiser posso ordenar a Cristina fazer um bolo de cenoura bem gostoso, o seu favorito.

Nunca vi a Paola dessa forma, vulnerável e chorosa, na última vez foi na sua adolescência. Desde então, apresentou-se uma mulher sem caráter, promíscua e debochada e o Bernardo olhava para ela com os brilhos nos olhos, mesmo brilho que ele olhava para a sua falecida mãe.

— Não, só quero o seu carinho. — Diz manhoso.

Paola riu, e deu um jeito de conceder o seu desejo. Deitou-se ao seu lado, Bernardo pousa a sua cabeça em cima dos seus peitos e fecha os olhos lentamente, acho que vai dormir. Estou tendo uma pitada de ciúmes na relação entre eles, acho que este sentimento direciona para o Bernardo, prefere a sua presença ao invés de mim.

Garoto ingrato.

Desgrudo da parede e saio do quarto, não saio desses corredores há três dias, só vou tirá-lo do hospital quando tiver certeza sobre o quadro de saúde. Até agora estou querendo uma explicação, entretanto, tenho algumas teorias. Bernardo foi envenenado? Por enquanto, quero guardar essa dúvida só para mim.

Vou à direção da máquina de café, deposito dinheiro e espero o café ficar pronto, até lá olho-me o meu reflexo da máquina. Olheiras estavam presentes, e a barba cresceu um pouco também, só vou para casa para fazer as minhas necessidades e depois eu volto para cá, deixei a liderança para o Alejandro. Vamos ver se ele é competente nos negócios da família.

Café pronto e dou os primeiros goles, nossa que café horrível.

— Tio Leôncio.

Virei-me para trás, É a Soraya.

— Soraya? — Franzi a testa — Não deveria estar na escola?

— Sim, mas pulei algumas aulas. Quero ficar um pouco com o seu filho, e também a sua presença é eficaz na escola, fica chato sem ele.

A diretora reclama do seu comportamento dentro das salas de aulas, vive conversando e matando aulas, dizendo o bastardo que considera inútil e não precisaria a fórmula de bhaskara na sua vida.

— E a diretora tirando férias dele.

Soraya riu, é uma boa menina. Em suas mãos tem livros e estojos.

— Pra quê isso? — Perguntei apontando com o dedo.

Soraya olhou para os seus materiais e respondeu:

— São para o seu filho, Bernardo gosta de fazer as minhas atividades escolares e como ele está melhorando, achei que ajudaria a racionar o cérebro dele.

Soraya é uma garota esperta, usa o próprio sentimento do meu filho para usá-lo como se fosse a sua marionete. Deveria dizer alguma coisa sobre isso, alertá-lo sobre o caráter da sua amiga, mas conhecendo o bastardo. Falaria que são coisas da minha cabeça, e iniciaremos uma discussão horrível e que o meu cinto também iria participar. Vou ficar na minha, o Bernardo precisa lidar com as mulheres interesseiras que aparecerão na sua vida.

BELA POSSE - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora