Capítulo 28

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Paola Flórida

Tiro os meus óculos escuros, olho em volta. Marquei o encontro em um dos hotéis da Famiglia Lambertini. Leôncio deu várias orientações sobre essa conversa, estamos lidando com alguém que tem o poder de destruir totalmente a minha vida no estalar dos dedos.

Zeus Lambertini, O Chefe. Enviou um vídeo, não tinha coragem de assistí-lo. Mas, escutei gemidos escandalosos e choro de um adolescente, é horrível de pensar que eu estava ao lado dele todo esse tempo. Recebia ele na minha casa, era quase amiga da sua mulher. Tinha que ser político mesmo, é uma das atividades preferidas de alguns deles.

Eu estou sozinha, mas tinha uma escuta e uma câmera bem discreta de um dos meus brincos de esmeralda. O secretário dele veio em minha direção, ajeitei a minha postura e fui à sua direção. Preciso passar uma imagem de confiança, sem deixar nenhuma brecha para o James Miller usar contra mim.

— Senhora William.

— Senhorita Flórida, não esquece da próxima vez. Cadê o Miller?

Henry Davis, fez cara feia. É o cãozinho fiel ao seu patrão, lambe onde o Miller pisar e tenho quase certeza se pudesse transar com a sombra dele esse esquisito transaria.

— Na cobertura — Responde levantando o queixo.

— Espero que ele não me empurre lá de cima. — Dei uma piscadela e comecei a caminhar, o ar condicionado do Hall da recepção me atingiu.

Quase choro ao sentir o cheiro de ambiente rico, perfumes importados e caros, sons de saltos e as pessoas falando baixinho. Isso sim, é um ambiente, e não daquela porcaria de cozinha com cheiro de alho e tempero, experimentei caviar e será difícil de comer peixe frito novamente. Eu me recuso.

Já hospedei um desses hotéis luxuosos, em Árabia Saudita, um ano atrás. O atendimento deles tratam você como rei, a saudade está batendo na porta. Ao longo da caminhada, encontro a minha ex-amiga em frente ao elevador, acompanhada do seu marido que segurava firmemente o seu braço.

Bem feito, eu avisei. Não me escutou.

Fiquei ao seu lado, me arriscado caso ela me reconheça. Estou usando um chapéu preto, óculos escuros e uma peruca loira, a minha foto infelizmente está em todo lugar. Por enquanto, dessa reunião, finalmente mostrarei a minha cara.

— Meu marido, você está me machucando. — Ella sussurrava, percebo no tom da sua voz que está prestes a chorar — Por favor!

— Eu deveria usar o cinto em você. Minha mulher nenhuma irá trabalhar ou estudar, você nasceu para gerar os meus herdeiros e nada mais disso, sua insolente.

Ponho a mão na boca para nenhuma risada escapar entre os meus lábios pintados de vermelho. O elevador abriu, nós quatro entramos, fiquei ao lado do espelho e aproveito olho-me no espelho. Linda, como sempre! Atrevo ao olhar para Ella, enxugou uma lágrima no canto do seu olho e tentou sorrir, mas falhou miseravelmente.

Podia sentir pena, mas não sinto. Por sua culpa que estou nesta situação, nem posso sair na rua sem se preocupar de ser apedrejada como Maria Madalena. E está colhendo os seus pecados, queria tanto tirar o meu disfarce e dizer "Eu te avisei".

Avisos que não faltaram, meu e da sua mãe. O elevador abriu e eles saíram, Ella saiu quase sendo arrastada pelo seu marido. Alguém vai apanhar. A porta metálica se fechou. Não aguentei, e comecei a gargalhar, Henry me olhava incrédulo e balançava a cabeça negativamente.

— O que foi? Não posso sorrir?

— Inacreditável. — Resmungou.

Paramos o nosso andar, saímos. Henry tira o cartão magnético do seu paletó e passa na porta. Sem esperar muito eu entrei, e lá estava ele, o todo poderoso, sentado ao lado da varanda saboreando o seu cappuccino com as pernas cruzadas.

BELA POSSE - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora