Quando uma adolescente faz burrada.

1.3K 129 68
                                    

Nota inicial: 

Olá, não me esqueci da história apenas tive grandes contratempos, mas voltarei pra vocês. É apenas uma adaptação seulrene, uma história antiga, nada que tem aqui é correlacionado com a realidade ou teorias, apenas avisando. Enfim, vou parar por aqui. Boa leitura a todos!

--

Durante toda a sua vida, Sarocha sempre esteve acostumada a estar rodeada por adultos. Crescendo como filha única, em uma família onde os outros casais escolheram não experimentar as extremamente valorizadas maternidade e paternidade, Sarocha aprendeu a lidar com a árdua tarefa de não transparecer infantilidade, mesmo quando era ainda uma criança, para tentar se encaixar em seu meio familiar. Esta é provavelmente a razão para que todos na escola achem que ela, uma adolescente de 16 anos, que deveria ser imprevisível, estúpida e descuidada como todas as outras, na verdade é estranhamente serena e madura.

Em um horário em que a maioria dos adolescentes provavelmente ainda estão esparramados em suas camas, se recusando a atender às súplicas do despertador, Sarocha está de pé, pronta, sentada à mesa com seu livro na mão enquanto saboreia o inconfundível café de sua mãe. Ela está apenas esperando a carona do pai, sem um pingo de vontade de pegar o ônibus lotado e barulhento logo cedo de manhã.

Seu pai desce as escadas e adentra a cozinha, as mãos ainda arrumando a camisa social por baixo do cinto que prende a calça impecavelmente passada. Sarocha não se lembra se essa foi passada por ela ou pela mãe, afinal de contas, as duas amam a tarefa com a mesma paixão intensa. A única certeza que a garota tem toda vez que abre suas gavetas é que todas as roupas foram dobradas pelo pai, visto que esta é a paixão solitária do banqueiro.

Não sendo uma pessoa agraciada por um estômago muito forte, Sarocha volta a atenção para sua leitura quando nota que o pai está se aproximando de sua mãe, com aquele sorriso que a faz revirar os olhos. Depois de tortuosos cinco minutos de amor matinal, Sr. Chankimha decide se sentar e Sarocha sente que pode respirar novamente. Como de costume, o homem balança os cabelos castanhos de sua filha, bem de leve, sabendo que, de tão lisos e sedosos, todos os fios retornarão ao devido lugar sem esforço algum.

Sarocha encolhe um pouco os ombros e faz uma careta, não que ela sinta repulsa do afeto do pai, mas é que não gosta que mexam em seu cabelo. Ela não dá atenção para a risada de seu pai, porque está sentindo que sua concentração está finalmente sendo catada aos poucos e sendo jogada diretamente em sua leitura. Enquanto corre os olhos pelas frases, Sarocha morde a parte interior de sua bochecha esquerda, o ato sempre ajuda a manter sua concentração, e ela sente prazer em sentir a pele fina sendo rasgada entre seus dentes.

Ela estica a mão para pegar sua xícara e exala exaustivamente quando percebe que seu pai puxou o objeto de cerâmica para longe dela. Sarocha raivosamente deixa que o livro caia na mesa e fuzila o pai com os olhos, que sorri travessamente enquanto mastiga alguma coisa, provavelmente uma torrada. Vendo isso, pode parecer que Sarocha é uma pessoa de pavio curto, mas, na realidade, brincadeiras são apenas coisas que não fazem parte de sua rotina. Seu pai tenta, mas agora, para uma garota adentrando o estágio final da adolescência, é tarde demais.

"Podemos ir?" Ela decide fechar o livro para mostrar ao pai que deseja sair o mais rápido possível.

"Me dê um minuto." Sr. Chankimha se endireita na cadeira, embaraçado por sua atitude infantil, e foca a total atenção em seu desjejum.

Assentindo com a cabeça rapidamente, Sarocha joga a mochila por cima do ombro e decide continuar sua leitura já dentro do carro.

--

Até agora, Rebecca levou uma vida relativamente fácil. Nunca foi o centro das atenções, mas também nunca foi invisível, ela sempre esteve no meio, uma quantidade razoável de amigos, de reconhecimento, de convites para festas, de brigas com os pais. Rebecca acredita que, para uma adolescente de 16 anos, não guarda tantos segredos como a maioria e, caso guardasse, sente que eles não a manteriam acordada à noite. Ela só pensa sobre o momento em que realmente terá grandes coisas para pensar.

Aquilo que se encontra quando não se está procurando.Onde histórias criam vida. Descubra agora