Aquilo que se encontra quando não se está procurando.

Quando uma adolescente sente que seus hormônios estão querendo tomar o controle.

Nota inicial:

Acho que estamos evoluindo para capítulos cada vez mais fortes, e para compensar a ausência terá mais um após esse. Boa leitura!

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Rebecca para bem no meio do caminho, dando uma olhada para a mesa onde suas amigas estão e logo depois para o lado, onde avista sua namorada no pátio, sentada no mesmo lugar de sempre. Rebecca discretamente fiscaliza a cafeteria com os olhos, tentando avistar Nat, Sonika, ou os outros três garotos que a agrediram, mas não encontra nenhum deles.

Exalando tremulamente, Rebecca desvia seu caminho, indo em direção ao pátio e surpreendendo Sarocha com a sua chegada. Ela apenas fica observando sua namorada se sentar ao seu lado, pernas também cruzadas e olhos focados no almoço em seu colo.

"O que aconteceu?" Sarocha pergunta.

"Nada..." Rebecca dá de ombros, reforçando sua resposta com um leve sorriso.

Sarocha opta por não pressionar. Ela fecha seu livro e deixa-o em cima da coxa esquerda, virando o rosto para observar e tentar decifrar o que está por trás do olhar perturbado de Rebecca. Sarocha imagina que o medo reside no risco que sua namorada está correndo, se sentar ao seu lado sabendo que aquelas pessoas podem ver e decidirem agir novamente. Mas, ainda sim, Rebecca veio se sentar ao seu lado. Sarocha é imensamente grata por isso.

Ela mostra sua gratidão ao fechar o espaço que Rebecca deixou entre seus corpos. O braço direito de Sarocha toca o esquerdo de Rebecca, e sua perna flexionada fica um pouco escorada por cima do joelho dela.

"Nós não deveríamos ficar assim tão próximas." Rebecca alerta quando sente a cabeça de Sarocha se deitando em seu ombro.

"Sim, nós deveríamos." Sarocha discorda. "É uma pena que não podemos." Ela levanta a cabeça e se afasta um pouco, não tanto quanto estavam, apenas o suficiente para que sua perna não necessite mais do suporte do joelho de Rebecca.

Sem saber o que dizer, pois está certa de que Sarocha tem razão, Rebecca levanta um pouco a cabeça, estreitando os olhos enquanto a claridade atinge-os. Ela respira profundamente o ar agradável debaixo da árvore, pela primeira vez tirando um tempo para analisar o pátio.

"Que porta é aquela?" Rebecca aponta para a parede que está nas costas de Sarocha, finalmente prestando atenção na porta velha, feita de uma madeira já encardida.

"Do porão." Sarocha responde. "No final tem uma escada que leva para o segundo andar." O segundo andar é onde fica a sala de aula na qual elas estudam.

"Fica trancada?" Rebecca pergunta, mas Sarocha apenas dá de ombros, gesticulando que não faz ideia. "Você quer entrar lá?" Ela abre um sorriso travesso, do tipo que uma adolescente estampa quando está prestes a quebrar as regras.

"É melhor não. É escuro, você vai ficar com medo." Mas claro, Sarocha não compartilha o entusiasmo. Ela coloca uma mão no chão como apoio para se levantar, mas Rebecca segura seu pulso, obrigando-a a se sentar novamente.

Rebecca fica em silêncio absoluto, observando a cafeteria se esvaziar aos poucos, e suas amigas acenarem na sua direção quando passam reto pela saída para o pátio. Rebecca segue os passos delas com os olhos por alguns segundos, Tara caminhando um pouco na frente e Noey e Nam logo atrás.

Nam está estranha ultimamente, é o que Rebecca tem notado. Desde que sua amiga teve um inesperado confronto com Sonika, está calada demais, pensativa demais, e o mais assustador de tudo, não está pegando no seu pé. Surpreendentemente, Rebecca sente falta de Nam implicando com tudo o que ela faz ou diz.