Caminhando lado a lado, Rebecca e Sarocha pensam sobre como chegaram a este exato momento. Rebecca, que há algumas horas acreditava que o ato de beijar Sarocha nunca passaria de uma fantasia, e Sarocha, que não fazia ideia de que o que sentia por Rebecca está fortemente vinculado ao ato de querer beijá-la.
A noite já está caindo, e Sarocha tem certeza de que sua mãe deve estar morrendo de preocupação, pois ela nunca ficou fora até uma hora dessas, pelo menos nunca sem dar um aviso. Pode ser que seja um pensamento egoísta em relação à saúde do coração de sua mãe, mas por um momento, Sarocha deseja que nunca chegue em sua casa.
Ela gosta de fazer isso. Caminhar ao lado de Rebecca e, quando elas adentram uma rua relativamente deserta, Sarocha discretamente pega o mindinho de Rebecca por alguns segundos, às vezes minutos. Chega um ponto em que sua mão está tão melada quanto a da mais baixa.
Rebecca está em profundos pensamentos. Pensando se não sentiu a mesma coisa quando beijou Nat apenas porque não gostava dele tanto quanto gosta de Sarocha, ou porque ela não é capaz de sentir isso com nenhum garoto. Isso que sente com Sarocha, ela consegue sentir com todas as garotas, e somente garotas? A mente de Rebecca nunca ficou tão confusa.
Seus olhos só se desviam do chão quando ela sente o calor da mão de Sarocha se afastando da sua. Ela olha em volta, percebendo que já alcançaram a porta da casa de sua amiga, que Rebecca não sabe mais se pode chamar de amiga. Mais uma coisa para acrescentar à sua confusão.
E agora? Rebecca se pergunta enquanto olha para Sarocha, que também está estampando um olhar meio perdido.
"Obrigada por me acompanhar até em casa... de novo." Sarocha quebra o silêncio. "Você quer entrar para esperar a sua mãe?"
"Eu acho melhor ir andando. Encontro ela no caminho." Rebecca queria dizer que sim.
"Tudo bem." Sarocha assente uma vez, olhando para os pés por alguns segundos e sorrindo timidamente quando seu olhar encontra o de Rebecca.
"Ai... isso é muito estranho." Rebecca também sorri envergonhada.
"É?" Sarocha franze as sobrancelhas.
"Não. Eu quero dizer... isso." Rebecca tenta explicar. "Não o..." Ela coça a garganta levemente. "Não o beijo."
"Oh..." Sarocha se sente aliviada. "É, isso é um pouco estranho." Ela precisa concordar. "Mas o beijo foi bom." Sarocha admite timidamente, quase em um murmúrio.
"Foi?" Rebecca parece estar surpresa.
"Você não achou?" Sarocha pergunta.
"Não, não!" Rebecca diz de imediato, levando alguns segundos para perceber que sua resposta não disse exatamente o que ela queria. "Quer dizer... não é que eu não gostei. Eu só não sabia que você tinha gostado... entendeu?"
"Sim. Eu entendi." Sarocha ri do nervosismo de Rebecca.
Rebecca sorri em meio ao seu suspiro, aliviada por saber que conseguiu explicar o que pretendia.
"Quer dizer... meio que foi o meu primeiro beijo." Sarocha sente o embaraço corando suas bochechas. "Então, se você achou horrível, pode me falar. Eu não vou ficar ofendida."
Rebecca não pode deixar de rir. Sarocha disse tudo de um jeito tão sério, e seu tom de voz mostrou uma genuína preocupação. Ela acha a cena fofa. "Eu nem notei que foi o seu primeiro." Rebecca assegura. "Mas você sabe que aquilo não foi um beijo de verdade, não sabe?"
"Não?" Sarocha é pega de surpresa. "Como é um beijo... de verdade?"
Rebecca dá um rápido passo para frente, se afastando e rindo do pequeno susto de Sarocha. Rebecca não pode beijá-la aqui, no meio da rua, bem na frente da casa dos pais dela.
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Aquilo que se encontra quando não se está procurando.
RomanceRebecca sente que está ficando louca desde que os pensamentos começaram a consumi-la. Não gostou de perder sono, mas amou imaginar a mão de Sarocha junto da sua, e seus braços sendo capazes de envolver o corpo que é maior do que o seu. Enquanto imag...