Aquilo que se encontra quando não se está procurando.

Quando uma adolescente percebe que o silêncio esconde grandes segredos.

Assim que abre os olhos, Sarocha fica totalmente absorta, olhando para a parede por longos segundos e depois piscando várias vezes. Ela estica os braços para espreguiçar o corpo e, quando olha para o lado, não encontra Rebecca ali. Coçando os olhos, ela se senta na cama e boceja intensamente, puxando a coberta com as mãos quando sente a temperatura fria do inverno atingir seu corpo.

Enquanto se coloca de pé para se agasalhar, Sarocha passa os olhos pelo quarto, que está escurecido como sempre devido à cortina fechada. Ela ri e balança a cabeça negativamente quando vê um papel colado em uma de suas prateleiras. Rebecca escreveu 'não toque, apenas olhe' e desenhou uma garota lendo um livro logo abaixo.

Após deixar o banheiro, Sarocha preguiçosamente arrasta os pés até o andar de baixo, franzindo as sobrancelhas quando escuta barulhos vindos da cozinha. Ela cautelosamente se aproxima do balcão e observa Rebecca balbuciar algumas coisas logo na frente do fogão. Dando mais alguns passos, Sarocha abraça a cintura de sua namorada por trás, rindo silenciosamente quando ela leva um susto. "Eu acho que você precisa ligar o fogo antes."

"Eu sei," Rebecca diz. "Eu só... estou pensando."

"Eu sinceramente esperava te encontrar na sala, e não na cozinha." Sarocha deita o rosto nas costas de Rebecca e inala profundamente.

"Eu queria fazer o café da manhã." Rebecca explica.

"Mas você não sabe o que fazer." Sarocha livra a cintura de Rebecca para levar ambas as mãos até o bolso do moletom que vestiu.

"Exatamente." Rebecca murmura. Ela acha que Sarocha se afastou, mas percebe que não quando sente os dedos dela jogando toda a extensão do seu cabelo para frente e depois beijando a sua nuca brevemente. Rebecca fecha os olhos ao sentir um arrepio percorrer seu corpo, seguido de um segundo, mas desta vez, causado por algo gelado tocando sua pele.

Rebecca olha para baixo e vê um pingente prateado balançando por cima do tecido da blusa. Ela rapidamente leva seus dedos até ele e, quando as mãos de Sarocha se afastam, ela se vira de frente, percebendo que sua namorada também usa um colar.

"A dona da loja disse que costuma ser comprado como símbolo de amizade, então não tem problema se alguém perceber." Sarocha explica, levando os dedos até o pingente de Rebecca, que tem o formato da metade de um coração e a letra S no centro. "Você gostou?"

Rebecca abre um sorriso e assente com a cabeça. Ela passa o dedão pelo R escrito no pingente de Sarocha e se aproxima lentamente, roçando o nariz pela bochecha dela antes de beijá-la gentilmente. "Obrigada." Ela pressiona os lábios contra a testa de Sarocha.

"Como você se sente?" Rebecca pergunta, agora pressionando sua testa contra a de sua namorada.

"Bem." Sarocha beija Rebecca mais uma vez e abraça a cintura dela. Ela percebe que a sensação de tocar sua namorada está diferente desde a noite passada. O simples toque das mãos de Rebecca em seu pescoço lhe dá grande prazer.

Sarocha pressiona o nariz contra o ombro de Rebecca e respira fundo, fitando a rua através do vidro da janela que está atrás de sua namorada. Ela franze as sobrancelhas quando enxerga folhas e galhos caídos por toda a rua e as calçadas molhadas. "A chuva causou um estrago ontem e nós nem percebemos."

"É verdade..." Rebecca vira um pouco o corpo para fitar a rua. "Nós estávamos... distraídas." Ela ri do adjetivo que escolhe.

A risada de Sarocha sai abafada contra o ombro de Rebecca. Ela fecha os olhos e se concentra na sensação dos dedos de Rebecca acariciando seu pescoço. É relaxante e, mesmo que tenha acabado de acordar, Sarocha começa a ficar sonolenta. Ela precisa de café. De um jeito não muito prático, ela continua abraçando Rebecca com apenas um dos braços enquanto o outro se estica para sua mão pegar duas xícaras e despejar café fresco dentro. Rebecca não pode deixar de rir ao ver que Sarocha faz de tudo para continuar lhe abraçando.