Nota inicial:
Prontos para uma maratona de capitulos? Aproveitem bastante, leiam respeitando seus proprios sentimentos.
TW: Alguns assuntos sensiveis sobre entorpecentes, saúde mental e sexualidade.
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Deixando sua lapiseira bater repetidamente em cima do caderno, ato que, pelos olhares raivosos de Tara, é extremamente irritante, Rebecca olha para um ponto fixo no quadro negro da sala e repassa toda a conversa que teve com Nam no dia anterior. Do outro lado da sala, Sarocha se mexe em sua cadeira, desconfortável, querendo se levantar e jogar a lapiseira de sua namorada pela janela.
Sarocha não consegue acreditar que a única pessoa da sala que sabe exatamente como esses pequenos e repetitivos sons lhe irritam é justamente a que está reproduzindo-os. Ela se afunda na cadeira e respira fundo, estreitando os olhos enquanto os mantém na professora, mas o foco no barulho insuportável que sua namorada faz.
Quando o sinal toca, Sarocha rapidamente se coloca de pé e deixa a sala, assustando até mesmo a professora, que está acostumada a ver uma Sarocha tranquila. Rebecca apenas segue com os olhos os passos rápidos e afobados de sua namorada, logo depois olhando para Tara, que também não entendeu a saída brusca.
"Vamos?" Tara diz enquanto se coloca de pé.
"Hum... você pode ir," Rebecca diz enquanto fecha seu caderno e livro. "Eu preciso falar com a Prof.ª. Kim." Ela assiste sua melhor amiga deixar a sala para apenas depois se levantar.
Rebecca olha para trás, escutando alguns alunos saírem junto com a professora, perguntando sobre notas e outras coisas. Ela cruza os braços e hesita ao caminhar para o fim da sala, onde Nat está de costas, fuçando dentro da mochila que está pendurada na cadeira. O garoto fecha a mochila assim que termina de guardar tudo, e quando se vira para a frente, arqueja e coloca a mão no peito, assustado.
"Caramba..." Nat abaixa a cabeça e ri de um jeito envergonhado, a mão ainda no peito.
Rebecca descruza os braços e puxa a cadeira da carteira que fica logo na frente de Nat, que costuma ser ocupada por Heidi, e se senta. Ela abaixa a cabeça e fita as mãos que estão entrelaçadas em cima de suas pernas, se lembrando de como uma delas desferiu um tapa em Nat. "Eu quero me desculpar por ter te dado um tapa, e também por ter te chamado de covarde." Rebecca usa o silêncio para poder subir um pouco o seu campo de visão, e contorce o rosto ao ver marcas nos braços de Nat. Ele começou a injetar drogas diretamente na corrente sanguínea.
Nat é pego de surpresa com o que ouve. Quando viu Rebecca bem na sua frente, logo começou a se preparar para uma chuva de ofensas. "Eu mereci o tapa pelo que eu disse." Ele fala.
"Ninguém merece levar um tapa apenas por dizer algo no calor do momento." Rebecca insiste em dizer que errou. "Eu também disse coisas no calor do momento... e você não... você sabe, enfiou a mão na minha cara." Ela precisa abaixar ainda mais a cabeça por causa da vergonha que sente.
"Eu nunca faria isso." Nat toma coragem para olhar para Rebecca, que ainda está de cabeça baixa.
"Eu também nunca... imaginei que faria isso." Rebecca diz com sinceridade.
"Acontece..." Nat dá de ombros, e fica encarando Rebecca até ela finalmente levantar a cabeça. É quando ele rapidamente desvia os olhos para a janela.
"Eu sinto muito pelo seu pai." Rebecca assiste o rosto de Nat se contorcer em desentendimento, e os olhos ainda fitando a janela. Ela já sabe qual vai ser a pergunta dele, então decide adiantar a resposta. "Nam me contou."
"Oh..." Nat assente algumas vezes e permanece olhando pela janela. "Obrigado." Ele engole em seco.
"Você está conseguindo lidar com o que aconteceu?" A pergunta de Rebecca é seguida por um longo silêncio, mas ela é paciente, pois sabe que está entrando em um assunto delicado. Ela observa Nat respirar fundo e solta o ar bem devagar, controlando um provável indício de choro.
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Aquilo que se encontra quando não se está procurando.
RomanceRebecca sente que está ficando louca desde que os pensamentos começaram a consumi-la. Não gostou de perder sono, mas amou imaginar a mão de Sarocha junto da sua, e seus braços sendo capazes de envolver o corpo que é maior do que o seu. Enquanto imag...